quarta-feira, 3 de abril de 2013

Ferimento da dignidade pública

Com a posse da chave do Ministério dos Transportes, o PR se integra ao primeiro escalão do governo, de onde havia sido desembarcado após as denúncias de irregularidades atribuídas ao então titular desse órgão e atual presidente dessa agremiação. A mudança de ministro é apenas continuidade da estratégia iniciada com as trocas nos comandos dos ministérios do Trabalho e da Agricultura e da Secretaria de Aviação Civil, como parte das medidas planejadas com o objetivo de reforçar a base de apoio à presidente da República na campanha da sua reeleição. Em todos os casos, verifica-se mero afago e agrado aos partidos, com as nomeações de políticos sem as mínimas experiências ou especialização nas áreas das respectivas pastas, em escrachado e vexatório toma lá, dá cá, em que prevalece a troca de cargos públicos por apoio político, numa coalizão absolutamente indecente, com o explícito uso de recursos dos bestas dos contribuintes, respaldando as negociatas para beneficiar exclusivamente uma candidata à reeleição, que não se envergonha nem ao menos se ruboriza na direção e chancela de inominável ilicitude, e alguns partidos, que passam a comandar ministérios, com direito à nomeação de milhares de filiados, apaniguados e outros assemelhados sem qualificação nem necessidade de concursos públicos, porque os órgãos ocupados apenas continuam servindo de cabide de empregos, sem serventia à satisfação dos fins constitucionais e legais de atendimento aos interesses públicos, para os quais, em princípio, teriam sido instituídos. É lamentável que os órgãos da mais famosa Esplanada continuem servindo como principal moeda de troca no emergente mercado eleitoral, em que os princípios da honestidade, ética e moralidade são impiedosamente lançados para o espaço, fazendo com que políticos, há pouco tempo, considerados corruptos e expurgados do seio do governo sejam milagrosamente reabilitados como aliados preferenciais e acolhidos como se a tentativa de “faxina” nunca tivesse acontecido. É evidente que o comitê eleitoral, que vem funcionando no Palácio do Planalto, está apenas interessado na ocupação do espaço da televisão, para que seus adversários tenham menos oportunidade de aparecer na telinha, pois, no caso do PR, são acrescentados um minuto e 10 segundos ao cômputo do cobiçado horário eleitoral. A inescrupulosa ânsia de se manter no poder faz com que a presidente entenda que os presidentes do PTB e PR, que foram banidos do governo por denúncias de corrupção com recursos públicos, sejam vistos como pessoas que participaram de “malfeitos”, eufemismo que muito agrada aos envolvidos em falcatruas e irregularidades. Aliás, ao que se percebe, no dicionário petista, não existem os vocábulos corrupção, corrupto, irregularidade e congêneres, evidentemente quando os envolvidos são correligionários ou aliados políticos, que são autoimunes e infalíveis, mesmo que tenham participado de quadrilhas, a exemplo do famigerado mensalão, cujos réus foram condenados pela Excelsa Corte de Justiça, com penas de prisão e multa pecuniária, mas, para o PT, tudo não passou de mal entendido. Na verdade, as negociatas palacianas apenas sacramentam “célebre” pensamento do ex-presidente petista, que, alhures, disse que, se governasse o Brasil, Jesus Cristo "teria de se aliar a Judas". As alianças com partidos e personagens promíscuos, com finalidade apenas eleitoreira, muito se aproximam dessa estapafúrdia previsão, justamente porque elas afrontam a dignidade das funções públicas e os princípios clássicos de democracia. A sociedade tem o dever de repudiar a forma indigna da manipulação da máquina pública em proveito de políticos sem consciência quanto à essencialidade das funções do Estado e de exigir que sejam respeitados fielmente os princípios da legalidade, ética, probidade administrativa, moralidade, entre outros que não permitam a degeneração dos pilares fundamentais da democracia brasileira. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
                      
Brasília, em 02 de abril de 2013     

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