segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Eficiência para o exterior?

No seu último périplo pelo continente europeu, a presidente do Brasil ficou bastante à vontade para criticar as medidas de austeridade fiscal implementadas pelos países do velho mundo, para combater a forte crise econômica que arrasa o seu crescimento. Para ela, a receita para a salvação e saída do sufoco deve partir de políticas de investimentos públicos e privados, associadas à execução de programas sociais, em contraste com os simplistas pacotes de contenção de gastos, que não passam de equívocos inócuos. Na sua concepção, a confiança não se constrói com sacrifícios, mas com estratégias que mostrem resultados e horizontes de esperança. Segundo ela, a América Latina dá “demonstrações de dinamismo e de maior equanimidade social”. Num festival de inverdades, a mandatária disse que “O Brasil tem implementado medidas de estímulo sem comprometer a prudência fiscal”, afirmando que o país ampliou os investimentos públicos e privados em infraestrutura, reduziu a carga tributária sobre a folha de pagamento e fez reforma da previdência do serviço público. Quem não acompanha o governo do Brasil, vai imaginar que aqui essas declarações são verdadeiras, quando o que houve, na verdade, foram algumas medidas localizadas, para beneficiar as exportações e alguns setores, como o automotivo, nada mais do que isso, pois ninguém tem coragem de investir num país cujo custo de produção é um dos maiores do mundo, agravado pela pesada carga tributária. Não deixa de ser estranho a mandatária tupiniquim se atrever a atravessar o atlântico e pousar no primeiro mundo como modelo de eficiência econômica e de desenvolvimento, no momento em que o país atravessa sérias dificuldades principalmente na política econômica, com a inflação em ascensão e desempenho em declínio da produção industrial e das exportações, refletindo nos resultados inexpressivos do BIP e no crescimento das mazelas sociais, com o aumento alarmante da violência urbana, a deficiência da saúde pública e tantas carências que o Estado fica alheio aos reclamos da sociedade. Não se consegue entender os motivos pelos quais os mandatários brasileiros não percebem que a significância do desenvolvimento do Brasil não permite o aconselhamento aos países que estão ano-luz adiante em termos de modernização econômica, social e cultural, tendo peculiaridades diferentes do país tupiniquim, que não têm como se adaptar às medidas elaboradas para situações específicas, as quais não são semelhantes às suas questões. Conviria que os dirigentes brasileiros tivessem a dignidade de opinarem sobre questões de outras nações tão somente quando forem consultados, em consonância com o respeito aos princípios diplomáticos de não intervenção nas políticas internas dos Estados independentes. O Brasil deveria ter igual competência não para sugerir medidas, mas para solucionar as graves questões nacionais, porém o seu equacionamento, ao contrário, só se depara com entraves e aumento de dificuldades. A sociedade anseia por que os governantes pátrios sejam mais eficientes na busca junto aos países desenvolvidos da solução mágica para os problemas brasileiros, ao invés de sugerir o que os estrangeiros devem fazer para sair da crise que eles criaram. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de novembro de 2012

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