terça-feira, 7 de agosto de 2012

Cinismo político

A forma dissimulada das pessoas pode caracterizar injustificável apelo ao cinismo, ao descaramento e à falsa moral, empregado com a finalidade da busca de objetivos certamente inalcançáveis pelas vias da sinceridade, da honestidade e do decoro, revelando, com isso, ardis de maldade e de má fé no caminho da conquista de resultados exclusivamente pessoais, mas eles terminam tendo reflexos desastrosos para a sociedade. No Brasil contemporâneo, muitas situações concretas ilustram e servem de exemplos típicos dessa assertiva, quando destacados políticos se contradizem de forma vexatória e humilhante, em nome de justificativas vazias e apenas oportunistas, como no caso em que o ex-presidente da República, nos idos de 2000, ainda como candidato ao cargo, criticava o programa vigente à época: “Lamentavelmente, no Brasil, o voto não é ideológico. Lamentavelmente, as pessoas não votam partidariamente. E, lamentavelmente, você tem uma parte da sociedade de alto grau de empobrecimento. Ela é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça. É por isso que se distribui tanta certa básica. É por isso que se distribui tanto litro de leite, porque isso, na verdade, é uma peça de troca na época da eleição. E assim você despolitiza o processo eleitoral. Você trata o povo mais pobre da mesma forma que Cabral tratou os índios, quando chegou no Brasil, tentando distribuir bijuterias e espelhos, para ganhar os índios. Ele distribui de novo. Você tem como lógica manter a política de dominação, que é secular no Brasil.”. Mais tarde, já como candidato ao segundo mandato de presidente, o “todo-poderoso” condenou ironicamente os críticos que diziam “O bolsa família é uma esmola. O bolsa família é assistencialismo. O bolso família é demagogia. E vai por aí afora. Tem gente tão imbecil, tão ignorante, que ainda fala que o bolsa família é pra deixar as pessoas preguiçosas, porque quem recebe o bolsa família não quer mais trabalhar.”. Quando não estava no poder, o ex-presidente achava que o bolsa família servia de moeda de troca por voto, porque o povo pensava com o estômago, mas a situação se inverteu totalmente quando esse programa passa a lhe ser favorável nas urnas. Infelizmente, essas e outras contradições estão respaldando farsas eleitorais, justamente porque parcela do povo ainda pouco esclarecido aceita essa terrível submissão assistencialista, ficando a sociedade obrigada a suportar as consequências da incompetência, das mentiras, das corrupções incontroláveis, dos conchavos espúrios, das coalizões indecentes, da ineficiência gerencial e demais desgovernos, com o inevitável desmoronamento da máquina pública, principalmente com a deliberada falta de priorização de metas governamentais, visivelmente caracterizadas pela diminuição de investimentos em programas vitais para a sociedade, em especial na educação, na saúde, na segurança pública, na habitação, nos transportes, na agricultura e noutros programas não contemplados como deveriam, como forma do indispensável incremento ao progresso da nação. Urge que os homens públicos se conscientizem de que a sociedade não tolera mais a existência de políticos mentirosos, falsos, contraditórios, antiéticos, fisiologistas, enganadores e contrários aos interesses do país. Acorda, Brasil!  

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 07 de agosto de 2012

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