quinta-feira, 18 de julho de 2013

O celular da incompetência

Diante da bagunça generalizada que tomou conta do país com a onda de boatos sobre o fim do Bolsa Família, o governo decidiu pedir o número de celular nos cadastros de beneficiários desse programa, tendo por objetivo facilitar a sua comunicação com os bolsistas e evitar que boatos semelhantes àqueles se espalhem novamente, quando milhares de pessoas abarrotaram agências bancárias para sacar o benefício e causaram o maior tumulto em vários estados. Na ocasião, o governo desmentiu os rumores de que o programa ia acabar e determinou a apuração sobre a origem da alarmante notícia. A Polícia Federal acaba de divulgar o resultado das investigações, tendo concluído que a boataria "foi espontânea" e não foi possível identificar responsabilidade de pessoa ou grupo pelo incidente. O governo esclareceu que o telefone celular será pedido dos novos cadastros e também na atualização de dados dos bolsistas antigos e que o cadastro do telefone não é obrigatório e quem não o tiver não terá nenhum tipo de prejuízo. Segundo o governo, o celular, além de informar sobre falsos boatos, servirá para avisar as famílias caso os filhos tenham faltas em excesso na escola e ainda alertá-las sobre a proximidade da data de atualização do cadastro, que ocorre bianualmente. Custa acreditar que a “inteligência” palaciana não tenha capacidade para raciocinar que a denominada extrema pobreza ou a classe da miséria social, para quem, em princípio, os recursos do programa são destinados, não tem dinheiro suficiente sequer para se alimentar e custear outras necessidades básicas. Essa invenção de celular é totalmente incompatível com a realidade dos bolsistas, porquanto a manutenção desse instrumento inútil constituirá pesado ânus e será pesadelo pela obrigação de conviver com algo estranho aos seus hábitos humildes e de relacionamento basicamente familiar. Além desses aspectos, muitos municípios do interior não dispõem de antena de empresa de celular, o que impede o funcionamento do sistema de telefonia móvel. A incongruência do governo é gritante, por não atinar que, quem tem celular, não é tão miserável a ponto de ser merecedor do recebimento do auxílio oficial. Ao contrário disso, urge que a finalidade desse programa seja revista, para que se cumpra a exata destinação dos recursos apenas para a pobreza absoluta. O certo é que a bagunça organizada pela Caixa Econômica Federal, com o corre-corre e o quebra-quebra, mexeu com as cabeças pensantes do governo, ao inventar medida ridícula, contraditória e desmoralizante para as autoridades incumbidas da execução do principal programa populista e eleitoreiro do governo, fato a se confirmar com essa despropositada providência. Essa "engenhosa" medida só demonstra a desnecessidade da vergonhosa Bolsa Família, que, na realidade, vem servindo muito pouco para os fins da sua instituição e muito mais para outras finalidades escusas de governo, com o uso de verba pública, porquanto já ficou mais do que provado que a expressiva maioria dos beneficiários jamais se enquadraria na assistência que seria para a pobreza, as famílias carentes e sem condições de trabalho e de renda. Esse programa potencializa a incompetência do governo com a execução das suas políticas públicas, em razão da falta de controle e da efetividade com relação a quem realmente deve participar dele. A indicação do celular para os beneficiários até pode servir de pretexto para ser instituído o programa Bolsa Celular, que seria mais uma indecência de desperdício de dinheiro dos bestas dos contribuintes, que são obrigados a pagar pesados tributos para sustentar as políticas expansionistas, populistas e eleitoreiras. Caso os bolsistas fossem obrigados a trabalhar para o Estado, em assistência social e outras atividades regulares, com certeza muitos assistidos desistiriam dessa mamata do Bolsa Família e, enfim, seria possível se saber quem é realmente carente e merecedor do benefício. A sociedade anseia por que o governo crie programa, nos moldes do Bolsa Família, transformando o incentivo e o apoio da atual vadiagem na efetiva obrigação de os bolsistas trabalharem e produzirem em programas oficiais, tendo em conta que há algo importante que pode ser feito pelo país, em demonstração da capacidade positiva do aproveitamento da aplicação do dinheiro público em projetos ou atividades que beneficiem a sociedade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de julho de 2013

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