Em contraposição à quase totalidade dos políticos
brasileiros, um vereador da capital paraibana fez bombástica revelação, ao
defender que os políticos jamais deveriam receber vencimentos pelo cumprimento
do seu mandato e sentenciou: “Acho que os
políticos deveriam ser indenizados pelos gastos que tiverem no mandato, mas não
salário”. As afirmações do político ocorreram logo após ter se recusado a
assinar abaixo-assinado pleiteando reajuste salarial aos parlamentares de João
Pessoa. No seu entendimento, a questão da manutenção financeira dos políticos seria
resolvida antes do seu ingresso na vida pública, para “não fazer de emprego os cargos eletivos que ocupem”. Ele decidiu
não disputar a reeleição, mas negou que sua posição tenha influência na sua
saída do parlamento. O raciocínio desse político guarda certa coerência com a
realidade do que se pretende para o Brasil, como forma de abrandar a absurda
disparidade que existe nas casas parlamentares, em termos de exagero de gastos
públicos, não somente em relação à produção em benefício dos representados, mas
em especial no que se refere ao poder aquisição da sociedade, de modo geral,
que ainda é muito carente de assistência e não é atendida nem mesmo pelos
parlamentares que esbanjam nos seus vencimentos e vantagens periféricas. Em tese, assiste parcial razoabilidade à sensata e equilibrada proposta
do parlamentar paraibano, à vista do abusivo exagero que os políticos
inescrupulosos e desavergonhados se aproveitam dos recursos públicos,
principalmente das facilidades que eles têm para criar e aumentar seus
vencimentos e injustificáveis ajudas, diversos auxílios, verbas de gabinete e
tantas vantagens, sem que a sociedade possa pôr freios nessa falta de caráter e
de respeito à dignidade do contribuinte, que apenas é obrigado a custear com
sacrifício os elevados gastos dos parlamentares brasileiros. Em homenagem ao sensato,
corajoso e honrado parlamentar paraibano, parece ser mais justo que os
políticos, em qualquer função, devem ser remunerados tão somente com vencimentos
justos, a exemplo dos demais servidores públicos, ficando proibidos em definitivo
quaisquer auxílios, ajudas, verbas, mordomias e outras poucas vergonhas
agregadas aos seus vencimentos. O alerta do parlamentar paraibano serve de
salutar contribuição para mostrar, de forma realista, a gritante distorção
existente entre os exorbitantes valores pagos aos parlamentares e o que eles
efetivamente fazem em benefício da sociedade. Urge que os políticos, pouco
voltados para a realidade socioeconômica brasileira, se conscientizem sobre a
necessidade de ser repensada a política de sua remuneração, que deve ter por
base exclusivamente vencimentos justos, a exemplo do que são pagos ao servidor
público, desprezados os vergonhosos e desmoralizantes auxílios, verbas de
gabinete e ajudas injustificáveis e outras vantagens indignas e impróprias, com
vistas à moralização e dignificação das funções políticas deste país. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de agosto de 2012
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