quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O contraste socioeconômico

Conforme avaliação realizada sobre as cidades latino-americanas pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), o Brasil figura no quarto lugar em desigualdade social entre os países da América Latina, considerada a distribuição de renda, ficando logo após de Guatemala, Honduras e Colômbia. Esse fato contrasta com o apregoado crescimento econômico, que o levou a superar o Reino Unido e se posicionar no sexto maior Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, mas ainda é um país de notórias desigualdades. Apesar disso, o Brasil comemora o avanço no combate às desigualdades nas últimas décadas, por ter conseguido, segundo o estudo, sair do 1º colocado, em 1990, do ranking das nações com pior distribuição de renda para a posição atual. De acordo com o levantamento, o índice de urbanização brasileira foi o maior da América Latina, entre 1970 e 2010, cuja população vive nas cidades, atingindo 86,53% do total. Esse rápido crescimento contribui para o subdesenvolvimento das regiões urbanas, por afetarem, de forma negativa, a infraestrutura, a moradia, os transportes, a poluição, a segurança pública etc. No Brasil, 20% da população se encontram em situação de pobreza ou indigência, superando vários países da América Latina. Em termos de saneamento básico, o Brasil é apenas a 19ª nação da América Latina, embora mais de 85% da população urbana contam com saneamento em casa. O Brasil é o 14ª país da América Latina com mais gente morando em favelas e 28% da sua população moram em comunidades com infraestrutura precária, a grande maioria em situação informal. Os fatos em exame são claros e o órgão da ONU teve a dignidade de mostrar, com dados estatísticos confiáveis, as reais mazelas existentes no país, para as quais as autoridades públicas fecham os olhos, não esboçando medidas saneadoras das questões recorrentes. Na verdade, a revelação sobre a miserabilidade brasileira não chega a ser novidade, em que pese o país constar da constelação da economia mundial em destacado sexto lugar, mas, por que tanta miséria? Não basta ser um país maravilhoso. Convém que o governo tenha capacidade para enxergar as deficiências sociais e vontade administrativa para priorizar políticas públicas voltadas para a sua erradicação. Ao que tudo indica, a política econômica brasileira, de forma pontual, tem sido conduzida com alguma tranquilidade, em especial no que se refere à sanha da máquina arrecadadora de tributos, que consegue sucessivos superávits, contrastando com os visíveis desprezo e incompetência quanto às deficiências de infraestrutura e demais questões que afetam diretamente as condições de vida da sociedade. Não há dúvida de que a causa dessa distorção provém do gerenciamento dos negócios da nação, justamente pela falta de iniciativas apropriadas e de reformas estruturais, que impedem o justo e indispensável desenvolvimento social dos brasileiros. Compete à sociedade se conscientizar com urgência sobre a necessidade de mudar o gerenciamento dos negócios do país, de modo que administração competente possa adotar as providências emergenciais e saneadoras que o povo reclama e precisa para viver com a dignidade compatível com a nação de sexta economia mundial, sem desigualdade de qualquer natureza. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 22 de agosto de 2012

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