Conforme reportagem veiculada pelo jornal Folha de S. Paulo, o presidente da
Câmara dos Deputados, em pouquíssimo tempo após a sua posse, não resistiu à
pomposa promessa, apresentada no início da sua gestão, de recuperar a imagem do
Legislativo e conter gastos, ao mandar instalar uma cobertura ao lado da
piscina na sua residência oficial e adquirir roupas de cama de alto padrão, estas
no montante de R$ 4 mil. Somente um jogo de lençol para casal custou a cifra de
R$ 599,00, que corresponde ao preço de lençol 600 fios, toque acetinado e puro
algodão. Como faz parte da praxe, sempre que autoridade assume cargo no alto
escalão, nada mais importante do que satisfazer suas paixões mediante a
realização das reformas no seu gabinete e na sua luxuosa mansão que ela faz
jus. No caso, a mansão destinada ao parlamentar tem 800 metros quadrados de
área útil, quatro quartos, escritório, sala de jantar, piscina etc. As
reformas, as mudanças e o reequipamento das instalações sempre são promovidos
logo imediatamente à sua ocupação, sendo considerados absolutamente
necessários, tendo em vista que as despesas pertinentes são pagas pelos bestas
dos cidadãos. Considerando
a vasta experiência na vida política de Sua Excelência, com longa carreira de
mais de quarenta anos de atividade congressista, sendo o mais antigo na Câmara,
onde progrediu politicamente e construiu “modesto” império no setor de
comunicações, esses gastos com reformas e reequipamento da residência funcional
não devem passar de bobagem, justamente por serem atendidos pelos cofres
públicos, que sempre têm sido costumeiro manancial para a satisfação das vontades,
das mordomias e dos abusos dos políticos inescrupulosos, que ignoram os sadios
princípios da economicidade que deveriam ser exigidos dos homens públicos. A
atitude do parlamentar potiguar representa verdadeiro acinte à realidade do
povo brasileiro, que recente de assistência médico-hospitalar, pela
precariedade do atendimento à saúde púbica, sempre carente de recursos; de
ensino de qualidade, ante a falta de investimentos na educação; de segurança
pública, diante do descaso das autoridades quanto à deficiência reinante no conjunto
policial; de infraestrutura, saneamento básico; e de tantas outras mazelas que
se espraiam pelos brasis afora, exatamente por falta de recursos. Nada disso é
levado em conta pelas autoridades públicas, que gastam com supérfluos e com
arranjos dispensáveis, ante a insensibilidade quanto às necessidades básicas de
muitos brasileiros. Além da notaria escassez de recursos para a execução de
políticas públicas essenciais, que, por si só, já não justificaria a farra com
dinheiro público, as atividades executadas pelos parlamentares ficam longe de
corresponder aos altíssimos vencimentos, aos auxílios diversos, às verbas de
representação, às ajudas abundantes e às demais mordomias, todos despendidos de
forma desmedida, em razão de não produzirem o suficiente para o atendimento dos
objetivos para os quais tenham sido eleitos, quais sejam, trabalhar com exclusividade
para o benefício do país e da sociedade. Ainda conspira contra os deputados o
foto de eles terem aprovado o seu comparecimento ao trabalho semanal somente de
terça a quinta-feira, enquanto os demais servidores públicos são obrigados a
trabalhar 40 horas semanais. A sociedade tem o dever cívico de repudiar o
esbanjamento de recursos públicos pelos congressistas e exigir que eles primem
pela austeridade na execução das despesas, que devem ser despendidas exclusivamente
com as atividades essenciais do serviço público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de abril de 2013
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