Por
ocasião de palestra proferida para advogados, o petista ex-ministro da Justiça protestou
contra a censura que teria sofrido por ter defendido um contraventor goiano do
jogo do bicho. Ele disse que até um amigo e professor de Direito, o reprovou
por e-mail. Em tom de desabafo, ele declarou "Vivo essa quadra da minha vida como se fosse uma espécie de Joana D’Arc
do direito de defesa. Fui questionado, incompreendido, eu, que tenho biografia
notória, fui ministro da Justiça e presidente da Ordem dos Advogados do Brasil.
Senti na pele e na carne como é importante o direito de defesa. Criou-se certa
indignação, como se alguns acusados não merecessem a defesa. Levar esse
raciocínio no limite é a estrada aberta para o Estado de ditadura. Nem na
ditadura militar talvez tenhamos tido tamanha escalada contra o direito de
defesa.". Esse cidadão tem todo direito de espernear e entender que
teria sido criticado injustamente, por entender que o criminoso também tem
direito de defesa, princípio esse que não foi negada nem na ditadura militar.
Aliás, essa sua tese encontra respaldo e apoio por até quem não entende de
Direito, porque, se necessário, a ninguém pode ser negado o direito de contar
com a representação de advogado para se defender em juízo. Quanto a isso, não
pode residir qualquer dúvida, assistindo razão ao nobre causídico, mas o que se
deveria ser colocada em discussão sobre o rumoroso caso é a sua participação na
defesa de um dos maiores contraventores do país, que teria certamente enriquecido
mediante procedimentos fraudulentos e delituosos, em contrariedade aos
princípios da legalidade. A recriminação no caso consiste exatamente em razão
de os honorários advocatícios, anunciados pela mídia na bagatela de R$ 15
milhões, serem oriundos da fortuna amealhada de forma ilícita e prejudicial aos
interesses da sociedade. Esse famoso advogado certamente seria aplaudido se tivesse
se apresentado para defender o pobrezinho, inocente e coitadinho contraventor
do jogo do bicho, de forma voluntária e sem exigir pagamento de qualquer
espécie, em se tratando que o pouco dinheiro daquele “empresário” quase nem dá para
o pagamento de algumas propinas indispensáveis ao desempenho do seu progressista
ramo de negócio. Com isso, a sua capacidade e experiência de ex-ministro e
ex-presidente da OAB seriam de grande valia para livrar das grades esse grande
benemérito das atividades ilícitas brasileiras. É pena que o próprio advogado
tenha abdicado de defender esse ilustre bicheiro, deixando de abiscoitar alguns
trocados, tão somente por culpa de "injustas" críticas advindas de pessoas
honradas. A sociedade espera que os homens deste país, não importando a sua
preparação profissional, tenham a dignidade de reconhecer a legitimidade ou não
dos seus atos, como forma de contribuir para a formação moral do povo
brasileiro. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 27 de agosto de 2012
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