Segundo o jornal o Estado de S. Paulo, a ex-braço direito da presidenta da República e
sua substituta na Casa Civil, que mais tarde foi defenestrada do cargo por
lobby e tráfego de influência envolvendo a participação de seus familiares,
estaria cuidando agora, nos bastidores, de assuntos de interesse do governo. Ressalte-se
que o reprovável tráfego influenciado por ela, conforme ficou devidamente comprovado,
mediante provas materiais e testemunhais, não implicou qualquer penalidade para
a acusada, que apenas foi advertida por parte da “respeitável” Comissão de
Ética Pública, tão desacreditada nos seus trabalhos que a mandatária do país
resolveu não renovar os mandatos de dois membros que exerciam suas funções com
isenção e independência técnica. A nova função da ex-chefe da Casa Civil tem sido
exercida nos bastidores do Tribunal de Contas da União, onde, somente este ano,
ela já participou de várias reuniões com ministros e autoridades daquela corte,
com a finalidade de tratar sobre plano de concessões das mais de 1.600 linhas
interestaduais de ônibus, com vistas a baixar em 7,5% a tarifa teto do setor,
que, em média, fatura R$ 8 bilhões. A Agência Nacional de Transportes
Terrestres pretende lançar, em 2013, o plano de outorga, embora as principais
empresas de aviação do país estejam se mobilizando com ações naquela corte de
contas, com argumentos contrários às intenções governamentais. Curiosamente, a
ex-ministra declarou ao aludido jornal que ela estava atuando na condição de
advogada, porém o TCU, à luz das normas insculpidas na Lei de Acesso à Informação,
afirmou que a cidadã em causa “Não está constituída
como advogada de nenhuma das partes no processo”. Não deixa de ser fato escabroso
alguém continuar trabalhando para o governo, mesmo após ter sido escorraçado da
administração pública, quando exercia cargo de suma importância na estrutura republicana,
em razão de ter sido flagrado cometendo um dos condenáveis crimes perpetrados
contra o serviço público, como o tráfego de influência, por resultar no pagamento
de propina ou na facilitação de benefício indevido para os envolvidos. No caso
em comento, ficou evidenciado que o beneficiário foi o filho da ex-ministra,
mas, apesar do seu péssimo exemplo de servidora pública, com a utilização do
cargo para tirar vantagem, ela dar a volta por cima e consegue ser contratada,
sem nenhum empecilho, pelo governo para o qual ela não teve a decência e a
dignidade de desempenhar seu trabalho anterior com a honestidade que se exige
dos servidores públicos. Com esses procedimentos antiéticos, a credibilidade do
governo se fragiliza, merecendo a devida censura, ainda mais quando silencia
diante de notícia vergonhosa como essa em comento, que ajuda a contribuir, de
forma significativa, para mostrar o seu desprezo aos princípios da
administração pública, em especial quanto à moralidade e transparência. A
sociedade, que paga pesados tributos para a manutenção da máquina pública,
inchada com órgãos desnecessários e inoperantes, tem o dever cívico de repudiar
mais uma excrescência oficial e exigir que o governo observe rigorosamente os
princípios da legalidade, ética e moralidade na gestão dos recursos públicos,
em especial quanto à contratação de seus servidores. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de novembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário