sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Deixem o homem partir

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal, pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, no julgamento do mensalão, o ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República criticou severamente a decisão do relator do processo de recolher os passaportes dos 25 réus condenados, classificando-a de determinação de "puro populismo jurídico e uma séria violação aos direitos dos réus", a par de alegar que o julgamento não acabou e que ainda cabem recursos. O ex-ministro também considera a decisão exagerada, por entender que "todos os réus estão presentes por meio de seus advogados legalmente constituídos e em nenhum momento obstruíram ou deixaram de atender as exigências legais". Embora tenha se manifestado pelo acatamento da decisão emanada do Supremo, ele fez questão de dizer que se trata de "tentativa de intimidar os réus, cercear o direito de defesa e expor os demais ministros ao clamor popular instigado, via holofotes de certa mídia, nestes quase quatro meses de julgamento". Nem precisa muito esforço para se perceber que o “todo-poderoso” resiste bravamente às respeitáveis decisões da Justiça, pois o seu costume sempre foi de dar ordens e jamais havia se submetido aos rigores das leis do país, que principia por que os brasileiros sejam tratados com o mesmo peso e a mesma medida, i.e., todos são iguais perante a lei e ninguém tem supremacia sobre nada. A decisão de reter os passaportes dos réus condenados é medida imperativa, por prevenir a saída do país de cidadãos que estão prestes a irem para a prisão, mas o Supremo até que poderia ser um pouco condescendente com alguns criminosos do mensalão, ante o altíssimo grau de periculosidade que eles representam para a nação, principalmente quanto ao poder imaginativo de planejar e arquitetar ações capazes de lesar o patrimônio dos brasileiros. Isso vale dizer que o povo brasileiro poderia se beneficiar com a saída do país, em definitivo, de certas pessoas, porque a sua permanência entre nós significa, na verdade, punição para os interesses nacionais, ou seja, quem acaba sendo condenado é o povo brasileiro, que poderia se livrar dos inescrupulosos gênios das maracutaias. Tratando-se do chefe da quadrilha, parece não haver dúvida de que ele conquistou essa importante função graças à sua aguçada sapiência criativa de grande idealizador. Ao contrário do que se pretende evitar, seria de bom alvitre que ele fugisse, ao invés de ir para a cadeia, ante o preocupante dito popular de que aquele recinto é a melhor faculdade para bandidos, onde eles têm excelente oportunidade para se reciclar e se aperfeiçoar mutuamente no mundo do crime. Ainda sem passar pelo estágio e pelas lições do submundo dos presídios infectos brasileiros, ele foi capaz de arrasar os cofres públicos e comprar a consciência de deputados, conforme atestam os ilustrados ministros da Corte Suprema do país, imaginem o estrago que ele será capaz de promover quando sair diplomado do xadrez. Com certeza, à luz das apurações constantes do mensalão, a sociedade seria beneficiada com vantagem se o “poderoso chefão” ficasse à vontade para deixar o país, após a conclusão do julgamento da quadrilha por ele chefiada, desde que se comprometa a nunca mais voltar à terra natal. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 08 de novembro de 2012

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