Conforme avaliação realizada
sobre as cidades latino-americanas pelo Programa das Nações Unidas para os
Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), o Brasil figura no quarto lugar em
desigualdade social entre os países da América Latina, considerada a
distribuição de renda, ficando logo após de Guatemala, Honduras e Colômbia.
Esse fato contrasta com o apregoado crescimento econômico, que o levou a superar
o Reino Unido e se posicionar no sexto maior Produto Interno Bruto (PIB) do
planeta, mas ainda é um país de notórias desigualdades. Apesar disso, o Brasil
comemora o avanço no combate às desigualdades nas últimas décadas, por ter
conseguido, segundo o estudo, sair do 1º colocado, em 1990, do ranking das
nações com pior distribuição de renda para a posição atual. De acordo com o
levantamento, o índice de urbanização brasileira foi o maior da América Latina,
entre 1970 e 2010, cuja população vive nas cidades, atingindo 86,53% do total.
Esse rápido crescimento contribui para o subdesenvolvimento das regiões urbanas,
por afetarem, de forma negativa, a infraestrutura, a moradia, os transportes, a
poluição, a segurança pública etc. No Brasil, 20% da população se encontram em
situação de pobreza ou indigência, superando vários países da América Latina.
Em termos de saneamento básico, o Brasil é apenas a 19ª nação da América
Latina, embora mais de 85% da população urbana contam com saneamento em casa. O
Brasil é o 14ª país da América Latina com mais gente morando em favelas e 28%
da sua população moram em comunidades com infraestrutura precária, a grande
maioria em situação informal. Os fatos em exame são claros e o órgão da ONU
teve a dignidade de mostrar, com dados estatísticos confiáveis, as reais
mazelas existentes no país, para as quais as autoridades públicas fecham os
olhos, não esboçando medidas saneadoras das questões recorrentes. Na verdade, a
revelação sobre a miserabilidade brasileira não chega a ser novidade, em que
pese o país constar da constelação da economia mundial em destacado sexto
lugar, mas, por que tanta miséria? Não basta ser um país maravilhoso. Convém
que o governo tenha capacidade para enxergar as deficiências sociais e vontade administrativa
para priorizar políticas públicas voltadas para a sua erradicação. Ao que tudo
indica, a política econômica brasileira, de forma pontual, tem sido conduzida
com alguma tranquilidade, em especial no que se refere à sanha da máquina
arrecadadora de tributos, que consegue sucessivos superávits, contrastando com
os visíveis desprezo e incompetência quanto às deficiências de infraestrutura e
demais questões que afetam diretamente as condições de vida da sociedade. Não
há dúvida de que a causa dessa distorção provém do gerenciamento dos negócios
da nação, justamente pela falta de iniciativas apropriadas e de reformas
estruturais, que impedem o justo e indispensável desenvolvimento social dos
brasileiros. Compete à sociedade se conscientizar com urgência sobre a
necessidade de mudar o gerenciamento dos negócios do país, de modo que administração
competente possa adotar as providências emergenciais e saneadoras que o povo reclama
e precisa para viver com a dignidade compatível com a nação de sexta economia
mundial, sem desigualdade de qualquer natureza. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de agosto de 2012
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