Condenado pelo Supremo Tribunal Federal, pelos
crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, no julgamento do mensalão, o
ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República criticou severamente a
decisão do relator do processo de recolher os passaportes dos 25 réus
condenados, classificando-a de determinação de "puro populismo jurídico e uma séria violação aos direitos dos réus",
a par de alegar que o julgamento não acabou e que ainda cabem recursos. O
ex-ministro também considera a decisão exagerada, por entender que "todos os réus estão presentes por meio de
seus advogados legalmente constituídos e em nenhum momento obstruíram ou
deixaram de atender as exigências legais". Embora tenha se manifestado
pelo acatamento da decisão emanada do Supremo, ele fez questão de dizer que se trata
de "tentativa de intimidar os réus,
cercear o direito de defesa e expor os demais ministros ao clamor popular
instigado, via holofotes de certa mídia, nestes quase quatro meses de
julgamento". Nem precisa muito esforço para se perceber que o
“todo-poderoso” resiste bravamente às respeitáveis decisões da Justiça, pois o
seu costume sempre foi de dar ordens e jamais havia se submetido aos rigores
das leis do país, que principia por que os brasileiros sejam tratados com o
mesmo peso e a mesma medida, i.e., todos são iguais perante a lei e ninguém tem
supremacia sobre nada. A decisão de reter os passaportes dos réus condenados é
medida imperativa, por prevenir a saída do país de cidadãos que estão prestes a
irem para a prisão, mas o Supremo até que poderia ser um pouco condescendente
com alguns criminosos do mensalão, ante o altíssimo grau de periculosidade que
eles representam para a nação, principalmente quanto ao poder imaginativo de
planejar e arquitetar ações capazes de lesar o patrimônio dos brasileiros. Isso
vale dizer que o povo brasileiro poderia se beneficiar com a saída do país, em
definitivo, de certas pessoas, porque a sua permanência entre nós significa, na
verdade, punição para os interesses nacionais, ou seja, quem acaba sendo
condenado é o povo brasileiro, que poderia se livrar dos inescrupulosos gênios
das maracutaias. Tratando-se do chefe da quadrilha, parece
não haver dúvida de que ele conquistou essa importante função graças à sua aguçada
sapiência criativa de grande idealizador. Ao contrário do que se pretende evitar,
seria de bom alvitre que ele fugisse, ao invés de ir para a cadeia, ante o
preocupante dito popular de que aquele recinto é a melhor faculdade para
bandidos, onde eles têm excelente oportunidade para se reciclar e se aperfeiçoar
mutuamente no mundo do crime. Ainda sem passar pelo estágio e pelas lições do
submundo dos presídios infectos brasileiros, ele foi capaz de arrasar os cofres
públicos e comprar a consciência de deputados, conforme atestam os ilustrados
ministros da Corte Suprema do país, imaginem o estrago que ele será capaz de
promover quando sair diplomado do xadrez. Com certeza, à luz das apurações
constantes do mensalão, a sociedade seria beneficiada com vantagem se o
“poderoso chefão” ficasse à vontade para deixar o país, após a conclusão do
julgamento da quadrilha por ele chefiada, desde que se comprometa a nunca mais
voltar à terra natal. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de novembro de 2012
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