segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Apelo à negociação

Os servidores federais não concordaram com a proposta do governo de reajuste salarial de 15,8%, composto por três parcelas concedidas nos exercícios de 2013 a 2015, cujo impasse sinaliza para a radicalização da grave, segundo a intenção de representantes de algumas categorias, que adiantaram: "Se o governo insistir nessa postura intransigente, vamos à greve por tempo indeterminado". A União das Carreiras de Estado (UCE), integrada por 22 sindicatos e mais de 50 mil servidores de áreas estratégicas, como as atividades da Polícia Federal, da Receita e de órgãos de controle e fiscalização, prefere ignorar a citada proposta e continuar com as ações de protesto. Como forma de solucionar o impasse, os servidores apresentaram a contraproposta de 25% de reajuste em três parcelas, sendo 6% em 2013, 8% em 2014 e 10% em 2015, mas também não houve aceitação pelo governo. Na verdade, não existe a mínima chance de contornar as pendengas, tendo em vista o estabelecimento de radicalização por parte do governo, que, ao invés de acenar para a negociação, preferiu dar ultimato aos grevistas, oferecendo reajuste de 15,8%, de forma intransigente, que sequer repõe os índices inflacionários passados e ainda abre a possibilidade de futuras defasagens salariais. Por último, a presidente da República já sentenciou que não cederá nada além do índice oferecido, por considerar que "A oferta é boa e está no limite. Não há nenhuma hipótese de expansão", e deu ultimato ao funcionalismo, com a determinação do corte do ponto dos grevistas e punição com rigor, inclusive com demissão aos que cometerem abusos contra a população e a economia do país. Induvidosamente, a radicalização não é a melhor via para a consecução dos objetivos que satisfaçam as partes envolvidas, que deveriam ter sensibilidade para as negociações em níveis razoáveis e possíveis, em se tratando que os interesses são recíprocos. No caso dos servidores, fica evidente que houve corrosão do poder aquisitivo da moeda, contribuindo para o rebaixamento da qualidade das condições de vida suas e de seus familiares, enquanto para o Estado não há como tripudiar sobre quem é responsável pela força de trabalho do país, que deve estar motivada e estimulada para bem desempenhar suas atribuições de arrecadação, controle, fiscalização entre outras de capital importância para a nação. A sociedade espera que o governo seja capaz de compreender a necessidade da reposição salarial, em razão das perdas decorrentes do natural processo inflacionário, responsável pelo achatamento das conquistas salariais do passado, que não foram mantidas exatamente pela falta de reposição em anos seguidos. O bom-senso conspira para que as negociações sejam feitas de forma racional, tendo por meta os interesses do país, que não pode prescindir da participação de servidores qualificados e motivados para desempenhar sua relevante missão da melhor forma possível e com absoluta tranquilidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de agosto de 2012

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