sexta-feira, 5 de abril de 2013

Afronta aos direitos humanos

Com absoluta certeza, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados nunca esteve tão em evidência na mídia e opinião pública, tendo ganhado enorme notoriedade após o imbróglio surgido pela escolha do seu novo presidente, o deputado pastor, extremamente criticado por suas posições homofóbicas e racistas. Trata-se de uma das comissões que mais se identificam e se relacionam com os brasileiros, em razão de os assuntos nela discutidos terem vinculação às minorias, além dos debates de questões de interesse da sociedade, diretamente relacionados a direitos humanos. Ocorre que os trabalhos da comissão vêm sendo tumultuados, em virtude das pressões exercidas por pessoas com interesses contrariados pelas posições polêmicas, divulgadas pelo seu presidente, contendo ofensas aos direitos das minorias, mais precisamente dos homossexuais e afrodescendentes. Diante desse fato, ele ainda não conseguiu presidir integralmente uma única reunião da comissão, em virtude da mobilização pública contrária à sua permanência no cargo. Acuado no seu próprio território, o presidente teve a infeliz ideia de restringir o comparecimento do público nas reuniões da comissão, que somente será permitida a entrada na sala de deputados, de assessores e da imprensa. Em tese, seria o mesmo que dizer que o povo está proibido de frequentar a sua Casa, como costuma ser denominado o Congresso Nacional. Ao impedir a entrada de pessoas para assistir aos trabalhos do colegiado, o parlamentar demonstra atitude truculenta contra a democracia, evidenciando ainda que algo está errado no Parlamento brasileiro, que passa a angariar ainda mais antipatia da sociedade, notadamente com relação ao presidente da comissão. Esse fato contribui para acirrar os ânimos da opinião pública, deixando a situação da instituição Congresso Nacional bastante complicada, para não dizer na berlinda, por contrariar os salutares princípios democráticos da transparência e da participação do povo nas atividades legislativas. Esquece o presidente da comissão que o parlamentar é o lídimo representante do povo, sendo que este ainda é compulsoriamente responsável pela manutenção altamente onerosa do Parlamento desacreditado, em razão justamente da falta de seriedade quanto ao respeito aos princípios do decoro, da ética e da moralidade por parte de seus integrantes. Esse perigoso precedente de restringir acesso do povo aos trabalhos do Congresso contraria princípios constitucionais da liberdade de ir e vir e da livre expressão, não sendo condizente com os preceitos democráticos. Não à toa que o Congresso é objeto de reiteradas críticas em razão do comportamento ético de seus integrantes, que, apesar da sua fama negativa, diante da pouca vocação ao trabalho, já que foi oficializado o comparecimento dos parlamentares ao Congresso somente de terça e quinta-feira, e ainda do envolvimento de congressistas em casos de corrupção com recursos públicos, a exemplo dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, nunca o Parlamento deixou de ser a Casa do povo. Muito embora, algumas pessoas prefiram não considerar o Congresso a Casa do povo, uma vez que, se realmente ele fosse o que se costuma dizer, muitos parlamentares seriam impedidos de frequentá-lo, exatamente por não preencherem os essenciais requisitos da moralidade e do decoro, que se exigem das pessoas públicas. Conviria que os homens públicos se conscientizassem sobre a urgente necessidade de respeitar os princípios fundamentais da democracia, como forma de contribuir para o fortalecimento das relações entre as pessoas, que têm pleno direito de se manifestar, se expressar e agir livremente, em harmonia com as garantias e os princípios constitucionais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 05 de abril de 2013

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