A ONG Contas Abertas concluiu que a recente visita
da presidente da República a Londres teve custo estimado de R$1 milhão. Além
dela, à seleta comitiva participavam seis ministros, governador, presidente da
Câmara Federal, senadores e deputados federais, todos bem apoiados pelos
otários contribuintes brasileiros, que pagaram uma fortuna para eles
participarem tão somente das cerimônias da abertura da Olimpíada na capital
londrina. Numa forma costumeira de abuso com o dinheiro público, o governo
dispensou as acomodações da nova embaixada e preferiu os confortáveis
tratamentos do cinco estrelas The Ritz London Hotel, um dos mais badalados e caros
da Europa. Enquanto isso, o escalão preparatório e de apoio da viagem consumiu
R$195,3 mil em outro hotel, não contabilizados os gastos com internet, celular
e aluguel de escritórios e transportes, inclusive do avião presidencial e da
sua tripulação. Causa espécie se verificar que o governo e sua trupe não têm o
menor escrúpulo quando se trata da gastança com futilidades, máxime porque, na
realidade, trata-se de visita totalmente dispensável para os interesses do país,
ficando bem claro o quanto esse governo despreza as prioridades da nação, porquanto
a população padece diante da falta de políticas eficientes e de qualidade no
que diz respeito à educação, à saúde, à segurança, à infraestrutura, ao saneamento
básico etc., fazendo com que o povo ressinta da indispensável efetividade da
presença do Estado, para solucionar prontamente suas questões primárias. A
efetiva participação do Estado na vida da sociedade deve ser prática
continuada, permanente, não podendo ser substituída por mero discurso político,
destituído de substância. Não deixa de ser uma verdade que alguém possa considerar
irrelevante o montante dos citados gastos, em relação ao monstruoso orçamento
da União, porém a repetição de despesas dessa natureza, sem que haja censura da
sociedade, vem fazendo falta para, por exemplo, o reajuste dos vencimentos dos
servidores públicos, a melhoria das instalações hospitalares, escolares etc.
Quando o país vem reclamando de carência de recursos, de retração do
desenvolvimento, da falta de competitividade do seu parque industrial, dos
alarmantes despreparos da mão de obra e de tantas outras deficiências
estruturais, as autoridades públicas têm a obrigação primacial de dar exemplo
de austeridade e de contenção de gastos públicos, inclusive submetendo os
dispêndios e as mordomias dos seus palácios aos arrochos inerentes ao momento
de dificuldade, para que a sociedade compreenda perfeitamente que o país ainda
não se encontra nadamos em dinheiro. A nação não pode continuar sendo leviana a
ponto de permitir que as autoridades públicas, ao seu talante e sem escrúpulo, esbanjem
e abusem do dinheiro dos brasileiros, com viagens e outras atividades supérfluas
e absolutamente dispensáveis, cabendo à sociedade repudiar essas práticas
indecorosas e exigir o devido respeito à parcimônia na aplicação dos recursos
públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de agosto de 2012
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