quarta-feira, 24 de julho de 2013

O fato real e a versão distorcida

Está circulando, na internet, mensagem noticiando a recepção do governo brasileiro à Sua Santidade, o papa, com o título “Saia justíssima”. No momento protocolar da apresentação das autoridades brasileiras, aparece a imagem da presidente da República identificando o presidente do Supremo Tribunal Federal ao santo padre. O magistrado o cumprimenta e segue em frente, sem saudar a presidente, que bate palmas no ato. O episódio, embora de extrema normalidade, ante o rito da espécie, rendeu substanciosos comentários, sendo alguns favoráveis e outros contra o fato apontado, tais como: “Se fosse ela com ele já iriam dizer que era racismo.”,nunca há necessidade para ser mal educado dessa forma... e o pior é que muita gente vai achar bonito o que ele fez. Querendo ou não, a Dilma, boa ou má presidente, ainda é a nossa representante no Brasil e como qualquer outra pessoa merece respeito.”,Que ridículo... falta de educação”, “Quanta falta de gentileza... desnecessário...”, “Achei que ele fez muito bem. As pessoas estavam lá pelo papa e não pela Dilma. A presidente deveria cumprimentar o papa e se recolher, mas quis dá uma de papagaio de pirata e deu no que deu”, “Péssimo exemplo!”, “Simplesmente, vergonhoso!”, “Feio! Não é assim que vamos mudar o nosso país. Em primeiro lugar, a Educação”, “Má-criação pura, independentemente das razões... a razão maior é do Estado brasileiro e não razões pessoais, institucionais ou políticas.”, “Mau exemplo é o que ela está fazendo com o povo brasileiro”, entre outras manifestações completamente equivocadas quanto às ilações sobre fato absolutamente normal. Na forma protocolar da diplomacia, a presidente da República, após os discursos de praxe dos chefes de Estado, apresenta as autoridades brasileiras ao ilustre visitante. Em harmonia com rito do cerimonial, no caso, as autoridades brasileiras devem tão somente cumprimentar o papa e se retirar do local. Situação recíproca se completa com a apresentação das autoridades eclesiásticas à presidente brasileira, que têm a obrigação apenas de cumprimentá-la, como de fato ocorreu. As autoridades brasileiras apresentadas ao papa, que depois disso beijaram a mão da presidente, cometeram falha protocolar, para não dizer que elas aproveitaram a ocasião parra bajulá-la diante do sumo pontífice. Não há dúvida de que a mensagem em referência é tendenciosa e com viés de muita maldade, porque não reflete a realidade dos fatos e ainda expõe à opinião pública, de forma negativa e indevida, a imagem do presidente da Suprema Corte de Justiça, como se ele tivesse sido deselegante e mal educado, quando, na verdade, não houve deslize algum, sob o aspecto da diplomacia protocolar, ante a falta de saudação à presidente, visto que isso não se insere no figurino do cerimonial. Na realidade e a bem da verdade, não houve a menor descortesia no episódio, em que pese o pouco conhecimento sobre a liturgia do cerimonial diplomático possa ter induzido muitas pessoas a concluírem diversamente da normalidade quanto ao fato em comento, o que denota a necessidade de que, por prudência, ninguém tem o direito de emitir juízo de valor sobre fatos que não tenha pleno conhecimento sobre eles, para que não se incorra no cometimento de injustiça graciosa e imerecida. Convém que os fatos possam ser devidamente esclarecidos, com vistas a pôr extreme de dúvida a atitude corretíssima e incensurável das autoridades públicas. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de julho de 2013

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