Para quem acreditava
que o mensalão sequer existiu, agora pode ter se surpreendido com as gratas e
importantes argumentações do procurador-geral da República, que, com bastante
competência e lucidez, mostrou de forma pedagógica e minudente as reais
peripécias corruptivas desse escândalo que manchou a honra e a dignidade do
povo brasileiro, por ter sido, segundo o procurador-geral, “O mais atrevido e escandaloso caso de
corrupção, de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil. Maculou gravemente
a República. Foi um sistema de enorme movimentação financeira com objetivo de
comprar votos de parlamentares nas matérias importantes para os líderes
criminosos”. Parece que, agora, não há mais dúvida, diante das provas
capazes de formar pleno convencimento sobre a existência do esquema de
cooptação de apoio político descrito na denúncia, constituindo graves crimes
cometidos contra o patrimônio da nação, em proveito de um governo inescrupuloso
e desonesto, que, no primeiro momento, reconheceu o peso do escândalo e insinuou
que o Partido dos Trabalhadores, gênese da corrupção, teria obrigação de pedir
desculpas à nação. Entretanto, de forma covarde e mesquinha, não somente
inexistiram as justificativas sobre as vergonhosas falcatruas com dinheiros públicos,
engendradas e manipuladas dentro do palácio presidencial, como ninguém foi
punido pelo partido pelas práticas abomináveis e delituosas. Ao contrário, com
a finalidade de menosprezar a inteligência do povo brasileiro, os líderes da
quadrilha passaram a receber homenagens em solenidades públicas, como forma de
torná-los verdadeiros heróis e mascarar seus atos delituosos. O pior é que essa
pérfida campanha liderada pelo “todo-poderoso” conseguiu convencer seus
seguidores e as pessoas desprovidas de informações sobre o esquema de
arrecadação de recursos usados para pagar parlamentares pela aprovação, no
Congresso Nacional, de matérias de interesse do governo de então, cujo
mandatário se apresentava à sociedade com urbanidade e humildade, passando-se
como verdadeiro pai da pobreza e Samaritano que matou a fome dos irmãozinhos
carentes, enquanto nos bastidores do poder eram tramadas e executadas as piores
traições à sociedade, mediante o famigerado mensalão, ou seja, a falsa
urbanidade servia de máscara para dissimular a prática de ações sórdidas contra
os interesses da nação. Impressiona a forma como a ignorância foi capaz de permitir
que o povo fosse iludido com facilidade com conversas enganosas, falsas e
mentirosas e ainda que o seu mentor conseguisse ser elevado à condição de herói
nacional. Ainda bem que a contundência da retrospectiva bastante detalhada do
escândalo apareceu em excelente momento, para mostrar ao país, em especial às
pessoas de boa índole, a verdade dos fatos, que tem o poder de contradizer as
poucas-vergonhas defendidas por pessoa indigna, que se mantém com prestígio em
alta enganando e destorcendo a realidade dos acontecimentos, com o único
propósito de tirar proveito da situação. Não há a menor dúvida de que a assertiva do
procurador-geral da República, segundo a qual “o mensalão foi o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção no
Brasil”, vai ficar gravada na história do direito brasileiro como fato
triste e lamentável, que teve origem no âmago do poder que tinha o dever
constitucional de zelar e defender a honra e dignidade do povo brasileiro, mas,
diferente disso, foi capaz de manchar, de forma indelével, o símbolo e o
respeito da mais alta autoridade do país, por ser instituição da nacionalidade
que tem como princípio intrínseco servir de paradigma para a sociedade, modelo este
que não pode submeter-se, em momento algum, a questionamentos, sob pela de
perderem-se os sentimentos de dignidade e credibilidade e ferirem-se os
princípios democráticos, que são sustentáculos da garantia de governo de
caráter íntegro. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de agosto de 2012
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