A imprensa e a opinião pública consideram
extremamente lamentável o desempenho dos atletas brasileiros em Londres, não
concordando em absoluto com as culpas ou desculpas, muitas das vezes,
esfarrapadas atribuídas ao insucesso, tais como: ao vento, à areia, ao frio, ao
calor etc., como se os atletas de outros países não enfrentassem problemas
semelhantes e não conseguissem superá-los. Há ainda enorme desconfiança de que
os "ídolos nacionais" são criações virtuais, imaginadas por empresas
de marketing, para atender interesses meramente comerciais, ficando distantes da
seriedade dos atletas de outros países, que são preparados com o propósito de
competir com qualidade e eficiência, objetivando a conquista de medalhas, em
conformidade com os planos apenas esportivos. No exterior, não é comum que os
atletas ganhadores de medalhas de ouro fiquem expostos tanto quanto aos
brasileiros, que, tão logo ganham medalhas, posam de garotos-propaganda. Na
realidade, a culpa pelo fracasso dos
nossos atletas pode ser atribuída à notória falta de infraestrutura, causada
pela incompetência governamental, que não tem política eficiente para o esporte
nem para a educação, como meio suficiente e adequado para fomentar a formação
de atletas, nas modalidades e atividades esportivas. Os fatos deploráveis
mostrados nas competições londrinas dão muito bem a dimensão da necessidade de
o país decidir com urgência sobre os investimentos para a preparação e o
treinamento de atletas. À vista do panorama atual, há necessidade de verdadeira
revolução na estrutura do esporte, tendo por meta básica a construção de
quadras esportivas, ginásios poliesportivos, estádios, piscinas etc., além do estimulo
ao talento e à sua formação, com o oferecimento de incentivo e condições
eficientes para a criação de superatletas, capazes não somente de competição em
igualdade de condições, mas de conquistar medalhas. Se não houver urgente
conscientização do governo e das autoridades públicas sobre a lastimável
condição do esporte nacional, o país corre o risco de continuar sendo
ridicularizado, em razão dos pífios resultados olímpicos, por sediar os
próximos jogos. Também é lamentável que o país figure, no quadro de medalhas, logo
abaixo de Jamaica, Cuba, Cazaquistão, Irã, Correia do Norte, entre outros
países que não se destacam mundialmente como o Brasil. Há até quem garanta que
já foram repassados bilhões de reais pela União e por empresas estatais para
federações e confederações esportivas, mas os resultados da sua aplicação não
passam de vergonhosa decepção, o que denota evidente incompetência do governo, ao
liberar dinheiro praticamente a fundo perdido, sem a exigência da comprovação
da sua aplicação e dos seus resultados, podendo se inferir sobre a possibilidade
de desvio de recursos públicos, já que os atletas não foram adequadamente
treinados. Caso isso seja verdade, já passou do momento de mudar a mentalidade
tacanha e primitiva de se praticar esporte, havendo necessidade da implantação
de mecanismos eficientes, sérios e responsáveis, inclusive com exigência da
comprovação dos gastos. Urge que sejam priorizados investimentos para a
educação e o esporte, de forma responsável e eficiente, de modo que o país
possa formar atletas capazes de representá-lo em condições de igualdade
alcançadas pelos países desenvolvidos, que exigem seriedade e competência
também na preparação de atletas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de agosto de 2012
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