terça-feira, 14 de agosto de 2012

Por vencimentos justos

Em contraposição à quase totalidade dos políticos brasileiros, um vereador da capital paraibana fez bombástica revelação, ao defender que os políticos jamais deveriam receber vencimentos pelo cumprimento do seu mandato e sentenciou: “Acho que os políticos deveriam ser indenizados pelos gastos que tiverem no mandato, mas não salário”. As afirmações do político ocorreram logo após ter se recusado a assinar abaixo-assinado pleiteando reajuste salarial aos parlamentares de João Pessoa. No seu entendimento, a questão da manutenção financeira dos políticos seria resolvida antes do seu ingresso na vida pública, para “não fazer de emprego os cargos eletivos que ocupem”. Ele decidiu não disputar a reeleição, mas negou que sua posição tenha influência na sua saída do parlamento. O raciocínio desse político guarda certa coerência com a realidade do que se pretende para o Brasil, como forma de abrandar a absurda disparidade que existe nas casas parlamentares, em termos de exagero de gastos públicos, não somente em relação à produção em benefício dos representados, mas em especial no que se refere ao poder aquisição da sociedade, de modo geral, que ainda é muito carente de assistência e não é atendida nem mesmo pelos parlamentares que esbanjam nos seus vencimentos e vantagens periféricas. Em tese, assiste parcial razoabilidade à sensata e equilibrada proposta do parlamentar paraibano, à vista do abusivo exagero que os políticos inescrupulosos e desavergonhados se aproveitam dos recursos públicos, principalmente das facilidades que eles têm para criar e aumentar seus vencimentos e injustificáveis ajudas, diversos auxílios, verbas de gabinete e tantas vantagens, sem que a sociedade possa pôr freios nessa falta de caráter e de respeito à dignidade do contribuinte, que apenas é obrigado a custear com sacrifício os elevados gastos dos parlamentares brasileiros. Em homenagem ao sensato, corajoso e honrado parlamentar paraibano, parece ser mais justo que os políticos, em qualquer função, devem ser remunerados tão somente com vencimentos justos, a exemplo dos demais servidores públicos, ficando proibidos em definitivo quaisquer auxílios, ajudas, verbas, mordomias e outras poucas vergonhas agregadas aos seus vencimentos. O alerta do parlamentar paraibano serve de salutar contribuição para mostrar, de forma realista, a gritante distorção existente entre os exorbitantes valores pagos aos parlamentares e o que eles efetivamente fazem em benefício da sociedade. Urge que os políticos, pouco voltados para a realidade socioeconômica brasileira, se conscientizem sobre a necessidade de ser repensada a política de sua remuneração, que deve ter por base exclusivamente vencimentos justos, a exemplo do que são pagos ao servidor público, desprezados os vergonhosos e desmoralizantes auxílios, verbas de gabinete e ajudas injustificáveis e outras vantagens indignas e impróprias, com vistas à moralização e dignificação das funções políticas deste país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de agosto de 2012

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