Segundo notícia divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, as obras de transposição das águas do Rio São Francisco estão abandonadas há cerca de um ano, cujos alojamentos foram depredados e saqueados no meio da caatinga, mais precisamente na região próxima ao município de Floresta (PE), ao lado de um canal tomado pelo mato e corroído pela erosão, formando um cenário de absoluto desprezo e desolamento em vários trechos já executados. O projeto federal orçado no montante de R$ 6,8 bilhões, com previsão de serem construídos dois canais destinados à transposição, até 2025, de água do Rio São Francisco para 12 milhões de pessoas de 390 municípios do Agreste e sertão dos Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Somente o Exército ainda continua trabalhando no local, mas os consórcios privados abandonaram as obras, sob o argumento da necessidade da revisão dos respectivos contratos. As empresas retiraram suas máquinas e demitiram milhares de trabalhadores, que foram obrigados a retornar às lavouras. Nas frentes de trabalho, os galpões foram completamente saqueados, restando apenas a sua estrutura física. A paralisação das obras, além dos danos decorrentes da subtração do material, contribuiu para acabar com o movimento intenso nas agrovilas e causar enorme prejuízo aos comerciantes. Não há a menor dúvida de que o descaso constatado com a paralisação de um empreendimento tão importante para os nordestinos é mais uma demonstração do vergonhoso e incompetente gerenciamento dos recursos públicos por esse governo, que deixou de honrar os compromissos solenemente feitos em praças públicas pelo seu antecessor, que, aproveitando-se da fase pré-eleitoral, fez lançamento da sua candidata à Presidência da República, ao anunciar, na melhor forma do marketing e da propaganda petistas, um projeto inicialmente considerado a salvação e a redenção dos sertanejos, com relação ao abastecimento do precioso líquido, tão escasso no sertão. Até agora, o pouco que foi feito de obras somente serve para mostrar o tamanho da irresponsabilidade das autoridades envolvidas com o projeto, que permitiram a paralisação das obras, a desmontagem das estruturas de apoio e o saqueio dos materiais estocados nos galpões. É evidente que alguém tem que ser responsabilizado pelos prejuízos causados ao erário, tanto com relação às obras depredadas como pelos materiais saqueados. Não há dúvida de que é notória a enorme insatisfação dos nordestinos com esse estado deplorável de coisas, principalmente com a traição por parte de quem mereceu maciça votação, em atenção às promessas para a execução de projeto de suma relevância para a melhoria das condições de vida dos sertanejos. Também causa espécie a falta de iniciativa por parte do governo para apurar as responsabilidades pelo ocorrido e para a adoção de providências com vistas à retomada das obras. A sociedade, principalmente nordestina, tem a obrigação de se insurgir contra esse verdadeiro descaso à sua dignidade, decorrente da paralisação das obras e do abandono da sua execução, quanto à importante transposição das águas do Rio São Francisco, e da demonstração de que o governo federal permanece inerte ante os prejuízos causados ao erário e à consciência cívica dos sertanejos, em razão das promessas feitas em clima pré-eleitoral, que foram dignas de créditos por eles. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de janeiro de 2012
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