A posse
do novo presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de
Justiça teve a presença da presidente da República, de autoridades da
República, ministros aposentados, magistrados, celebridades, famosos do mundo
artístico, familiares e conterrâneos dele, em disputadíssima solenidade
atendendo aos 2,5 mil convites para o evento, entre os quais 60 foram enviados para
os Estados Unidos, a Alemanha e a França. Quem não teve acesso ao plenário do
Supremo, pôde participar do evento por meio de telões instalados em outras dependências,
para que todos conseguissem acompanhar a cerimônia. Na ocasião, foi quebrada uma
tradição das posses no Supremo, em razão do problema na coluna do novo
presidente, que optou pelo recebimento dos cumprimentos no coquetel ocorrido à
noite, cuja reunião social foi patrocinada por diversas entidades de juízes, entre
elas a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). Esse tipo de ato
sempre ocorreu com discrição e pouco alarde, como no caso da posse do seu
antecessor, diferente da atual que se notabilizou por ter sido um evento
concorridíssimo e cheio de pompa, surpreendendo aqueles que imaginavam que Sua
Excelência seria incapaz de concordar com tamanho aparato, fato que discrepa
daquele magistrado sapiente e aparentemente avesso aos arroubos da vaidade
humana. A investidura no mais importante cargo do Poder Judiciário não deixa de
ser por demais sedutor à realização de sentimentos até então não revelados. Na
qualidade de servidor público e de respeitável magistrado que é, teria sido menos
prejudicial à sua imagem se ele apenas procurasse atender ao ritual de posse,
conforme a praxe do cerimonial, não aceitando a transformação do evento em
inusitada festa sem a mínima necessidade de chamar atenção da mídia, por se
tratar de uma posse igual às demais. Não se pode olvidar que as passes na
Presidência da República tem sido de forma exagerada, mas igualmente merece a
censura da sociedade, tendo em vista que a pompa nela revestida não condiz com
a pobreza de significativa parcela da população brasileira, quanto mais que as
economias com a austeridade dos atos atenderiam algumas necessidades sociais. Embora a propalada festança tenha sido custeada por entidades sindicais
relacionadas ao Poder Judiciários, em merecida homenagem ao magistrado que
teve, pela primeira vez no país, a dignidade de cumprir fielmente a sua
competência constitucional e legal, ao conduzir com eficiência e profundo
conhecimento das práticas desmoralizantes do sistema republicano brasileiro,
ficaria muito mais elegante para o novo presidente se ele tivesse a humildade
de declinar das nababescas mordomias comuns nos palácios de Brasília, que não
dispensam jantares e coquetéis por quaisquer posses mequetrefes da
incompetência governamental. O magistrado disciplinador do mensalão teria excelente
oportunidade para dar lição de moralidade e de austeridade ao governo federal e
aos órgãos e empresas estatais, que desconhecem completamente o que seja
parcimônia com verbas públicas, ao promoverem, sem escrúpulo, festanças por
motivos sem importância para o interesse público. A sociedade anseia por que as
autoridades públicas tenham o bom senso de compreender que as extravagâncias de
hábitos não condizem com a austeridade que exige a gestão da administração
pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de novembro de 2012
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