sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Provas da improbidade

A atuação do ex-chefe da Casa Civil do governo anterior, exposta em documentos oficiais do Palácio do Planalto, confirma a denúncia do procurador-geral da República de que o mensalão era operado no coração do governo, segundo líderes de partidos de oposição na Câmara e no Senado. As correspondências confidenciais, bilhetes manuscritos e ofícios cedidos ao jornal O Estadão, com base na Lei de Acesso à Informação, revelam evidente troca de favores entre governo e aliados, negociações de cargos na administração pública por indicações políticas e ações que mostram o poder do então ministro, em contraste à sua defesa no processo do Supremo Tribunal Federal de que ele não tratava de assuntos partidários. Somente no primeiro ano de governo, foram mais de cem ofícios tratando da ocupação de cargos públicos por partidos aliados, indicações de bancadas, nomeações e currículos para os mais variados cargos federais. A troca de favores entre o Planalto e os partidos aliados era normal e comum, tendo por objetivos assegurar apoio à base de sustentação do governo. Alguns líderes afirmaram que aquelas revelações comprovam a acusação do delator do mensalão de que o ex-presidente da República tinha conhecimento de todas as iniciativas do ministro e que este era o operador do maior escândalo da história política brasileira, ou seja, quem comandava era o presidente, mas o ministro operacionalizava o que já tinha sido acertado previamente. Nessa história carregada de sujeira e nebulosidades, não existiu um inocente sequer, porque todos tinham interesse nas operações irregulares. O operador do processo era o ministro, que agia sob o aval do seu comandante, o principal beneficiário das negociatas, conforme revelam os fatos confirmando o esquema montado com o objetivo de tomar o poder e de se perpetuar nele a qualquer preço, quer por troca de cargos, por dinheiro, por mensalão ou por outros meios e aparatos que não condizem com os princípios éticos e morais. O mensalão funcionava tranquilamente não só no coração, mas também no cérebro do poder, sem cerimônia e com toda maestria de grandes estrategistas no ramo das negociatas e do fisiologismo político. A consolidação das relações entre o governo e os aliados se fazia à base de facilitações envolvendo os cofres públicos e a administração pública, cujos órgãos foram loteados entre os partidos da coalizão, de onde se originaram a “plêiade” de corruptos e de aproveitadores do dinheiro dos contribuintes, segundo mostram os escândalos eclodidos de forma sucessiva. Convém que a sociedade se conscientize agora, à luz também e principalmente das robustas provas da corrupção mostradas pelo Supremo Tribunal Federal, de que mentiras e leviandades foram instrumento mesquinho, porém poderoso, utilizado pelo governo, para acobertar e justificar improbidades, negociatas com cargos e recursos públicos, falcatruas e práticas indecorosas, contrárias aos princípios republicanos e democráticos. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
                           
Brasília, em 30 de agosto de 2012

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