Com o sepultamento do
intempestivo e atrapalhado plebiscito e a intenção do presidente da Câmara dos
Deputados de constituir comissão de parlamentares para elaborar projeto de
reforma política, os políticos do PT começaram a se movimentar para comandar os
trabalhos pertinentes. De igual modo os demais partidos estão se mobilizando
para terem assegurados seus ideários partidários nessa reforma, ou seja, marcarem
posição em defesa dos seus interesses. Enquanto isso, até agora, ninguém
entendeu o empenho da presidente da República para aprovar, em toque de caixa,
sistema político-eleitoral, quando a pressa sinalizada pela sociedade, nos seus
protestos, era contra a ineficiência, falta de serviços públicos e precariedade
das assistências de competência do Estado. Em primeiro plano, sobressai a
insuficiência da saúde pública, em maior desprezo às famílias carentes do
interior do país, que sofrem à míngua por falta dos serviços médicos da
competência do Sistema Único de Saúde – SUS, que, embora gaste bastante verba
pública, a sua atuação tem sido deficiente, pela insipiência do gerenciamento e
falta de controle dos projetos e dos dispêndios na saúde pública. A educação padece
pela sua má qualidade, fazendo com que o ensino público sofra com o eterno sucateamento,
a exemplo de outros serviços da competência do Estado, que expõe outras tantas
deficiências administrativas capazes de externar o quanto os vagões da grande
nave chamada Brasil estão em permanente descarrilamento dos bons caminhos, movimentando-se
com lentidão, sem norte seguro e sem perspectivas de retornar aos trilhos do almejado
gerenciamento da eficiência e otimização quanto à aplicação dos recursos
públicos. Na realidade, os bons tempos foram sacrificados pelo descaso, em nome
do “importante” projeto político da perenidade no poder. Por seu turno, há dificuldade
de se acreditar que esse Congresso tenha competência moral para aprovar reforma
séria e moderna, estruturada de maneira a satisfazer apenas o interesse público,
porquanto a atuação dos congressistas evidencia com clareza o seu verdadeiro
amor às ideologias materializadas no execrável fisiologismo. Enquanto isso, só
em pensar que o PT pode liderar a
comissão incumbida de elaborar projeto de reforma política causa enorme arrepio,
ante as práticas maquiavélicas não recomendadas nó Estado Democrático de
Direito que se prese, não permitindo que essa agremiação seja acreditada para
tratar de matéria política, à vista da sua priorização às causas em beneficio próprio.
No contexto político atual, muito dificilmente a reforma política se amoldaria
aos interesses da sociedade, ante a costumeira demonstração de práticas
fisiológicas e de apego às convicções partidárias, sem o menor escrúpulo, por
parte dos parlamentares. Diante da notória falta de credibilidade, a reforma
político-eleitoral, a ser aprovada pelo Congresso Nacional, somente será
benéfica se o projeto for elaborado com total isenção, imparcialidade e
completa adequação aos exclusivos interesses nacionais, pela sociedade civil
organizada, mediante a participação da OAB, jurisconsultos e demais experiências
em questões partidária e eleitoral. Essa medida se justifica porque é o povo
que, nos termos constitucionais, tem a incumbência de eleger seus
representantes e de custear os altíssimos e injustificáveis vencimentos e as inumeráveis
regalias, sendo plenamente aconselhável que a sociedade se incumba de estabelecer
as regras pelas quais os homens públicos devam exercer os mandatos eleitorais,
obedecidos os melhores ditames jurídicos e os rigores do interesse público. A
sociedade aspira por que a reforma político-eleitoral seja muito bem-vinda, desde que
a sua implantação atenda primacialmente à vontade popular e ao interesse
público, com embargo às causas meramente eleitoreiras e partidárias. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de julho de 2013
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