A
forma dissimulada das pessoas pode caracterizar injustificável apelo ao
cinismo, ao descaramento e à falsa moral, empregado com a finalidade da busca
de objetivos certamente inalcançáveis pelas vias da sinceridade, da honestidade
e do decoro, revelando, com isso, ardis de maldade e de má fé no caminho da
conquista de resultados exclusivamente pessoais, mas eles terminam tendo reflexos
desastrosos para a sociedade. No Brasil contemporâneo, muitas situações concretas
ilustram e servem de exemplos típicos dessa assertiva, quando destacados políticos
se contradizem de forma vexatória e humilhante, em nome de justificativas
vazias e apenas oportunistas, como no caso em que o ex-presidente da República,
nos idos de 2000, ainda como candidato ao cargo, criticava o programa vigente à
época: “Lamentavelmente, no Brasil, o
voto não é ideológico. Lamentavelmente, as pessoas não votam partidariamente.
E, lamentavelmente, você tem uma parte da sociedade de alto grau de
empobrecimento. Ela é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça. É por
isso que se distribui tanta certa básica. É por isso que se distribui tanto
litro de leite, porque isso, na verdade, é uma peça de troca na época da
eleição. E assim você despolitiza o processo eleitoral. Você trata o povo mais
pobre da mesma forma que Cabral tratou os índios, quando chegou no Brasil,
tentando distribuir bijuterias e espelhos, para ganhar os índios. Ele distribui
de novo. Você tem como lógica manter a política de dominação, que é secular no
Brasil.”. Mais tarde, já como candidato ao segundo mandato de presidente, o
“todo-poderoso” condenou ironicamente os críticos que diziam “O bolsa família é uma esmola. O bolsa
família é assistencialismo. O bolso família é demagogia. E vai por aí afora.
Tem gente tão imbecil, tão ignorante, que ainda fala que o bolsa família é pra
deixar as pessoas preguiçosas, porque quem recebe o bolsa família não quer mais
trabalhar.”. Quando não estava no poder, o ex-presidente achava que o bolsa
família servia de moeda de troca por voto, porque o povo pensava com o
estômago, mas a situação se inverteu totalmente quando esse programa passa a lhe
ser favorável nas urnas. Infelizmente, essas e outras contradições estão
respaldando farsas eleitorais, justamente porque parcela do povo ainda pouco
esclarecido aceita essa terrível submissão assistencialista, ficando a
sociedade obrigada a suportar as consequências da incompetência, das mentiras,
das corrupções incontroláveis, dos conchavos espúrios, das coalizões
indecentes, da ineficiência gerencial e demais desgovernos, com o inevitável
desmoronamento da máquina pública, principalmente com a deliberada falta de
priorização de metas governamentais, visivelmente caracterizadas pela
diminuição de investimentos em programas vitais para a sociedade, em especial
na educação, na saúde, na segurança pública, na habitação, nos transportes, na
agricultura e noutros programas não contemplados como deveriam, como forma do
indispensável incremento ao progresso da nação. Urge que os homens públicos se
conscientizem de que a sociedade não tolera mais a existência de políticos
mentirosos, falsos, contraditórios, antiéticos, fisiologistas, enganadores e
contrários aos interesses do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de agosto de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário