terça-feira, 23 de julho de 2013

Basta de sugar a economia popular

O grupo de trabalho constituído pela Câmara dos Deputados, para apresentar projeto de reforma político-eleitoral, já começa a render polêmica sobre o sistema de financiamento de campanha. Alguns membros defendem financiamento privado, inclusive de pessoas físicas, enquanto outros entendem que chegou o momento de as campanhas serem financiadas com recursos públicos, embora esta fórmula venha encontrando resistência por parte da população, diante da farra política e do abusivo emprego dos recursos públicos, justamente por parte de quem, ao contrário, é obrigado a ser austero com o dinheiro do cidadão. Na verdade, essa história de financiamento público ou privado não passa de historia da carochinha, em que, hoje, o Ratão, na realidade, é o povão, que sempre cai na conversa mole dos políticos. Já está mais do que provado que não existe qualquer dessas hipóteses de financiamento público ou privado, haja vista que, em tese, o financiamento privado termina sendo feito, de forma maciça, pelas poderosas empresas e construtoras, que superfaturam seus contratos com a administração pública e normalmente repassam parte do excesso lucro para as campanhas dos candidatos favoritos ou dos grandes partidos. É notório que, dificilmente, partidos pequenos ou fora das coligações do poder ou distante dele recebem ajuda de empresas e construtoras, por quê? Já os financiamentos públicos são feitos à custa dos bestas dos contribuintes, que pagam pesados tributos, parte dos quais se destinarão ao questionável financiamento de campanhas políticas de candidatos que, depois de eleitos, como é de praxe, passam a ser representantes dos próprios interesses. À toda evidência, tanto no caso de financiamento público como privado, a fatura será encaminhada aos tolos dos contribuintes, para a devida liquidação. Não há dúvida de que a melhor e mais apropriada maneira de financiar campanha eleitoral é com suporte em recursos do próprio candidato, em sintonia, em primeiro plano, com a sua vocação de autêntico político e de abnegação às causas nacionais e sociais ou, então, na segunda alternativa, a que sempre prevalece, por conta do seu amor às regalias, às mordomias, à possibilidade de ocupar cargo no Executivo ou de indicar seus asseclas para cargos em ministérios e empresas estatais e aos injustificáveis vencimentos e penduricalhos de ajudas, auxílios, verbas, representações etc., que somente existem legalizados nas piores republiquetas. O financiamento de campanha pelo próprio candidato, além de ser democrático, pode contribuir para evitar questionamento quanto às variadas desconfianças sobre influência do poder econômico, entre outras suspeitas demeritórias existentes na fórmula vigente, desde que observadas as regras fundamentais de limites de gastos, prestação de contas sobre a origem da receita, como rifas, jantares, churrascos, almoços e outros eventos lícitos de arrecadação pessoal, caso ele não queira despender recursos do seu bolso, porque dificilmente isso é feito, e a demonstração das despesas pertinentes. Se o país quiser moralizar o financiamento de campanha, tem que acabar em definitivo com o inescrupuloso, espúrio, imoral, antiético e desonesto sistema de financiamento de campanha privado e nem pensar em financiamento público, porque o contribuinte já atingiu o limite do seu poder contributivo para atender toda espécie de despesa que os políticos entendem que devam ser custeada pelos cofres públicos, apesar de serem, obviamente, abastecidos a duras penas pelos cidadãos trabalhadores deste grande e bobo país, que já merece ficar imune aos desmandos e às incompetências protagonizados pelos homens públicos, passando a ser administrado por autênticos patriotas. Urge que o povo se conscientize sobre a sua real competência para estabelecer regras moralizadoras da administração pública, inclusive com a implantação de financiamento de campanha pelos próprios candidatos e de outras normas de austeridade na aplicação dos recursos públicos, a serem obrigatoriamente impingidas aos homens públicos, para que eles as sigam rigorosamente, como forma de contribuir para o fortalecimento da democracia e a defesa do patrimônio público. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 22 de julho de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário