No seu último périplo pelo continente europeu, a
presidente do Brasil ficou bastante à vontade para criticar as medidas de
austeridade fiscal implementadas pelos países do velho mundo, para combater a forte
crise econômica que arrasa o seu crescimento. Para ela, a receita para a
salvação e saída do sufoco deve partir de políticas de investimentos públicos e
privados, associadas à execução de programas sociais, em contraste com os
simplistas pacotes de contenção de gastos, que não passam de equívocos inócuos.
Na sua concepção, a confiança não se constrói com sacrifícios, mas com estratégias
que mostrem resultados e horizontes de esperança. Segundo ela, a América Latina
dá “demonstrações de dinamismo e de maior
equanimidade social”. Num festival de inverdades, a mandatária disse que “O Brasil tem implementado medidas de estímulo
sem comprometer a prudência fiscal”, afirmando que o país ampliou os
investimentos públicos e privados em infraestrutura, reduziu a carga tributária
sobre a folha de pagamento e fez reforma da previdência do serviço público. Quem
não acompanha o governo do Brasil, vai imaginar que aqui essas declarações são
verdadeiras, quando o que houve, na verdade, foram algumas medidas localizadas,
para beneficiar as exportações e alguns setores, como o automotivo, nada mais
do que isso, pois ninguém tem coragem de investir num país cujo custo de produção
é um dos maiores do mundo, agravado pela pesada carga tributária. Não deixa de
ser estranho a mandatária tupiniquim se atrever a atravessar o atlântico e pousar
no primeiro mundo como modelo de eficiência econômica e de desenvolvimento, no
momento em que o país atravessa sérias dificuldades principalmente na política econômica,
com a inflação em ascensão e desempenho em declínio da produção industrial e das
exportações, refletindo nos resultados inexpressivos do BIP e no crescimento
das mazelas sociais, com o aumento alarmante da violência urbana, a deficiência
da saúde pública e tantas carências que o Estado fica alheio aos reclamos da
sociedade. Não se consegue entender os motivos pelos quais os mandatários
brasileiros não percebem que a significância do desenvolvimento do Brasil não
permite o aconselhamento aos países que estão ano-luz adiante em termos de
modernização econômica, social e cultural, tendo peculiaridades diferentes do
país tupiniquim, que não têm como se adaptar às medidas elaboradas para
situações específicas, as quais não são semelhantes às suas questões. Conviria
que os dirigentes brasileiros tivessem a dignidade de opinarem sobre questões
de outras nações tão somente quando forem consultados, em
consonância com o respeito aos princípios diplomáticos de não intervenção nas
políticas internas dos Estados independentes. O Brasil deveria ter igual
competência não para sugerir medidas, mas para solucionar as graves questões
nacionais, porém o seu equacionamento, ao contrário, só se depara com entraves
e aumento de dificuldades. A sociedade anseia por que os governantes pátrios sejam
mais eficientes na busca junto aos países desenvolvidos da solução mágica para
os problemas brasileiros, ao invés de sugerir o que os estrangeiros devem fazer
para sair da crise que eles criaram. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de novembro de 2012
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