Notícias divulgadas pela mídia dão conta de que o presidente
do Senado Federal teria conseguido emprego para sua nora, por meio dos
abomináveis atos secretos, que beneficiaram à época centenas de apadrinhados de
senadores com ingresso no Senado, sem concurso público. O senador alagoano também
foi bastante atencioso com a mãe da sua nora, ao nomeá-la para trabalhar no seu
gabinete, tendo, mais tarde, articulado emprego para a irmã da sua nora. Essa forma
escandalosa e despudorada de amparar a família e amigos, com ingresso em cargo
público no Senado Federal e, de resto, nos Parlamentos tupiniquins, mediante o
famoso jeitinho brasileiro, revela a falta de zelo com relação ao princípio da
obrigatoriedade do concurso público para a entrada na administração pública. Os episódios em comento demonstram que os políticos têm enorme dificuldade em agir com dignidade, ao expor à mostra seus atos indecorosos e
censuráveis, materializados sem o pingo de pudor e respeito aos princípios da
honestidade e da legitimidade com relação à gestão dos recursos públicos. Fica
difícil se confiar na classe política, pela forma inescrupulosa e inflexível
como exerce cargo público eletivo, descurando da liturgia que se exige da sua
conduta no exercício do mandato. Os casos em referência exemplificam muito bem
a falta de zelo do homem público. O senador alagoano, no passado recente,
renunciou ao cargo que ora ocupa para não ser cassado, ante a acusação da prática
de várias irregularidades com recursos públicos, fato que já seria mais do que
suficiente para afastá-lo em definitivo da vida pública. Não obstante, o povo
do seu estado o elegeu novamente para ele continuar praticando novas
irregularidades na vida pública, em contrariedade aos salutares pilares da
democracia. Os casos anunciados na reportagem em comento, beneficiando imerecidamente
seus protegidos com cargos públicos, são fruto da sua influência no parlamento,
que tem servido para empregar, de forma irregular, milhares de apadrinhados de
políticos desavergonhados, em comprometimento dos preceitos da legalidade,
moralidade e do decoro, que se exigem dos verdadeiros homens públicos. A
sociedade tem que se conscientizar sobre a urgente necessidade de banir os maus
políticos da vida pública, como forma de moralizar a administração pública, que
tem sido permanente objeto de desmoralização por parte dos políticos corruptos,
desonestos e contrários aos interesses do país. É lamentável que esses
procedimentos deletérios dos princípios da administração pública contem com o
inexplicável beneplácito dos órgãos de controle e fiscalização, instituídos por
força de norma constitucional, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas
da União, que têm a incumbência de zelar pelo bom e regular emprego dos
recursos públicos. É absolutamente inadmissível que esses políticos cometam as
piores desonestidades e irregularidades nos exercícios dos seus cargos e
permaneçam sem a menor admoestação nem mesmo dos eleitores, que teriam a
obrigação de exigir que seus representantes tivessem o mínimo de ética no
exercício da representação deles emanada. O país precisa se precaver contra a
sanha dos maus políticos, que não têm o menor escrúpulo em contrariar os
princípios da boa conduta e do decoro, indispensáveis na vida dos homens
públicos. Não à toa que os políticos são cobrados pela falta de prioridade às
questões fundamentais da sociedade, como educação, saúde, segurança e tantas
políticas públicas que, previstas na Carta Magna, não chegam onde jamais
deveriam se distanciar, porque eles têm prioridades pessoais e não se dignam conhecer
as carências do interior e das periferias das metrópoles. A classe política precisa
se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de exercer seu mandato imbuído
dos sentimentos de brasilidade e de amor aos princípios patrióticos, em estrita
observância aos preceitos de seriedade e de moralidade, com vistas ao fiel e
digno cumprimento da sua missão constitucional. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de julho de 2013
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