Passado o embate da
eleição municipal, iniciou-se nova guerra no ninho tucano, destinada à
importante eleição do presidente do PSDB. Aliados do candidato a prefeito de
São Paulo deflagraram campanha na tentativa de emplacar nome “neutro” na
presidência do partido, a partir do ano que vem. Esse esforço objetiva evitar
que o senador mineiro avance sobre a cúpula da agremiação. Com a derrota do
tucano paulista e seu notório enfraquecimento, seus aliados já admitem negociar
a indicação de um tucano "independente". O estado de guerra agora instalado
se explica porque a presidência do PSDB será renovada em maio de 2013 e ele terá
a principal função de preparar o partido para a eleição presidencial de 2014. O
cuidado é tanto que a disputa pode inviabilizar qualquer nome, pois é enorme a
resistência entre os grupos paulista e mineiro, pelo temor de que o presidente ligado
ao mineiro trabalharia em sua defesa e alinhado a ele na corrida pela
Presidência e vice-versa. Não há dúvida de que o tucano paulista perdeu forças
internas com sua derrota nas urnas, mas mesmo assim não pretende jogar a
toalha, quanto às pretensões futuras. O que se verifica é que a
acirrada disputa entre componentes do partido demonstra cristalina divisão de
interesses, com indicação de que o racha pode estimular desunião interna, fato totalmente
injustificável, em razão de não haver plausibilidade que determinada ala se
esforce com o absurdo propósito de convencer que tem mais poder do que outra.
Essa forma de confronto, além de ser improducente, tem o propósito de dividir
as forças partidárias, com visível enfraquecimento pela conquista dos seus objetivos
políticos. Na realidade, em se tratando do conjunto das ideias partidárias, não
se pode conceber aliados senão os dos próprios correligionários, integrantes e
componentes da agremiação, e jamais aliados da ala paulista, da ala nordestina,
da ala mineira etc. Isso evidencia situação sul-realista, bizarra mesmo, quando
se objetiva alcançar o cargo mais cobiçado do país, a Presidência da República.
Como convencer a sociedade de que o partido tem condição de unir o país, depois
da vitória nas urnas, quando os aliados partidários não conseguem demonstrar
entendimento sobre propósitos comuns? Nenhum partido tem condição de se
fortalecer sem mostrar união interna. É algo imaginável que alguém, por mais
importante que seja, julgue-se no direito de ditar as regras suprapartidárias,
em afronta às normas estatutárias do partido, que são o norte para guiar e proteger
a unidade ideológica da agremiação, inclusive no que diz respeito à sua direção.
Convém que haja esforço senão para que o presidente seja escolhido sem a
presunção de que ele irá beneficiar esse ou aquele segmento do partido. É fato
que a divisão entre partidários já deixou marcas irreparáveis, a exemplo da
última eleição presidencial, quando o senador mineiro demonstrou relativo desinteresse
pela campanha do tucano paulista, que foi derrotado pelo primeiro poste da
história republicana. Urge que o pretendente à Presidência da República tenha a
grandeza de negociar e buscar o entendimento, a pacificação e a união interna
do partido, para que a sociedade possa ser convencida sobre a credibilidade dos
seus propósitos e programas de governo e do seu respeito à preservação do pacto
federativo, como forma de contribuir para o progresso do Brasil.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de novembro de 2012
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