sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A farra aérea

A modernização da frota de aeronaves à disposição da Presidência da República já começou com a entrega da primeira unidade, que é um helicóptero de transporte médio EC-725 da francesa Eurocopter, versão VIP. O cronograma de entrega deverá ser completado em 2013, com a chegada do segundo helicóptero VH-36 Caracal à Força Aérea Brasileira. O governo também discute a compra de um novo avião de longo alcance, em substituição ao atual Airbus-319, o Aerolula, que é moderno, mas não voa à Europa sem escala. O perfil do serviço à Presidência segue o padrão de outros países com regimes semelhantes, como os EUA, a França, o México e outros, que também contam com avião principal de longa distância, aviões secundários, helicópteros e jatinhos. Como superpotência, a exemplo dos EUA, até se justifica a exclusividade de se ter avião presidencial principal, com a maior modernidade e superior alcance, mas a pobre República tupiniquim abusa redondamente em possuir avião presidencial supermoderno, por ser incompatível com o estado de penúria do seu povo, que sequer tem transporte público suficiente para se locomover nas cidades. Não deixa de ser mania de grandeza das autoridades públicas brasileiras, ao pretenderem se equiparar às grandes economias até nas mordomias dos seus mandatários, quando deveriam seguir outros grandes líderes mundiais que utilizam aviões de linhas convencionais, dispensando o luxuoso avião presidencial, por não justificar o alto custo para o seu povo. Enquanto a presidente passeia de avião e helicóptero de altíssima categoria, à custa dos bestas dos contribuintes, as deficiências nos atendimentos públicos são intensificadas, com crescentes filas nos hospitais, que não podem atender de forma digna o povo, por falta de condições pessoais e materiais; notória precariedade no ensino público, tanto em termos de instalações como de pessoal, que é remunerado de forma aviltante; e muitas outras mazelas que o governo prefere ignorar, mas sabe muito bem valorizar a sua mordomia, para o estímulo dos mandatários. Para esse governo, o povo tem obrigação de sustentar, sem reclamar, a gastança descontrolado do poder, em especial com os supérfluos e privilégios palacianos, não obstante o sofrimento que a sociedade é submetida, ante a falta de amparo por parte do Estado. Até parece que aqui é o país das maravilhas e a economia mais desenvolvida da terra, onde inexistem graves problemas sociais, à vista do atrevimento e do desafio à paciência e à boa vontade do povo, que não se insurge contra os absurdos da administração pública. Urge que a sociedade se conscientize sobre a necessidade de repudiar esses injustificáveis abusos, manifestar contrariamente às megalomanias dos governantes insensíveis e exigir que as autoridades públicas tenham primacial compromisso com as causas da população, evitem que as mordomias e os privilégios palacianos não ultrapassem o mínimo da razoabilidade e os gastos indispensáveis à manutenção do governo, que devem se portar em compatibilidade com a situação socioeconômico da nação, e abdiquem definitivamente do exagero e da luxúria custeados com recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 04 de agosto de 2012

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