Na
ebulição das discussões sobre as perspectivas para a inflação no ano, a
presidente da República declarou enfaticamente que "Eu não concordo com políticas de combate à inflação que 'olhem' a
questão do crescimento econômico, até porque temos uma contraprova dada pela
realidade: tivemos um baixo crescimento no ano passado e um aumento da
inflação, porque houve um choque de oferta devido à crise e fatores
externos". O certo é que o governo tenta driblar as tenebrosas marés da
economia, com medidas ineficazes, embora se metido numa verdadeira encruzilhada
financeira. Diante das circunstâncias de mercado, ele precisa, num extremo,
implementar medidas com vistas à retomada do crescimento do país, que teve
pífio e inexpressivo desempenho de 0,9% no ano passado, mas, em contraposição, não
pode perder o controle dos mecanismos de combate à inflação. Na verdade, muitas
políticas fiscais e monetárias expansionistas, adotadas apenas em setores
específicos, a exemplo da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados,
no caso dos automóveis, e da taxa básica de juros, com a finalidade de turbinar
o consumo e servir de impulso à retomada do crescimento, pode ter contribuído com
efeito contrário aos planos de combate à inflação, deixando a equipe econômica
batendo cabeças, à procura de solução menos traumática, como a inevitável alta
dos juros. Parece muito engraçado o governo achar, embora em harmonia com a
costumeira filosofia petista, que a inflação está sob controle, pois, para ele,
há apenas alterações e flutuações conjunturais. Não obstante, a realidade
mostra que a inflação se robustece e tenta fugir do controle das autoridades
monetárias, que não enxergam outra medida senão promover a alta dos juros, em
que pese tratar-se de medida impopular e indigesta para a presidente, por
contrariar visceralmente sua defesa quanto à queda drástica dos juros. Só que o
governo sofre pressão dos mercados para segurar a inflação, mediante o
inevitável reajuste dos juros para cima, sob pena de dificultar a manutenção
dos preços em patamar estável, fato que seria desastroso para a campanha da
reeleição da presidente, que vem sustentando sua credibilidade com mais força no
pilar do controle inflacionário, mas há sério risco de que seu descontrole possibilite
real sabotagem ao tão sonhado crescimento econômico. Só o governo não percebe
que pouco investimento em obras públicas, em obras fundamentais ao
desenvolvimento, a exemplo das ferrovias, dos portos, das estradas e de outros
grandes empreendimentos, com o objetivo de facilitar o desempenho da produção e
do crescimento do país, ao invés de gastos desmedidos em atividades do Estado,
com a manutenção da máquina pública pesada, com quase 40 ministérios, muitos
dos quais totalmente dispensáveis e outros tantos ineficientes, que servem
apenas de cabide de empregos, resulta fatalmente em enormes dificuldades para o
desempenho da economia, que ainda se juntam aos gargalos impostos pelo terrível
custo Brasil, que impossibilita aberturas para a competitividade da produção
nacional. Enquanto perdurar a
incompetência governamental, resistente à promoção das indispensáveis reformas
estruturais, como a fiscal, econômica, tributária, administrativa,
previdenciária, entre outras, o país continuará andando para trás, com
crescimento ridículo, acanhado e decepcionante, incompatível com as suas potencialidades
econômicas, posicionadas na sexta do mundo. A forma intranquila como a
presidente vem se manifestando, quando se refere aos fatores econômicos, em
especial inflação e taxas básicas de juros, transparece que ela se encontra
incomodada, na busca de saídas mágicas, como se uma vara de condão fosse capaz
de driblar a incompetência da equipe palaciana. Urge que o país seja
administrado por pessoas qualificadas e especializadas nas áreas estratégicas
de governo, para que as medidas econômicas sejam revestidas de racionalidade de
eficiência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de abril de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário