domingo, 21 de abril de 2013

A esperteza lesiva das ONGs

O Tribunal de Contas da União detectou fraudes e irregularidades na aplicação de recursos públicos liberados pelo Ministério da Cultura, para 28 organizações não governamentais - ONGs, mediante convênios firmados nas gestões anteriores à da atual ministra. Segundo resultado de auditoria, houve desvio de verba ou falhas na fiscalização em todas as 49 parcerias com as entidades, para as quais estavam previstos repasses de R$ 25 milhões. A decisão preliminar daquela corte determina que o aludido órgão preste justificativas e explicações sobre os fatos apurados e apure as responsabilidades pelo prejuízo causado ao erário e quantifique os respectivos valores. O TCU também determinou que a Polícia Federal investigue os casos inquinados de irregulares. A fiscalização do TCU constatou que, das ONGs auditadas, pelo menos sete não existiam juridicamente, porque elas eram somente "de fachada", com a finalidade para captar recursos públicos. É óbvio que, como as entidades só existiam na imaginação, não há que se falar em qualificação técnica nem capacidade operacional para executar os respectivos convênios. Algumas entidades declararam endereços onde havia residências ou empresas sem vinculação com elas. Foi verificado também que as ONGs se contratavam para a execução dos convênios, forjando cotações de preços com fornecedoras que não existiam ou tinham ligações com seus dirigentes. As irregularidades eram tantas que, nalgumas ONGs, tinham como diretores pessoas ligadas a produtoras de eventos, contratadas para a execução de convênios, e que endereços de empresas coincidiam com os das entidades, usadas apenas como artifício para embolsar verba pública para eventos privados. O TCU conclui que "Existem evidências de vínculos entre as entidades mencionadas, o que reforça o indício de atuação conjunta e articulada no sentido de fraudar os convênios". No caso em comento, saltam aos olhos a fragilidade da administração pública na concessão de recursos sem o indispensável controle, tendo em vista que as fraudes apuradas poderiam ter sido evitadas, caso não existissem inexplicáveis omissão e incompetência do Ministério da Cultura, com a demonstração da falta de fiscalização e acompanhamento da execução das parcerias, ficando evidenciada a despreocupação quanto à verificação e comprovação da capacidade operacional das entidades, bem assim a sua qualificação técnica, que foram ignoradas em quase todos os convênios. A eficiente atuação do órgão máximo de controle e fiscalização dos recursos públicos demonstra a precariedade e promiscuidade que envolvem as liberações de verbas públicas para as “famosas” ONGs, haja vista que muitas delas não passavam de entidades fantasmas, destinadas exclusivamente ao desvio de recursos dos bestas dos contribuintes, normalmente com o conluio de servidores públicos, que se omitiram no controle da legitimidade das entidades fajutas, criadas por pessoas interessadas apenas em levar vantagens, sem a contraprestação de coisa alguma. A sociedade, eternamente desiludida com a incompetência da administração pública, ante a sua inaptidão para garantir a regularidade dos gastos públicos, conforme atestam os casos em apreço, exige que o governo apure não somente os convênios irregulares do Ministério da Cultura, com vistas à responsabilização dos envolvidos, mas os demais convênios firmados com ONGs, como forma de se assegurar a legitimidade quanto à existência das entidades, sua capacidade operacional e qualificação técnica, e de garantir a certeza da regularidade da liberação de verbas para essa finalidade. Acorda, Brasil!      
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de abril de 2013

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