Em
sintonia com os anseios da sociedade e em cumprimento à sua competência
constitucional, o Supremo Tribunal Federal está mostrando, ao vivo e em cores, de
forma minudente, com a contundência que lhe é peculiar, devidamente acobertado
com vasta comprovação material, que o modelo político-partidário brasileiro foi
maculado com o mensalão e começou a ruir a partir do momento em que seus
ideários se voltaram para o desvio indecoroso de recursos públicos e para o
fisiologismo escrachado e desavergonhado, tendo por objetivo a pequenez do
apego e da manutenção de grupos políticos no poder, com o inadmissível apoio na
divisão da administração pública em forma de autênticos sindicatos, onde os
órgãos públicos e as empresas estatais passaram para o comando das lideranças
despreparadas e incapacitadas para gerenciar o patrimônio e os negócios do
país. Infelizmente, a “intelectualidade” política, pensando apenas no seu
umbigo e nos seus interesses, prefere ignorar a visível decadência moral e a
falta de perspectiva para o futuro da nação, máxime porque esse sistema retrógrado
e decaído vem servindo tão somente para satisfazer sua ideologia de poder, que
teve o condão de corromper os sentimentos de honestidade e de moralidade dos
brasileiros, em ultrajante desserviço aos interesses primordiais do país. As
provas constantes do mensalão atestam a robusteza de incontestáveis
procedimentos ardilosos, criminosos e afrontosos à dignidade do país, conforme
sentenciou com absoluta propriedade o corajoso e competente procurador-geral da
República, ao afirmar no seu judicioso e elucidativo parecer: “Foi sem dúvida o mais escandaloso e atrevido
caso de corrupção da República”. Assinale-se que, à época do clamoroso
escândalo de corrupção no governo Vargas, a imprensa o denominou de “Mar de
Lama”, cujo fato precipitou o suicídio do mandatário de então, ao envergonha-se
ao extremo com a traição de seus aliados. Os entendidos, ao se referirem ao
regime militar, denominam-no “Anos de Chumbo”, pela forma dura como os terroristas
foram “carinhosamente” tratados. Agora, no embalo do mensalão e de outros
crimes similares, parece haver enorme chance de o período desse governo de
incompetência, corrupção, favorecimentos políticos e impunidade, ser lembrado
como “Sindicato do Crime”, combinando apropriadamente com a formação de
quadrilha para desviar recursos públicos, com a finalidade de custear apoio político
para aprovação de projetos de interesses partidários e pessoais. Nunca na
história deste país a confiança do povo foi tão menosprezada e desrespeitada,
justamente por quem defendia a moralização e dignidade na vida pública. Todavia,
o apregoado projeto de decência foi logo desmascarado com a banalização da
corrupção, impunidade, violência, criminalidade, falta de prioridades e de interesse
na solução dos problemas e das mazelas reinantes no país, onde a administração
pública se enfraqueceu com o seu loteamento entre os partidos políticos,
comandados por incompetentes e interessados em acomodar compadrios e
apaniguados, em detrimento das causas primárias da nacionalidade. A sociedade
anseia por que haja urgente mudança na ordem política nacional, principalmente
com a plena reformulação desse sistema arcaico e cheio de brechas e
facilitações para a corrupção e apropriação dos recursos públicos. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 22 de agosto de 2012
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