Como a oposição tenciona envolver o ex-presidente petista
nos desdobramentos do mensalão, aproveitando o gancho deixado pelas supostas
declarações do operador desse famigerado esquema criminoso, o Palácio do
Alvorada preparou encontro com correligionários, aliados e outros
simpatizantes. Na ocasião, foi servido suculento jantar, tendo como principais cardápios,
isto é, temas apoio ao “todo-poderoso”, para, de forma eloquente, prestar desagravo
diante da “afronta” oposicionista; balanço das eleições municipais, com vistas
à reafirmação da parceria entre PT e PMDB, para presidente e vice-presidente da
República, na preparação das eleições de 2014; garantia de apoio do governo e
PT ao PMDB, quanto ao comando da Câmara Federal e do Senado Federal, a partir
de fevereiro vindouro; e o futuro do candidato peemedebista derrotado em São
Paulo, que deverá ser contemplado com o Ministério da Ciência e Tecnologia. Como
se pode perceber, o jantar foi regado por mensalão, com vistas a evitar que as declarações
atribuídas ao operador do esquema saqueador fomente crise capaz de arranhar a
imagem do ex-presidente; resultados das urnas e apoios diversos, tudo voltado
para discussão de temas de exclusivo interesse partidário, como forma de dourar
o prato preferido ao fortalecimento do poder e de outras matérias de somenos
significância nacional. No momento de crise por que passa o país, nem precisa o
oferecimento de fausto jantar para discutir pauta prioritária, como violência
pública, diante do recrudescimento da criminalidade e da insegurança, a exemplo
do destacado noticiário da mídia, principalmente nas metrópoles; carência de
leitos, equipamentos e instalações hospitalares, deixando a população
desassistida e em estado precário de saúde; deficiência da qualidade do ensino
público, sem perspectivas de melhoras; pífio crescimento econômico, demonstrado
pelo insignificante resultado do Produto Interno Bruto; e tantas outras mazelas
e problemas estruturais que parecem não sensibilizar às autoridades públicas,
que preferem perder tempo com agrados e apoios estranhos à realidade do país e
que, necessariamente, jamais deveriam compor o prato do dia do governo, por
dizerem respeito somente aos interesses partidários. Além de não ter sido
discutido no encontro assunto de interesse da sociedade, haja vista que os
temas abordados circunscrevem a questões inerentes ao cardápio dos convivas,
certamente os altíssimos custos das iguarias e bebidas oferecidas foram arcados,
sem o menor escrúpulo, pelos bestas dos contribuintes, quer diretamente pelos
cofres públicos ou pelo Fundo Partidário, que são abastecidos por eles, da
mesma forma com tributos. Não deixa de ser desconfortante para a sociedade
tomar conhecimento da existência de nababesco jantar, sabendo que o foco dos
assuntos tratados não se relaciona com as causas nacionais e o mais grave é ser
impossível impedir que esse tipo de indecência se realize às claras, em menosprezo
a tantas pessoas que precisam de assistência do Estado, mas não são atendidas
porque os temas nacionais deixam de ser discutidos como deviam, de maneira
prioritária. A sociedade tem o dever patriótico de rechaçar as mordomias
palacianas, sem vinculação com o interesse público, mas custeadas com o
dinheiro dos cidadãos e exigir seriedade no trato das graves questões nacionais.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de novembro de 2012
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