quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Injusto para a sociedade

O presidente nacional do PT disse que teria recebido com "muita tristeza" e "extrema indignação" a decisão do Supremo Tribunal Federal fixando penalidades para o trio de "anjinhos" do seu partido, tendo por fundamento as irregularidades que estão sendo julgadas no processo do mensalão. Ele classificou de "injusta" a definição das penas, por considerar "elevadíssimas" e "fora de parâmetro". Na sua avaliação, "Foi um julgamento com viés político, com pressão muito forte dos grandes meios de comunicação e mudando totalmente parâmetros consagrados da jurisprudência e do direito brasileiro". O petista foi enfático ao assegurar que o partido "continua afirmando que não houve compra de votos, que nenhum dos companheiros enriqueceu pessoalmente, que não foram utilizados recursos públicos". Essa tresloucada interpretação diverge do entendimento dos doutos ministros da Suprema Corte, aqueles que tiveram bastante dignidade para condenar a quadrilha de malversadores de dinheiros públicos diante da convicção e da constatação das provas de peculato, gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa e formação de quadrilha, em evidente participação criminosa contra os interesses do país e da sociedade, tendo por finalidade o desvio de recursos para fortalecer a estrutura do governo, com a compra de votos de parlamentares, e a sua perpetuação no poder, de forma indecorosa. É com muita tristeza que a população, depois da decepção com os fatos degradantes, ainda seja obrigado a tolerar que pessoa defenda a indignidade de criminosos condenados pelo Supremo pela prática de delitos graves contra a nação. A decepção é ainda maior quando se verifica que os criminosos recebem de correligionário veementes apoios em solidariedade, como se os companheiros tivessem sido injustamente penalizados, mesmo diante da constatação de terem abusado da confiança do povo brasileiro, que lhes outorgou autorização para gerenciar o patrimônio nacional de forma ética e sob a égide dos princípios constitucionais da dignidade, moralidade e probidade, mas eles preferiram arquitetar esquema engenhoso de corrupção com estrutura poderosa e eficiente para desviar recursos púbicos. É de se lamentar que o correligionário dos delinquentes insista na defesa de que os fatos aconteceram sob a ótica da normalidade, não merecendo reprimenda nem censura, porque não houve nada de irregular no desvio de recursos públicos. Essa é a visão de quem, no passado recente, condenava com extrema severidade o mínimo deslize cometido por seus adversários políticos. Ao contrário do que afirma o petista, enorme injustiça ocorre agora contra o povo brasileiro, diante das ridículas, irrisórias e quase inexistentes penalidades aplicadas aos mentores e executores do mensalão, à vista dos horrendos crimes por eles praticados. Injusto mesmo é se verificar que o dinheiro destinado ao pagamento de parlamentares serviria para amenizar o sofrimento daqueles que ficam nas filas e nos corredores dos hospitais, sem assistência à sua doença, e de tantos que procuram ajuda e assistência de alguma forma e não encontram o socorro almejado, porque os recursos públicos são aplicados de forma irregular, quer por seu mau gerenciamento ou por desvio para fins particulares. A sociedade anseia por que aquele que tenha cometido delito contra o povo ou Estado deve pagar por seus atos, na mesma intensidade dos seus crimes, de modo que a abominável impunidade seja extirpada em definitivo da história política brasileira. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 15 de novembro de 2012

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