O presidente nacional do PT disse que teria recebido
com "muita tristeza" e
"extrema indignação" a
decisão do Supremo Tribunal Federal fixando penalidades para o trio de "anjinhos" do seu partido,
tendo por fundamento as irregularidades que estão sendo julgadas no processo do
mensalão. Ele classificou de "injusta"
a definição das penas, por considerar "elevadíssimas"
e "fora de parâmetro". Na
sua avaliação, "Foi um julgamento
com viés político, com pressão muito forte dos grandes meios de comunicação e
mudando totalmente parâmetros consagrados da jurisprudência e do direito
brasileiro". O petista foi enfático ao assegurar que o partido "continua afirmando que não houve compra de
votos, que nenhum dos companheiros enriqueceu pessoalmente, que não foram
utilizados recursos públicos". Essa tresloucada interpretação diverge
do entendimento dos doutos ministros da Suprema Corte, aqueles que tiveram bastante
dignidade para condenar a quadrilha de malversadores de dinheiros públicos
diante da convicção e da constatação das provas de peculato, gestão
fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa
e formação de quadrilha, em evidente participação criminosa contra os
interesses do país e da sociedade, tendo por finalidade o desvio de recursos
para fortalecer a estrutura do governo, com a compra de votos de parlamentares,
e a sua perpetuação no poder, de forma indecorosa. É com muita tristeza que a
população, depois da decepção com os fatos degradantes, ainda seja obrigado a
tolerar que pessoa defenda a indignidade de criminosos condenados pelo Supremo
pela prática de delitos graves contra a nação. A decepção é ainda maior quando
se verifica que os criminosos recebem de correligionário veementes apoios em
solidariedade, como se os companheiros tivessem sido injustamente penalizados,
mesmo diante da constatação de terem abusado da confiança do povo brasileiro,
que lhes outorgou autorização para gerenciar o patrimônio nacional de forma
ética e sob a égide dos princípios constitucionais da dignidade, moralidade e
probidade, mas eles preferiram arquitetar esquema engenhoso de corrupção com
estrutura poderosa e eficiente para desviar recursos púbicos. É de se lamentar
que o correligionário dos delinquentes insista na defesa de que os fatos
aconteceram sob a ótica da normalidade, não merecendo reprimenda nem censura,
porque não houve nada de irregular no desvio de recursos públicos. Essa é a
visão de quem, no passado recente, condenava com extrema severidade o mínimo
deslize cometido por seus adversários políticos. Ao contrário do que afirma o
petista, enorme injustiça ocorre agora contra o povo brasileiro, diante das ridículas,
irrisórias e quase inexistentes penalidades aplicadas aos mentores e executores
do mensalão, à vista dos horrendos crimes por eles praticados. Injusto mesmo é se
verificar que o dinheiro destinado ao pagamento de parlamentares serviria para amenizar
o sofrimento daqueles que ficam nas filas e nos corredores dos hospitais, sem
assistência à sua doença, e de tantos que procuram ajuda e assistência de
alguma forma e não encontram o socorro almejado, porque os recursos públicos
são aplicados de forma irregular, quer por seu mau gerenciamento ou por desvio
para fins particulares. A
sociedade anseia por que aquele que tenha cometido delito contra o povo ou
Estado deve pagar por seus atos, na mesma intensidade dos seus crimes, de modo
que a abominável impunidade seja extirpada em definitivo da história política
brasileira. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de novembro de 2012
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