segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Igreja na contramão da sociedade?

No encerramento da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, seus integrantes se posicionaram contra qualquer medida objetivando a redução da maioridade penal, tendo o seu presidente afirmado que o Estado "Precisa abordar o tema de maneira mais ampla, identificar suas causas, que se encontram sobretudo na desagregação familiar, na falta de oportunidades para esses adolescentes, na insuficiência de políticas públicas por parte do Estado, na banalização da vida, no narcotráfico que recruta esses jovens e na falta de segurança. Reduzir a maioridade penal é simplificar o problemas que provavelmente não será resolvido". Não deixa de ser curioso que os bispos fiquem discutindo, por nove dias, as questões da Igreja e, como se eles nada tivessem para ser examinado internamente, reaparecem opinando contrariamente sobre questão alheia à sua competência, por se tratar de casos afetos a instâncias do Estado, que têm a obrigação de intensificar medidas capazes de combater a grave e inaceitável violência prejudicial à sociedade, diante da agressividade e perversidade dos menores de idade, marmanjos até dezoito anos de idade, que, conscientes do salvo conduto do Estado, com respaldo na Carta Magda, matam, estupram, assaltam, roubam e cometem os piores crimes, até mesmo os hediondos, permanecendo impunes e estimulados à continuidade das atrocidades. Mesmo diante da calamidade deflagrada contra as pessoas, que se sentem prejudicadas, injustiçadas, diante da inércia das autoridades públicas, na sua irresponsável inércia e incompetência gerencial, entendem que a redução da maioridade penal é simplesmente inconstitucional, como se uma lei do país, por mais magna que seja, possa ter mais importância do que a sublime vida humana. Um país que não tem competência para entender que as leis são criadas justamente para proteger a vida das pessoas e garantir segurança e ordem pública não merece a mínima credibilidade. Aliás, nem é o país que não deva merecer respeito, mas sim seus dirigentes que, na atualidade, têm a indignidade de dizer que administra uma nação, cujos filhos são assassinados, violentados na sua integridade e nos seus direitos de cidadania, em nome da constituição que deveria ter por princípio a proteção das pessoas de bem e não a dos bandidos. No Estado Democrático de Direito, todos têm direito a se manifestar, se organizar e defender posições e interesses, salvo a Igreja Católica, que, por sua índole essencialmente de instituição religiosa, não deveria se imiscuir em questões estritamente políticas, embora com viés social, cuja solução foge à sua competência. Em harmonia com os princípios cristãos, caberia à Igreja, quando muito, oferecer sugestões como linhas de ação capazes de contribuir para o saneamento do problema enfrentado pela sociedade, à vista da cristalina incompetência dos Poderes Executivo e Legislativo, que se posicionaram contrários à redução da maioridade penal, mas permaneceram mumificados diante da gravidade da violência que grassa o país e martiriza cruelmente a sociedade. Caberia às autoridades públicas a iniciativa da aprovação de instrumentos capazes de proteger a população, inclusive de leis e de medidas eficientes de combate à violência. Por falta de elementos, não se pode afirmar que a Igreja vem cumprindo satisfatoriamente a sua principal missão evangelizadora e se ela tem medida objetivando esclarecer menores quanto à necessidade de eles respeitarem a dignidade da vida humana e a integridade do patrimônio das pessoas, mas se pode dizer que, ao opinar sobre matéria que não tem competência nem lhe diz respeito, ela perde credibilidade, quanto mais em se tratando de questão que a população clama por medidas saneadoras. O esvaziamento dos templos pode ser explicado pela abdicação dos religiosos de cuidar exclusivamente dos assuntos pastorais e espirituais da igreja, contrariando os ensinamentos e os princípios instituídos por Jesus Cristo, quanto à pregação do Evangelho ao seu rebanho. A opinião em apreço é despropositada, por seguir na contramão da sociedade, que pretende não somente a redução da maioridade penal, mas a punição dos criminosos. A sociedade anseia por que a CNBB se digne, com inspiração nos ensinamentos de Jesus Cristo e em obediência aos princípios essenciais do catolicismo, a se preocupar exclusivamente com a sua missão religiosa, com apego ao amor ao próximo e à fraternização entre as  pessoas, sem embargo de oferecer sugestões aos poderes competentes, com vistas a subsidiar o combate à criminalidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 21 de abril de 2013

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