sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Repreensível incompreensão

Em claro desafio ao governo, a greve dos servidores federais se alastra com a adesão de várias categorias e ameaça se tornar a paralisação mais ampla do funcionalismo desde o começo da gestão petista. Na avaliação dos sindicatos, pelo menos 27 órgãos federais foram diretamente afetados, entre greves, suspensão temporária de trabalho ou operações-padrão. Não há a menor dúvida de que as paralisações prejudicam bastante o cotidiano da sociedade, uma vez que várias estradas ficaram congestionadas por causa da fiscalização intensa de veículos. Nos aeroportos, foram afetados não somente os sistemas de embarque e desembarque, mas também vários segmentos de importações, como a área da saúde, com a retenção de remédios. A fiscalização na fronteira, na ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR), provoca lentidão no tráfego para o Paraguai. O transtorno tem sido enorme em vários serviços públicos, causando sérios problemas para o interesse do país. Ocorre que, no momento, o governo somente se dispôs a negociar com os funcionários de universidades federais, que se encontram paralisados há quase três meses. No entendimento do governo, a crise econômica mundial impede que sejam concedidos reajustes aos servidores públicos. Induvidosamente, essa turbulência pode até perigar a estabilidade de qualquer país, salvo o Brasil que até poucos dias o governo se vangloriava por se achar vacinado contra a crise que não é sua. O governo não pode ignorar os efeitos inflacionários nos vencimentos dos servidores, que não são reajustados há anos, contrastando com o sempre elevado custo de vida imposto pelo próprio governo, decorrente de sua política expansionista, com a ganância tributária, os juros elevadíssimos e tantos sobrepesos sobre os salários, restringindo continuamente o seu poder aquisitivo. Importa notar que as autoridades palacianas desconhecem o que seja defasagem econômica, envolvendo custo de vista, poder aquisitivo etc., em virtude de serem beneficiadas pelas mordomias próprias dos cargos, cujas despesas são custeadas sem restrição pelos cartões corporativos, abastecidos tranquilamente pelos bestas dos contribuintes. Agora, não deixa de ser curioso se observar a evolução da historia do país, no que se refere às ideologias, quando, primitivamente, o PT tinha como bandeira a intransigente defesa das greves, como forma de conquistas salariais, prática essa considerada pelo governo como prejudicial aos interesses nacionais, pondo por terra a sua mais forte ideologia, que muda ao sabor do interesse de momento. Essa é a verdade sobre o partido que já se identificou com os anseios do trabalhador quando ainda não havia conquistado o poder e os sindicatos eram a sua base de sustentação política. Não se pode desconhecer que as reivindicações dos servidores são justas e prementes, como forma de reposição das perdas salariais, decorrentes do natural processo inflacionário. Urge que o governo se conscientize sobre a responsabilidade imposta pela Carta Magna, no sentido de que seja observado o dever de serem reajustados anualmente os vencimentos dos servidores públicos, como forma de se evitar a inadmissível redução do poder aquisitivo da moeda. Acorda, Brasil! 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 09 de agosto de 2012

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