sábado, 24 de novembro de 2012

Penalidades justas aos corruptos


O ex-ministro da Casa Civil da Presidência da República, condenado com pena de mais de dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal, pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, afirmou que "Nós temos que fazer o julgamento do julgamento agora. Nós não temos medo da verdade dos autos, porque nos autos está a prova da nossa inocência. Nos autos, lá no Supremo Tribunal Federal, na ação penal 470, nos votos dos ministros que são públicos, está a teoria do domínio do fato sem prova, está que não se pode condenar por presunção, que as testemunhas de acusação estão sob suspeição, não está o contraditório, que não foi feito. Então nós não precisamos apelar, nós podemos fazer um enfrentamento político, um enfretamento jurídico, conforme os autos. E temos que fazer na sociedade, como este ato aqui hoje, que é uma demonstração da nossa força. Temos que reproduzi-lo em todo o país, não só no estado.”. Ele disse ainda que o julgamento foi politizado e feito sob intensa pressão da imprensa, tendo sido escolhida a questão da ética contra a corrupção, tema da história sempre usado pela direita para chegar ao poder, pela via golpista, em despreza ao meio democrático. Para ele, a batalha contra a oposição "não pode ser em um campo onde eles têm a hegemonia e o controle" e "Nós temos que retomar a batalha no campo da mobilização popular, sindical, social e política. Nós temos que ter uma agenda de reformas para o país. Evidente que temos de travar esse combate jurídico e também político, fazendo os recursos em todas as instituições, inclusive as internacionais.". De conformidade com o relator do mensalão, o ex-ministro foi o "mandante" do esquema de pagamentos a deputados de partidos da base aliada em troca de apoio político ao governo do ex-presidente petista. Não há a mínima dúvida de que o pensamento do líder petista contém bastante equívoco e contrasta com a convicção de significativa parte dos brasileiros, que cultua princípios de decência e de honorabilidade sobre a gestão dos recursos públicos, não concordando que eles possam ser desviados para os fins objetivados na compra de votos de parlamentares, para apoio político ao governo algum. Os brasileiros de caráter se regozijam com as condenações aos todo-poderosos, que ainda se julgam acima de tudo e da lei, mas entendem que as penalidades aplicadas não condizem com a gravidade dos crimes cometidos contra o patrimônio público e a sociedade. Não obstante, o resultado do julgamento passa para história como marco jurídico, servindo de lição para os políticos e agentes públicos, quanto à necessidade da estrita observância aos princípios da ética, moralidade e legalidade na execução das verbas públicas. Impende se observar que, no Estado Democrático de Direito, o julgamento da competência privativa do Poder Judiciário se fundamenta nas provas materiais, testemunhais, periciais e demais elementos capazes da formação de convicção e juízo sobre a culpabilidade dos crimes denunciados, respeitados os direitos da ampla defesa e do contraditório, por força dos princípios insculpidos na Carga Maga. No caso do famigerado mensalão, a Suprema Corte de Justiça observou rigorosamente os ritos fundamentais exigidos para o julgamento desse escândalo, restando provadas, de forma cabal, as culpas do ex-ministro da Casa Civil e de seus asseclas, que agora esperneiam sem razão. A sociedade anseia por que a competência do Poder Judiciário continue inabalável, não se curvando às ameaças dos falsos brasileiros, que alcançaram o poder por meio da corrupção e de trapaças, como se isso fosse normal. Acorda, Brasil!


ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 24 de novembro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário