Em claro desafio ao
governo, a greve dos servidores federais se alastra com a adesão de várias
categorias e ameaça se tornar a paralisação mais ampla do funcionalismo desde o
começo da gestão petista. Na avaliação dos sindicatos, pelo menos 27 órgãos
federais foram diretamente afetados, entre greves, suspensão temporária de
trabalho ou operações-padrão. Não há a menor dúvida de que as paralisações
prejudicam bastante o cotidiano da sociedade, uma vez que várias estradas
ficaram congestionadas por causa da fiscalização intensa de veículos. Nos aeroportos,
foram afetados não somente os sistemas de embarque e desembarque, mas também
vários segmentos de importações, como a área da saúde, com a retenção de
remédios. A fiscalização na fronteira, na ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu
(PR), provoca lentidão no tráfego para o Paraguai. O transtorno tem sido enorme
em vários serviços públicos, causando sérios problemas para o interesse do
país. Ocorre que, no momento, o governo somente se dispôs a negociar com os funcionários
de universidades federais, que se encontram paralisados há quase três meses. No
entendimento do governo, a crise econômica mundial impede que sejam concedidos
reajustes aos servidores públicos. Induvidosamente, essa turbulência pode até
perigar a estabilidade de qualquer país, salvo o Brasil que até poucos dias o
governo se vangloriava por se achar vacinado contra a crise que não é sua. O
governo não pode ignorar os efeitos inflacionários nos vencimentos dos
servidores, que não são reajustados há anos, contrastando com o sempre elevado
custo de vida imposto pelo próprio governo, decorrente de sua política
expansionista, com a ganância tributária, os juros elevadíssimos e tantos
sobrepesos sobre os salários, restringindo continuamente o seu poder
aquisitivo. Importa notar que as autoridades palacianas desconhecem o que seja
defasagem econômica, envolvendo custo de vista, poder aquisitivo etc., em
virtude de serem beneficiadas pelas mordomias próprias dos cargos, cujas
despesas são custeadas sem restrição pelos cartões corporativos, abastecidos
tranquilamente pelos bestas dos contribuintes. Agora, não deixa de ser curioso
se observar a evolução da historia do país, no que se refere às ideologias,
quando, primitivamente, o PT tinha como bandeira a intransigente defesa das
greves, como forma de conquistas salariais, prática essa considerada pelo
governo como prejudicial aos interesses nacionais, pondo por terra a sua mais
forte ideologia, que muda ao sabor do interesse de momento. Essa é a verdade
sobre o partido que já se identificou com os anseios do trabalhador quando
ainda não havia conquistado o poder e os sindicatos eram a sua base de
sustentação política. Não se pode desconhecer que as reivindicações dos
servidores são justas e prementes, como forma de reposição das perdas
salariais, decorrentes do natural processo inflacionário. Urge que o governo se
conscientize sobre a responsabilidade imposta pela Carta Magna, no sentido de
que seja observado o dever de serem reajustados anualmente os vencimentos dos
servidores públicos, como forma de se evitar a inadmissível redução do poder
aquisitivo da moeda. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em
09 de agosto de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário