quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Turismo a Londres

A ONG Contas Abertas concluiu que a recente visita da presidente da República a Londres teve custo estimado de R$1 milhão. Além dela, à seleta comitiva participavam seis ministros, governador, presidente da Câmara Federal, senadores e deputados federais, todos bem apoiados pelos otários contribuintes brasileiros, que pagaram uma fortuna para eles participarem tão somente das cerimônias da abertura da Olimpíada na capital londrina. Numa forma costumeira de abuso com o dinheiro público, o governo dispensou as acomodações da nova embaixada e preferiu os confortáveis tratamentos do cinco estrelas The Ritz London Hotel, um dos mais badalados e caros da Europa. Enquanto isso, o escalão preparatório e de apoio da viagem consumiu R$195,3 mil em outro hotel, não contabilizados os gastos com internet, celular e aluguel de escritórios e transportes, inclusive do avião presidencial e da sua tripulação. Causa espécie se verificar que o governo e sua trupe não têm o menor escrúpulo quando se trata da gastança com futilidades, máxime porque, na realidade, trata-se de visita totalmente dispensável para os interesses do país, ficando bem claro o quanto esse governo despreza as prioridades da nação, porquanto a população padece diante da falta de políticas eficientes e de qualidade no que diz respeito à educação, à saúde, à segurança, à infraestrutura, ao saneamento básico etc., fazendo com que o povo ressinta da indispensável efetividade da presença do Estado, para solucionar prontamente suas questões primárias. A efetiva participação do Estado na vida da sociedade deve ser prática continuada, permanente, não podendo ser substituída por mero discurso político, destituído de substância. Não deixa de ser uma verdade que alguém possa considerar irrelevante o montante dos citados gastos, em relação ao monstruoso orçamento da União, porém a repetição de despesas dessa natureza, sem que haja censura da sociedade, vem fazendo falta para, por exemplo, o reajuste dos vencimentos dos servidores públicos, a melhoria das instalações hospitalares, escolares etc. Quando o país vem reclamando de carência de recursos, de retração do desenvolvimento, da falta de competitividade do seu parque industrial, dos alarmantes despreparos da mão de obra e de tantas outras deficiências estruturais, as autoridades públicas têm a obrigação primacial de dar exemplo de austeridade e de contenção de gastos públicos, inclusive submetendo os dispêndios e as mordomias dos seus palácios aos arrochos inerentes ao momento de dificuldade, para que a sociedade compreenda perfeitamente que o país ainda não se encontra nadamos em dinheiro. A nação não pode continuar sendo leviana a ponto de permitir que as autoridades públicas, ao seu talante e sem escrúpulo, esbanjem e abusem do dinheiro dos brasileiros, com viagens e outras atividades supérfluas e absolutamente dispensáveis, cabendo à sociedade repudiar essas práticas indecorosas e exigir o devido respeito à parcimônia na aplicação dos recursos públicos. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 1º de agosto de 2012

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