sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Por urgente moralização


Por determinação da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Paraíba, a metade dos 36 parlamentares que faltaram à sessão do último dia (22) teve seus pontos cortados. A decisão decorre depois da quebra de acordo firmado entre o presidente daquela Casa e o colegiado de líderes que aprovou o cronograma de trabalho para este semestre, no sentido da realização de esforço concentrado para a votação de matérias às quartas-feiras, independentemente do engajamento dos parlamentares na campanha eleitoral, que não deveria interferir nos trabalhos legislativos. Essa medida pode ser considerada surpreendente e sinaliza até para ineditismo brasileiro, tendo em conta a falta de seriedade com que os parlamentares enfrentam as atividades legislativas, não tendo a mínima preocupação quanto à necessidade do cumprimento das suas obrigações na aprovação de matérias em benefício dos seus representados. Não é possível se imaginar que é digna de louvor a providência em apreço, resultando no corte do ponto dos parlamentares faltosos, porque isso apenas se insere na competência daquela Mesa Diretora, na forma prevista na Lei Orgânica e no Regimento Interno da citada Assembleia, com respaldo na Constituição do Estado, de dirigir e coordenar, por meio do seu presidente, os trabalhos legislativos e isso implica, necessariamente, a normal obrigação do controle da frequência não só dos seus servidores, mas também dos deputados estaduais, que, na qualidade de servidores especiais eleitos pelo sufrágio universal, têm o inarredável dever de cumprir expediente com normalidade, em contraprestação aos altíssimos vencimentos e absurdos auxílios, ajudas, verbas de gabinete e outras tantas vantagens e mordomias injustificáveis, que os otários dos contribuintes são obrigados a custeá-los, não tendo o direito de mudar essa aberração e muito menos do merecimento do devido retorno pelas despesas, em termos de benefícios oriundos dos trabalhos parlamentares. Esse corte de ponto pode resultar na grande vantagem de servir como salutar exemplo disciplinar e pedagógico para os contumazes gazeteiros da aludida assembleia e principalmente para as demais casas legislativas do país, incluídos o Senado Federal, a Câmara dos Deputados e, enfim, todos os parlamentos brasileiros, como forma de justificar pelo menos um dos quesitos democráticos exigidos quanto à assiduidade laboral. A sociedade anseia por que os políticos brasileiros se conscientizem sobre a real necessidade do cumprimento, com seriedade e responsabilidade, das suas obrigações funcionais, em especial quanto ao exercício dos seus mandatos, que não deveria distanciar da dignidade e fidelidade aos compromissos empenhados na campanha eleitoral. Acorda, Brasil!

                                                           
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
Brasília, em 23 de agosto de 2012

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