Com
a posse da chave do Ministério dos Transportes, o PR se integra ao primeiro
escalão do governo, de onde havia sido desembarcado após as denúncias de
irregularidades atribuídas ao então titular desse órgão e atual presidente
dessa agremiação. A mudança de ministro é apenas continuidade da estratégia
iniciada com as trocas nos comandos dos ministérios do Trabalho e da
Agricultura e da Secretaria de Aviação Civil, como parte das medidas planejadas
com o objetivo de reforçar a base de apoio à presidente da República na campanha
da sua reeleição. Em todos os casos, verifica-se mero afago e agrado aos
partidos, com as nomeações de políticos sem as mínimas experiências ou
especialização nas áreas das respectivas pastas, em escrachado e vexatório toma
lá, dá cá, em que prevalece a troca de cargos públicos por apoio político, numa
coalizão absolutamente indecente, com o explícito uso de recursos dos bestas
dos contribuintes, respaldando as negociatas para beneficiar exclusivamente uma
candidata à reeleição, que não se envergonha nem ao menos se ruboriza na
direção e chancela de inominável ilicitude, e alguns partidos, que passam a
comandar ministérios, com direito à nomeação de milhares de filiados,
apaniguados e outros assemelhados sem qualificação nem necessidade de concursos
públicos, porque os órgãos ocupados apenas continuam servindo de cabide de
empregos, sem serventia à satisfação dos fins constitucionais e legais de
atendimento aos interesses públicos, para os quais, em princípio, teriam sido
instituídos. É lamentável que os órgãos da mais famosa Esplanada continuem servindo
como principal moeda de troca no emergente mercado eleitoral, em que os
princípios da honestidade, ética e moralidade são impiedosamente lançados para
o espaço, fazendo com que políticos, há pouco tempo, considerados corruptos e expurgados
do seio do governo sejam milagrosamente reabilitados como aliados preferenciais
e acolhidos como se a tentativa de “faxina” nunca tivesse acontecido. É
evidente que o comitê eleitoral, que vem funcionando no Palácio do Planalto,
está apenas interessado na ocupação do espaço da televisão, para que seus
adversários tenham menos oportunidade de aparecer na telinha, pois, no caso do
PR, são acrescentados um minuto e 10 segundos ao cômputo do cobiçado horário
eleitoral. A inescrupulosa ânsia de se manter no poder faz com que a presidente
entenda que os presidentes do PTB e PR, que foram banidos do governo por
denúncias de corrupção com recursos públicos, sejam vistos como pessoas que
participaram de “malfeitos”, eufemismo que muito agrada aos envolvidos em
falcatruas e irregularidades. Aliás, ao que se percebe, no dicionário petista, não
existem os vocábulos corrupção, corrupto, irregularidade e congêneres, evidentemente
quando os envolvidos são correligionários ou aliados políticos, que são
autoimunes e infalíveis, mesmo que tenham participado de quadrilhas, a exemplo
do famigerado mensalão, cujos réus foram condenados pela Excelsa Corte de
Justiça, com penas de prisão e multa pecuniária, mas, para o PT, tudo não
passou de mal entendido. Na verdade, as negociatas palacianas apenas
sacramentam “célebre” pensamento do ex-presidente petista, que, alhures, disse
que, se governasse o Brasil, Jesus Cristo "teria de se aliar a Judas". As alianças com partidos e
personagens promíscuos, com finalidade apenas eleitoreira, muito se aproximam dessa
estapafúrdia previsão, justamente porque elas afrontam a dignidade das funções
públicas e os princípios clássicos de democracia. A sociedade tem o dever de
repudiar a forma indigna da manipulação da máquina pública em proveito de políticos
sem consciência quanto à essencialidade das funções do Estado e de exigir que sejam
respeitados fielmente os princípios da legalidade, ética, probidade administrativa,
moralidade, entre outros que não permitam a degeneração dos pilares
fundamentais da democracia brasileira. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de
abril de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário