sábado, 17 de novembro de 2012

Fisiologismo infecto e contagioso

O prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, depois de respaldar, no último pleito, a candidatura tucana à Prefeitura de São Paulo, anunciou que vai apoiar a reeleição da presidente da República, em 2014, caso ela se candidate. Ele disse que "Meu sentimento é de apoiar a presidente Dilma e imagino que o sentimento da maioria do partido também seja essa, mas temos que aguardar uma decisão oficial do partido. O que a maioria decidir será acatado por todos". As declarações desse político coincidem com a aprovação, pela Câmara Federal, do projeto que cria a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. A criação desse órgão tem por finalidade atraí-lo para o lado do governo federal, uma vez que o seu nome é tido por certo para assumir essa pasta, que tem status de ministério. Perguntado acerca da possibilidade de assumir um ministério no governo, ele confirmou que "terá que trabalhar com o governo" e "No momento não estamos pensando nisso e isso não está sendo o fator primordial para apoiar o governo. Porém, se ficarmos com o governo, teremos que trabalhar com o governo". Pode-se se inferir, das suas afirmações que a ocupação do cargo de ministro será “enorme” sacrifício, como se essa classe política, que vive sonhando com cargos importantes, não fosse capaz de fazer miséria para ser ministro, porque isso se torna excelente oportunidade para alguém não somente continuar na vida pública sem produzir absolutamente nada para a sociedade nem para o país, a exemplo da absurda quantidade de órgãos chinfrins com status de ministério obsoletos, dispensáveis, dispendiosos e improdutivos, mas em especial pela facilidade ímpar de arranjar expressiva quantidade de empregos para incompetentes correligionários, aliados partidários e outros afilhados assemelhados. Além de poder influenciar nas facilidades de contratação de empresas financiadoras de campanhas eleitorais, de conseguir recursos para ONGs fajutas de amigos e familiares e de usufruir das nababescas mordomias próprias da titularidade do cargo. A tentação ao fisiologismo é algo vergonhoso e irresistível não apenas desse cidadão. Veja-se que ele criou seu partido com a ideologia de ter autonomia e independência quanto ao apoio principalmente ao governo. Agora vem com o maior descaramento dizer que apoia a reeleição da presidente da República, justamente na iminência de ser agraciado, de forma ridícula, com uma pasta ainda criada na Esplanada mais famosa do país. Não menos indigna é a atitude da presidente que, ao invés de enxugar a máquina pública, como medida necessária à austeridade dos gastos públicos, decidiu criar um órgão para agradar esse oportunista e carreirista político. Essa rápida adesão do prefeito de São Paulo ao PT apenas confirma o deplorável e desmoralizado cenário político brasileiro, cujos líderes se vendem facilmente por órgão público, como verdadeira moeda de troca por apoio político. É pena que o povo não perceba a falsidade e a enganação dos chamados “moralistas”, que defendem bonitas ideologias e conquistam o poder, mas praticam fisiologismo infecto e indigno em proveito pessoal. Urge que a sociedade desperte sobre a real, cruel e pobre mentalidade dos políticos brasileiros, que têm como único propósito a conquista do poder e o usufruto das benesses proporcionadas pelos recursos dos brasileiros. Acorda, Brasil!

 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 16 de novembro de 2012

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