Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a Presidência da República teria despendido a
quantia de R$ 135,6 mil em publicidade oficial, contratando cinco jornais inexistentes
de São Paulo, os quais teriam forjado as publicações e as vincularam por Laujar
Empresa Jornalística S/C Ltda., com sede indicada num imóvel fechado e vazio,
em São Bernardo do Campo (SP). Embora nem mesmo exista, essa empresa figura em
11º lugar num ranking, pasmem, de 1.132 empresas que receberam recursos
públicos da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, para veicular
propaganda do atual governo em diários impressos, estando à frente de empresas tradicionais
e de reconhecida circulação no país, a exemplo dos jornais "Zero
Hora" e "O Dia", com circulação respectivamente no Rio Grande do
Sul e Rio de Janeiro. De acordo com a constatação, o Laujar não publica jornal
algum e os cinco títulos da empresa beneficiados pela Presidência não foram às bancas
do ABC Paulista, onde supostamente seriam editados, e muito menos cadastrados
em sindicato ou categoria editorial e são totalmente desconhecidos de
jornalistas e jornaleiros da região. Esse fato demonstra plena incompetência do
órgão incumbido da propaganda do governo, por permitir de maneira infantil e
sem o indispensável controle que recursos públicos sejam repassados para
empresas fictícias, não havendo registro da sua constituição, na forma da lei,
e nem mesmo prova do seu cadastro em órgão de classe ou em municípios, como
prestadoras de serviços de publicidade. Esse lamentável caso revela a gravidade
da aceitação de exemplares de jornal fajuto como meio de prova e de publicações
inexistentes, por serem fruto de fraude. Não deixa de ser estranho o fato de o
governo se servir de jornais inexistentes com a finalidade de fazer propaganda
federal, em nome da importante estratégica da realização de marketing, mesmo em
veículo falso, que possivelmente se destinaria à disseminação de campanha
publicitária favorável ao governo, quando seria muito mais proveitoso para a
sociedade se esses recursos de propaganda falsa fossem aplicados em programas
sociais sérios, muitos dos quais não são atendidos justamente por falta de
verba, que é desviada sem qualquer critério ou justificativa para a divulgação
oficial duvidosa, sem controle sobre a sua qualidade, eficiência ou resultado
quanto aos fins preconizados. A sociedade, no alto da sua sabedoria, tem
perfeitas condições de perceber quando há realizações, obras e empreendimentos
do governo em seu benefício e de avaliar, sem necessidade de propaganda,
publicidade ou marketing em jornais, não importando sua abrangência de
circulação, quando a atuação do seu representante é satisfatória e atende aos
anseios e às necessidades sociais, sendo dispensáveis os artificiais recursos
da propaganda, normalmente enganosa, a exemplo de tantas que são pagas e não
efetivadas. A contratação de 1.132 empresas de comunicação explica, de maneira consistente
e irrefutável, o absurdo do desperdício de dinheiro do contribuinte com publicidade
oficial. O episódio em comento demonstra claramente que o governo não prioriza a
execução das despesas públicas, que, em muitos casos, são realizadas sem a
necessária observância das normas aplicáveis ao Orçamento da União. A sociedade
tem o dever cívico de exigir que o governo priorize suas despesas em programas
essenciais, evitando que recursos públicos sejam gastos de forma leviana e
irresponsável como no caso das prescindíveis propagandas, muitas das quais
envolvendo empresas inexistentes. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de novembro de 2012
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