Em recente encontro entre os governantes do
Brasil e da Venezuela, o presidente do país amigo afirmou que apresentou proposta
à mandatária tupiniquim para seu país exportar petróleo cru para cá e, na sua
versão, o Palácio do Planalto se mostrou "muito interessado" no
negócio. Não deixa de ser bastante estranha a notícia
de o Brasil se interessar pela compra de petróleo cru, tendo em vista que o
governo petista, de forma constante e ufanista, assegura a autossuficiência de
petróleo, o que significa dizer que o país jamais precisaria comprar
combustível para suprir as suas necessidades. É bem provável que as informações
sobre autossuficiência não passem de propaganda falseada e enganosa, com a
finalidade de acobertar a verdadeira situação quanto à produção de petróleo,
diante dos altíssimos investimentos com a exploração improdutiva, sem que os
resultados os justifiquem de forma satisfatória. Agora, essa história de
autossuficiência parece não se fundamentar em bases sólidas, não passando de
conversa mole para desviar a discussão sobre a real competência da empresa
monopolizadora nacional do petróleo, máxime em razão dos altíssimos preços
estabelecidos para os combustíveis, considerados os mais altos do mundo. Esse
fato não se coaduna com o país que se diz produzir muito mais do que o seu consumo
interno. Há evidente demonstração de que o gerenciamento da Petrobras não
corresponde exatamente à realidade dos fatos anunciados, porquanto o povo
brasileiro sempre nutriu a esperança de se beneficiar o quanto antes da redução
dos preços dos combustíveis, pelo fato de o país não precisar desembolsar
dólares para importar petróleo, à vista de produzir o suficiente para suprir suas
necessidades. As políticas estratégicas nacionais, incluídas a produção de petróleo,
são mantidas a sete chaves e, no Brasil, não é diferente, porque a sociedade fica
sabendo dos fatos na forma da propaganda governamental, conquanto a realidade nunca
é congruente com as versões oficiais, a exemplo da bem arquitetada mentira da
autossuficiência, em que os governos nunca tiveram a dignidade de contar o que
realmente acontece com a produção e comercialização de petróleo, compreendendo
exportação e importação, deixando a sociedade perplexa quando fica sabendo que
o país vai comprar petróleo cru da Venezuela. Caso houvesse transparência nas
relações do governo com a sociedade, a eterna forma de ridicularizar a boa
vontade dos bestas dos brasileiros não faria mais sentido na atualidade, porque
não haveria mais mentiras, enganações, quanto à forma como os recursos públicos
estão sendo aplicados. Enquanto isso não acontece, fica bastante difícil
entender por qual motivo o governo insiste que o país é autossuficiente de
petróleo, quando anuncia a importação de petróleo cru. A sociedade tem o
direito de conhecer a verdade sobre a gestão dos recursos públicos, como forma
de contribuir para o aperfeiçoamento e aprimoramento dos princípios da
administração pública, em especial quanto à transparência do gerenciamento do
patrimônio público, em todas suas formas, inclusive na exploração de petróleo.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de novembro de 2012
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