Conforme notícia veiculada pelo jornal Folha de S. Paulo, a empresa criada por
um dos filhos do ex-presidente da República, objeto de suspeitas quanto à
origem dos recursos e ainda de ser alvo de diversas polêmicas, encontra-se em
situação de "incerteza" sobre sua sobrevivência, depois da avaliação promovida
por auditoria contratada em especial para verificar suas contas referentes ao
exercício de 2011. O diagnóstico apresentado é pouco favorável ao futuro da
empresa, por lançar dúvidas sobre a confiabilidade dos números do seu balanço. O
relatório da auditoria indica que não foi divulgada "de forma
adequada" a razão de números incompatíveis nas contas da empresa nem possível se ter ideia exata do valor dos seus bens.
Essa empresa surgiu em 2004, com aporte de R$ 5 milhões oriundos da empresa
pública Telemar (hoje Oi), repassados possivelmente por força de tráfego de
influência, sendo, por esse motivo objeto de investigação pelo Ministério
Público, porque a empresa de telefonia tem participação do BNDES. À época do
repasse de recursos públicos para constituição da empresa do filho, o então
presidente disse que ele era o "Ronaldinho" dos negócios, em referência
ao melhor jogador de futebol em atividade. Depois disso e cessadas as ajudas de
recursos públicos, a empresa amarga sucessivos prejuízos, salvo o lucro de R$
384 mil no ano passado, mas as perdas acumuladas atingem a cifra de R$ 8,6
milhões. Existe diferença de R$ 2,2 milhões entre a soma dos bens e dos valores
que a empresa tem a receber e as obrigações contraídas, acenando para possível
risco de insolvência. É bem provável que esse indecente tipo de repasse somente
se realize no país tupiniquim, onde um cidadão, por ser filho do mandatário da nação
- que também era pobre, metalúrgico e sindicalista -, consegue receber dos
cofres públicos, de forma graciosa, fortuna para montar empresa e se tornar milionário
de repente, num passe de mágica, sem sacrifício ou contraprestação. Agora, não deixa
de ser muito estranho que os órgãos de controle e fiscalização, tomado
conhecimento dos fatos prejudiciais ao interesse público, nada fizeram de
efetivo no exercício da sua competência constitucional e legal, para acabar com
a ilegalidade com dinheiro do contribuinte, cujos recursos fazem muita falta
para o atendimento das carências sociais. Não há dúvida de se tratar de mais um
caso de vergonha nacional, quando se constata que o país com notória precisão
de recursos para investir na saúde, segurança, educação e em tantas
deficiências de infraestrutura, jamais poderia se dar ao luxo de conceder tamanha benesse, sem
qualquer plausibilidade que a justifique. Causa espécie tanta idolatria para
quem foi capaz de protagonizar um governo desastrado e incompetente, como o acentuado crescimento
da corrupção, a leniência com a impunidade dos infratores, a inoperância da
Petrobras, o loteamento da administração pública, a promoção de coalizões e
coligações fisiológicas, a propagando enganosa sobre o pré-sal, as promessas de
reformas estruturais nunca realizadas, o aumento absurdo da dívida interna, o descontrole
do processo inflacionário e outras inumeráveis hipocrisias incompatíveis com a
dignidade e a honradez do povo brasileiro. Urge que excrescências ignominiosas
dessa natureza sejam extirpadas da administração pública brasileira, mediante a
exclusão da vida pública de políticos falsos e enganadores da ingenuidade da
maioria da população, com agrados assistencialistas próprios da obrigação do
Estado, para, com isso, aproveitarem-se da situação para enriquecimentos
ilícitos, sem embargo de que os órgãos incumbidos de fiscalizar a aplicação dos
recursos públicos sejam diligentes e eficientes no exercício da sua competência
constitucional. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de agosto de 2012
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