Ainda
hoje, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve decidir se
mantém a taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ou se vai alterar esse
percentual para cima, que tem sido ferramenta apropriada para conter a
inflação. Entretanto, a presidente da República já se antecipou, declarando
que, se houver necessidade de serem elevados os juros, isso será feito em um
"patamar bem menor", tendo
em vista que o Brasil tem hoje uma "taxa
de juros real bem baixa". A presidente afirmou que “Mantivemos a capacidade de buscar um maior equilíbrio
entre as variáveis macroeconômicas, que é mudar o patamar de juros no Brasil.
Nós jamais voltaremos a ter aqueles juros em que qualquer necessidade de mexida
elevava os juros para 15% porque estava em 12% a taxa de juros real. Hoje, nós
temos uma taxa de juros real bem baixa. Qualquer necessidade para combater a
inflação será possível fazer em patamar bem menor”, tendo concluído: “Quero adentrar pela questão da inflação e
dizer a vocês que a inflação foi uma conquista (sic) desses dez últimos anos do governo do presidente Lula e do meu
governo. Que nós não negociaremos com a inflação. Nós não teremos o menor
problema em atacá-la sistematicamente...”. No discurso, a presidente rebate
o pessimismo especializado e de plantão, que nunca enxerga as conquistas do
governo, preferindo achar que a catástrofe está próxima. Ela disse que estava otimista
com o Brasil, por ter “... certeza que
nós vamos colher aquilo que plantamos e plantamos muitas sementes e hoje aqui
acabamos de plantar mais uma”. Quando a presidente afirma que não é
necessário sacrificar o crescimento econômico para combater a inflação, ela despreza
os princípios reguladores de mercado, por temer que os resultados econômicos não
prejudiquem seus planos da reeleição. É inacreditável que, com a generalização
dos preços nas nuvens, alguém continue aceitando, segundo anuncia o governo, a inflação
de 6%. Não há dúvida de que o povo está sendo enganado, em nome dos interesses
oficiais, que têm o poder de manipular, não somente os elementos e índices
econômicos, mas os otários dos brasileiros, que são obrigados a aceitar
inverdades, sem protestar, e muitos ainda têm a indignidade de aplaudir a
incompetência palaciana, como se estivesse vivendo nos melhores dos mundos.
Enquanto o povo sente-se feliz com as manobras exclusivamente politiqueiras, o
governo se esbanja com os escassos recursos dos brasileiros com a manutenção da
pesada e ineficiente maquina pública, que serve para acomodação dos partidos da
base de sustentação do governo. Conforme evidencia a indignação da presidente
da República, ante o crescimento da inflação, o governo brasileiro pretende
segurá-la no grito, técnica diametralmente destoante das regras científicas que
devem reger a economia. É muito estranho que a mandatária do país tente ditar o
melhor procedimento a ser adotado para controlar o dragão da inflação, numa
ingerência descabida e indevida nas áreas monetárias e econômicas, que devem
exercer suas atribuições com base estritamente no desenrolar do mercado, sem
contrariedade aos princípios racionais do gerenciamento eficiente. Porém,
quando alguém diz que, se algo for necessário ser feito, vai ser realizado em
grau bem menor, significa dizer que não será respeitado o entendimento das
conclusões técnicas, mas sim executada a vontade de quem tem o poder, ferindo completamente
as regras democráticas, naturalmente em detrimento dos interesses nacionais.
Trata-se, sem dúvida, de medida desesperada e arbitrária de quem pensa apenas
nos planos eleitoreiros, na defesa da perenidade no poder, como ideologia
compatível com política paroquiana, pensando nas realizações pessoais, em
desprezo às causas maiores da nação. Urge que as opiniões das equipes
especializadas, que são capazes de aquilatar a verdadeira situação econômica, sejam
plenamente respeitadas, com vistas à adoção das medidas apropriadas para os
casos evidenciados e carentes de saneamento, em consonância com os interesses
nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de abril de 2013
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