terça-feira, 16 de abril de 2013

A economia maltratada

Na ebulição das discussões sobre as perspectivas para a inflação no ano, a presidente da República declarou enfaticamente que "Eu não concordo com políticas de combate à inflação que 'olhem' a questão do crescimento econômico, até porque temos uma contraprova dada pela realidade: tivemos um baixo crescimento no ano passado e um aumento da inflação, porque houve um choque de oferta devido à crise e fatores externos". O certo é que o governo tenta driblar as tenebrosas marés da economia, com medidas ineficazes, embora se metido numa verdadeira encruzilhada financeira. Diante das circunstâncias de mercado, ele precisa, num extremo, implementar medidas com vistas à retomada do crescimento do país, que teve pífio e inexpressivo desempenho de 0,9% no ano passado, mas, em contraposição, não pode perder o controle dos mecanismos de combate à inflação. Na verdade, muitas políticas fiscais e monetárias expansionistas, adotadas apenas em setores específicos, a exemplo da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados, no caso dos automóveis, e da taxa básica de juros, com a finalidade de turbinar o consumo e servir de impulso à retomada do crescimento, pode ter contribuído com efeito contrário aos planos de combate à inflação, deixando a equipe econômica batendo cabeças, à procura de solução menos traumática, como a inevitável alta dos juros. Parece muito engraçado o governo achar, embora em harmonia com a costumeira filosofia petista, que a inflação está sob controle, pois, para ele, há apenas alterações e flutuações conjunturais. Não obstante, a realidade mostra que a inflação se robustece e tenta fugir do controle das autoridades monetárias, que não enxergam outra medida senão promover a alta dos juros, em que pese tratar-se de medida impopular e indigesta para a presidente, por contrariar visceralmente sua defesa quanto à queda drástica dos juros. Só que o governo sofre pressão dos mercados para segurar a inflação, mediante o inevitável reajuste dos juros para cima, sob pena de dificultar a manutenção dos preços em patamar estável, fato que seria desastroso para a campanha da reeleição da presidente, que vem sustentando sua credibilidade com mais força no pilar do controle inflacionário, mas há sério risco de que seu descontrole possibilite real sabotagem ao tão sonhado crescimento econômico. Só o governo não percebe que pouco investimento em obras públicas, em obras fundamentais ao desenvolvimento, a exemplo das ferrovias, dos portos, das estradas e de outros grandes empreendimentos, com o objetivo de facilitar o desempenho da produção e do crescimento do país, ao invés de gastos desmedidos em atividades do Estado, com a manutenção da máquina pública pesada, com quase 40 ministérios, muitos dos quais totalmente dispensáveis e outros tantos ineficientes, que servem apenas de cabide de empregos, resulta fatalmente em enormes dificuldades para o desempenho da economia, que ainda se juntam aos gargalos impostos pelo terrível custo Brasil, que impossibilita aberturas para a competitividade da produção nacional. Enquanto perdurar a incompetência governamental, resistente à promoção das indispensáveis reformas estruturais, como a fiscal, econômica, tributária, administrativa, previdenciária, entre outras, o país continuará andando para trás, com crescimento ridículo, acanhado e decepcionante, incompatível com as suas potencialidades econômicas, posicionadas na sexta do mundo. A forma intranquila como a presidente vem se manifestando, quando se refere aos fatores econômicos, em especial inflação e taxas básicas de juros, transparece que ela se encontra incomodada, na busca de saídas mágicas, como se uma vara de condão fosse capaz de driblar a incompetência da equipe palaciana. Urge que o país seja administrado por pessoas qualificadas e especializadas nas áreas estratégicas de governo, para que as medidas econômicas sejam revestidas de racionalidade de eficiência.  Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 15 de abril de 2013

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