O ministro da Integração Nacional acaba de revelar projeção
preocupante para o Estado da Paraíba, cuja população deve continuar sendo castigada
pelos efeitos da inclemente e desafiadora seca, pelo menos até o final de 2014.
Esse temível vaticínio tem por base o resultado de pesquisas climáticas, dando conta
de que a estiagem se estenderá por bastante tempo, permitindo que as chuvas sejam
escassas no Nordeste. No caso da Paraíba, a situação é agravada por
consequência dos baixos reservatórios de água, em quantidade estimada em 33% da
sua capacidade. O ministro disse que “As
previsões já se confirmaram e as chuvas que ocorreram foram iguais ou
inferiores às do ano passado. Estamos caminhando para o segundo ano de seca e
com os reservatórios com níveis mais comprometidos, o que aumenta muito nosso
desafio para garantir o amparo aos mais castigados pela estiagem”. Ele
afirmou que o Governo combaterá um pouco os efeitos drásticos da seca com a construção,
até dezembro de 2014, de 750 mil cisternas e a perfuração, até o final de 2013,
de 2.500 poços artesianos, com dispêndios estimados no montante de R$ 9
bilhões. O ministro anunciou o reforço do fornecimento de água por meio de
carros pipas, da garantia safra, da bolsa estiagem e da renegociação das
dívidas dos pequenos produtores rurais. As questionadas obras referentes à
transposição do Rio São Francisco serão retomadas a partir de maio, que
contarão com a participação de 8,3 mil trabalhadores, cuja conclusão está
prevista para o final de 2015. Não deixa de ser decepcionante
acompanhar as tristes notícias sobre a continuação das secas, concomitante aos
reiterados descasos das autoridades públicas acerca do drama dos nordestinos,
permitindo que se perpetue a situação de penúria e de crise generalizada, sem
que haja adoção de medidas efetivas para sanear definitivamente o caos por que
passa a gente sofrida do Nordeste. Agora, o mais intrigante de tudo isso é se
perceber que, inversamente ao massacre causado pela impiedosa seca, os
nordestinos ainda têm a indignidade de aprovar, com índices elevados, a atuação
do governo totalmente alienado sobre a questão da seca. O mais incrível é que essa
aprovação chega a superar as demais regiões do país, que não passam por
situação tão lamentável como a da estiagem. Seria importante que o sertanejo, o
nordestino de fibra, tivesse dignidade e coragem de se expressar com
fidelidade, repudiando o descaso e a omissão das autoridades públicas, que não
exercem a competência constitucional de proteger e amparar as pessoas e os
animais envolvidos pelos infortúnios da seca. Os nordestinos têm todo direito
de exigir tratamento humano de qualidade, com vistas a combater, de forma
satisfatória, não somente a atual situação periclitante, mas as principais
causas das devassadoras secas, que já se tornaram frequentes. Já passou do
tempo de o governo adotar efetivas e permanentes medidas, não somente nas
épocas das estiagens. O nordestino tem a obrigação de reagir e se insurgir
contra a morosidade das poucas e ineficazes ações governamentais, com a finalidade
de atender com a devida justiça e presteza suas necessidades prementes e fundamentais.
Basta de conivência com a falta de ação e a despreocupação do governo, apenas
pródigo em promessas, como aquelas anunciadas acima, mas ineficiente e ineficaz
quanto à solução dos problemas de extrema gravidade, que vêm dizimando a
consciência, a dignidade e a vida dos bravos nordestinos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de março de 2013
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