segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Abandono e prejuízos

Segundo notícia divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, as obras de transposição das águas do Rio São Francisco estão abandonadas há cerca de um ano, cujos alojamentos foram depredados e saqueados no meio da caatinga, mais precisamente na região próxima ao município de Floresta (PE), ao lado de um canal tomado pelo mato e corroído pela erosão, formando um cenário de absoluto desprezo e desolamento em vários trechos já executados. O projeto federal orçado no montante de R$ 6,8 bilhões, com previsão de serem construídos dois canais destinados à transposição, até 2025, de água do Rio São Francisco para 12 milhões de pessoas de 390 municípios do Agreste e sertão dos Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Somente o Exército ainda continua trabalhando no local, mas os consórcios privados abandonaram as obras, sob o argumento da necessidade da revisão dos respectivos contratos. As empresas retiraram suas máquinas e demitiram milhares de trabalhadores, que foram obrigados a retornar às lavouras. Nas frentes de trabalho, os galpões foram completamente saqueados, restando apenas a sua estrutura física. A paralisação das obras, além dos danos decorrentes da subtração do material, contribuiu para acabar com o movimento intenso nas agrovilas e causar enorme prejuízo aos comerciantes. Não há a menor dúvida de que o descaso constatado com a paralisação de um empreendimento tão importante para os nordestinos é mais uma demonstração do vergonhoso e incompetente gerenciamento dos recursos públicos por esse governo, que deixou de honrar os compromissos solenemente feitos em praças públicas pelo seu antecessor, que, aproveitando-se da fase pré-eleitoral, fez lançamento da sua candidata à Presidência da República, ao anunciar, na melhor forma do marketing e da propaganda petistas, um projeto inicialmente considerado a salvação e a redenção dos sertanejos, com relação ao abastecimento do precioso líquido, tão escasso no sertão. Até agora, o pouco que foi feito de obras somente serve para mostrar o tamanho da irresponsabilidade das autoridades envolvidas com o projeto, que permitiram a paralisação das obras, a desmontagem das estruturas de apoio e o saqueio dos materiais estocados nos galpões. É evidente que alguém tem que ser responsabilizado pelos prejuízos causados ao erário, tanto com relação às obras depredadas como pelos materiais saqueados. Não há dúvida de que é notória a enorme insatisfação dos nordestinos com esse estado deplorável de coisas, principalmente com a traição por parte de quem mereceu maciça votação, em atenção às promessas para a execução de projeto de suma relevância para a melhoria das condições de vida dos sertanejos. Também causa espécie a falta de iniciativa por parte do governo para apurar as responsabilidades pelo ocorrido e para a adoção de providências com vistas à retomada das obras. A sociedade, principalmente nordestina, tem a obrigação de se insurgir contra esse verdadeiro descaso à sua dignidade, decorrente da paralisação das obras e do abandono da sua execução, quanto à importante transposição das águas do Rio São Francisco, e da demonstração de que o governo federal permanece inerte ante os prejuízos causados ao erário e à consciência cívica dos sertanejos, em razão das promessas feitas em clima pré-eleitoral, que foram dignas de créditos por eles. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de janeiro de 2012

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