Em qualquer disputa esportiva, o objetivo primacial
constitui batalha que só interessa a vitória, o desejo inarredável de vencer custe
o que custar e a sagração de campeão. Em quase todos os jogos, ninguém se
arrisca a comemorar antes do seu término, como, por exemplo, no basquete ou no
vôlei, que ninguém fica se abraçando e correndo como besta tresloucada, tirando
a camisa, se jogando e rolando no chão, dançando feito umas bonecas e fazendo outras
loucuras sempre após acertar a cesta ou cravar a bola na quadra adversária. É
muito comum nesses e na quase totalidade dos jogos somente haver comemoração ou
confraternização entre os atletas logo depois do encerramento da contenda,
evidentemente com a vitória do seu time. Ao contrário disso, no futebol, existe
inexplicável exceção, onde os jogadores vão à loucura sempre que o seu esquete
faz gol, muito impensadamente como forma de provocação ao adversário. Nalguns
casos, a bestialidade atinge o extremo nas comemorações, com corrida em
disparada do jogador até a arquibancada, subida em pedestal, stríptease, e uma série de cenas
deploráveis e nada elegante e construtivo para o engrandecimento do espetáculo
desportivo. Na maioria das vezes, a comemoração tem a finalidade de provocar o
adversário e acirrar seus ânimos, deixando o clima do jogo muito parecido com verdadeira
batalha antidesportiva e ainda com o envolvimento das torcidas, que são contagiadas
pelos excessos da encenação. Na grande maioria das vezes, de nada adianta tanta
euforia despendida em campo, com o emprego do esforço de energia jogada fora, porque,
ao final da disputa, seu time não consegue vencer e, de forma melancólica, as
comemorações exageradas se transformam em lamentos e frustrações. Além de tudo
isso, as comemorações antecipadas, ao contrário do que se possa imaginar,
servem de estímulo ao adversário, que, sentindo-se inferiorizado no placar e
provocado pelos insultos da comemoração, resolve, por questão de brio e de
honra naturais, superar os obstáculos e buscar o empate e a vitória do jogo. É exatamente
isso que se observa com muita frequência, cujo fato deveria servir de lição
para os times que têm como princípio primar pelas salutares regras da decência
e do respeito aos adversários. Não há a menor dúvida de que, por questão de
civilidade, as comemorações desportivas, inclusive no futebol, deveriam ocorrer
somente no final dos jogos, porém de forma discreta, comedida e de maneira que
não houvesse exagero, a ponto de que esse gesto pudesse ter a finalidade de tão
somente de contribuir para preservar a dignidade dos atletas e para o
engrandecimento do desporto. Seria de bom alvitre que os atletas do futebol fossem
preparados e orientados no sentido da necessidade de participar desse movimento
em prol da racionalidade e da harmonia nos jogos de futebol, procurando
proceder discretamente por ocasião dos gols e somente houvesse comemoração
efusiva no término do jogo, com a vitória do seu time, como se verifica, com
absoluta razão, nos demais certames desportivos, como forma de elegância e de
respeito que devem existir mesmo nas batalhas entre adversários.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de agosto de 2012
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