quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Descaso olímpico

A presidente da República visitou Londres, em viagem de turismo, com numerosa comitiva de autoridades, custeada pelos bestas dos contribuintes, para assistirem a cerimônia de abertura da Olimpíada. Na ocasião, essa comitiva participou não só da festa programada, mas dos coquetéis e das recepções reais, tudo fazendo parte dos festejos, mas sem qualquer benefício para o interesse do país. Os famosos comensais não esperaram para presenciar o grandioso fiasco que os brasileiros estão protagonizando na Vila Olímpica, onde os patrícios estão vendo as vitórias dos concorrentes bem preparados. O certo é que o governo não tem política nem prioridade para o desporto nacional, deixando que agremiações desportivas invistam na preparação dos atletas, para participarem dos jogos olímpicos. Se não houver urgente conscientização do governo sobre a qualificação de atletas e estruturação pertinentes, mediante cumprimento de metas e planejamentos apropriados, o país jamais será potência esportiva, em compatibilização à sua grandeza territorial. Caso contrário, a Olimpíada do Rio poderá ser objeto de gozação e de vergonhoso vexame, como ocorreu com a Grécia, que, como país sede da Olimpíada de 2004, sequer conseguiu figurar, no quadro de medalhas, entre os 10 primeiros países. Não obstante, deverão ser liberadas verbas bilionárias para a construção da Vila Olímpica e das instalações para o evento, mas inexiste previsão de gastos para a formação de superatletas, destoando da Grã-Bretanha, que investiu também na preparação dos atletas e, com mérito, está colhendo os louros, com a ostentação do imponente terceiro lugar no quadro das medalhas. Em termos esportivos, não deixa de ser desolador haver abundantes gastos com a infraestrutura da Olimpíada, sem que o país se organize quanto ao preparo dos seus atletas, em prevenção ao vexame protagonizado pelos brasileiros em Londres, que devem trazer algumas medalhas, porém longe de mostrar a capacidade de quem vai sediar a próxima Olimpíada. Como forma de reestruturação do esporte, para torná-lo competitivo, basta o país mirar no inadmissível descaso quanto ao futebol feminino, sempre abandonado pelos cartolas da CBF, mas nas Olimpíadas ele é reunido às pressas, com atletas despreparadas e o resultado é um tremendo fiasco, com a sua precoce desclassificação. O Brasil, com 200 milhões de habitantes, não consegue alcançar resultados condizentes com a sua dimensão territorial, em virtude da plena incompetência de gerenciamento do desporto, que é entregue a dirigentes perpétuos nos mandos das federações e confederações esportivas, cuja mentalidade não consegue suplantar os métodos retrógrados e improdutivos. É evidente que faltam estruturas e investimentos públicos para a educação e os esportes e isso reflete na exacerbada corrupção, nos altos índices de violência e noutros malefícios sociais. Urge que o espírito olímpico renove, de forma radical, a mentalidade dos governantes e responsáveis pela organização dos jogos olímpicos de 2016, no sentido de que sejam aprovadas políticas necessárias à preparação e ao treinamento dos atletas, de modo que a representação do país seja feita com competência, eficácia e eficiência, evitando os pífios resultados até agora obtidos nesses jogos. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 08 de agosto de 2012

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