Os sertanejos do semiárido
paraibano e de resto da região Nordeste estão sendo obrigados a enfrentar uma
das piores e mais violentas secas dos últimos anos, conforme o cenário de
horror deflagrado com a longa estiagem, causando terrível falta d’água quase
generalizada e imerecido castigo às pessoas e aos animais. Não existindo água,
consequentemente as pessoas têm enorme dificuldade para sobreviver, devido à
escassez também de alimentos. O quadro de calamidade e de terror já atingiu o seu
grau extremo, aflorado pelo extermínio de animais pelas impiedosas sede e fome.
A beleza da paisagem nordestina se transformou em autêntico e tristonho mar de animais
dizimados pela violência da seca, sem que o seu proprietário tenha condição de
evitar a catástrofe e salvá-los, diante de suas já minguadas forças e da falta
dos indispensáveis meios e recursos apropriados, que não aparecem nessa hora de
clamor e de perversidade contra o povo e os animais. A pouquíssima ajuda dos
governos, federal e estadual, serve tão somente de verdadeiro paliativo, por
não resolver a crise e ainda contribuir para agravar a aflição e o desespero,
porquanto não há a imprescindível sensibilidade por parte das autoridades
púbicas para com o estado deplorável pelo qual o homem do campo é obrigado enfrentar
solitariamente na sua mais grave dor. Além do evidente desamparo e da falta de
apoio das instituições públicas, o sertanejo convive, de forma dolorosa, com a
perda do seu precioso e sagrado animalzinho de criação, sempre cuidado por ele com
inexcedíveis carinho, dedicação e sacrifício, visto que um e outro fazem parte
da difícil história de labuta do dia a dia do bravo e forte nordestino. O que
mais causa decepção diante desse quadro calamitoso é a evidente falta de
efetiva ação e presença dos governos, não somente neste momento crucial, mas
antes mesmo que a situação se agravasse a ponto de se tornar incontrolável e de
difícil de reversão do quadro atual, o que teria evitado enormes sofrimentos e
perdas dos animais, que não têm mais como recuperá-los. Também não se
compreende como as autoridades públicas se mantêm insensíveis aos problemas
crônicos do povo nordestino, sempre castigado pelos eternos efeitos das secas
inclementes, não merecendo a devida e plena atenção de quem tem o dever
constitucional de amparar as pessoas atingidas por calamidades públicas, como
essa seca, mediante políticas capazes de assegurar obras estratégicas
suficientes para solucionar ou, ao menos, amenizar a tragédia que arrasa as
forças do sempre bravo sertanejo. Ele somente é lembrado nas campanhas
eleitorais, sendo alvo, nessas ocasiões, de rasgados elogios e de reconhecimento
quanto à sua braveza e resistência às constantes dificuldades, enfrentadas com
resignação os tenebrosos e longos períodos de seca. Não se pode olvidar a
existência das obras de transposição do Rio São Francisco, que, apesar de abusivas
propagandas governamentais, arrasta-se a passos de tartaruga e tem servido de precioso
canal para desvio de dinheiros públicos. Além disso, trata-se de obra faraônica
que não resolve a plenitude da questão da seca, por abranger apenas determinadas
localidades, e o seu altíssimo custo tem sido motivo de questionamentos, por
ter triplicado o seu valor desde a origem das contratações, em razão da incompetência
do governo, diante da falta de gerenciamento, e da notória ausência de controle
sobre a aplicação dos recursos pertinentes. Urge que as autoridades públicas
sejam sensíveis aos martírios dos destemidos nordestinos e capazes de adotar
efetivas e eficientes medidas políticas públicas, tendo por base um conjunto de
micro e macro ações que sirvam não somente de paliativo ao seu sofrimento, mas de
definitiva solução dos males causados pelas secas devastadoras. Help para os
bravos nordestinos...
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de novembro de 2012
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