quarta-feira, 17 de abril de 2013

Economia no grito


Ainda hoje, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve decidir se mantém a taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ou se vai alterar esse percentual para cima, que tem sido ferramenta apropriada para conter a inflação. Entretanto, a presidente da República já se antecipou, declarando que, se houver necessidade de serem elevados os juros, isso será feito em um "patamar bem menor", tendo em vista que o Brasil tem hoje uma "taxa de juros real bem baixa". A presidente afirmou que “Mantivemos a capacidade de buscar um maior equilíbrio entre as variáveis macroeconômicas, que é mudar o patamar de juros no Brasil. Nós jamais voltaremos a ter aqueles juros em que qualquer necessidade de mexida elevava os juros para 15% porque estava em 12% a taxa de juros real. Hoje, nós temos uma taxa de juros real bem baixa. Qualquer necessidade para combater a inflação será possível fazer em patamar bem menor”, tendo concluído: “Quero adentrar pela questão da inflação e dizer a vocês que a inflação foi uma conquista (sic) desses dez últimos anos do governo do presidente Lula e do meu governo. Que nós não negociaremos com a inflação. Nós não teremos o menor problema em atacá-la sistematicamente...”. No discurso, a presidente rebate o pessimismo especializado e de plantão, que nunca enxerga as conquistas do governo, preferindo achar que a catástrofe está próxima. Ela disse que estava otimista com o Brasil, por ter “... certeza que nós vamos colher aquilo que plantamos e plantamos muitas sementes e hoje aqui acabamos de plantar mais uma”. Quando a presidente afirma que não é necessário sacrificar o crescimento econômico para combater a inflação, ela despreza os princípios reguladores de mercado, por temer que os resultados econômicos não prejudiquem seus planos da reeleição. É inacreditável que, com a generalização dos preços nas nuvens, alguém continue aceitando, segundo anuncia o governo, a inflação de 6%. Não há dúvida de que o povo está sendo enganado, em nome dos interesses oficiais, que têm o poder de manipular, não somente os elementos e índices econômicos, mas os otários dos brasileiros, que são obrigados a aceitar inverdades, sem protestar, e muitos ainda têm a indignidade de aplaudir a incompetência palaciana, como se estivesse vivendo nos melhores dos mundos. Enquanto o povo sente-se feliz com as manobras exclusivamente politiqueiras, o governo se esbanja com os escassos recursos dos brasileiros com a manutenção da pesada e ineficiente maquina pública, que serve para acomodação dos partidos da base de sustentação do governo. Conforme evidencia a indignação da presidente da República, ante o crescimento da inflação, o governo brasileiro pretende segurá-la no grito, técnica diametralmente destoante das regras científicas que devem reger a economia. É muito estranho que a mandatária do país tente ditar o melhor procedimento a ser adotado para controlar o dragão da inflação, numa ingerência descabida e indevida nas áreas monetárias e econômicas, que devem exercer suas atribuições com base estritamente no desenrolar do mercado, sem contrariedade aos princípios racionais do gerenciamento eficiente. Porém, quando alguém diz que, se algo for necessário ser feito, vai ser realizado em grau bem menor, significa dizer que não será respeitado o entendimento das conclusões técnicas, mas sim executada a vontade de quem tem o poder, ferindo completamente as regras democráticas, naturalmente em detrimento dos interesses nacionais. Trata-se, sem dúvida, de medida desesperada e arbitrária de quem pensa apenas nos planos eleitoreiros, na defesa da perenidade no poder, como ideologia compatível com política paroquiana, pensando nas realizações pessoais, em desprezo às causas maiores da nação. Urge que as opiniões das equipes especializadas, que são capazes de aquilatar a verdadeira situação econômica, sejam plenamente respeitadas, com vistas à adoção das medidas apropriadas para os casos evidenciados e carentes de saneamento, em consonância com os interesses nacionais. Acorda, Brasil!
 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 17 de abril de 2013

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