Está circulando, na
internet, mensagem noticiando a recepção do governo brasileiro à Sua Santidade,
o papa, com o título “Saia justíssima”. No momento protocolar da apresentação
das autoridades brasileiras, aparece a imagem da presidente da República
identificando o presidente do Supremo Tribunal Federal ao santo padre. O
magistrado o cumprimenta e segue em frente, sem saudar a presidente, que bate
palmas no ato. O episódio, embora de extrema normalidade, ante o rito da
espécie, rendeu substanciosos comentários, sendo alguns favoráveis e outros
contra o fato apontado, tais como: “Se fosse ela com ele já iriam
dizer que era racismo.”, “nunca há necessidade para ser mal educado dessa forma... e o pior é que
muita gente vai achar bonito o que ele fez. Querendo ou não, a Dilma, boa ou má
presidente, ainda é a nossa representante no Brasil e como qualquer outra
pessoa merece respeito.”, “Que ridículo... falta de educação”, “Quanta falta de gentileza...
desnecessário...”, “Achei que ele fez muito bem. As pessoas estavam lá pelo
papa e não pela Dilma. A presidente deveria cumprimentar o papa e se recolher,
mas quis dá uma de papagaio de pirata e deu no que deu”, “Péssimo exemplo!”,
“Simplesmente, vergonhoso!”, “Feio! Não é assim que vamos mudar o nosso país.
Em primeiro lugar, a Educação”, “Má-criação
pura, independentemente das razões... a razão maior é do Estado brasileiro e
não razões pessoais, institucionais ou políticas.”, “Mau exemplo é o que ela
está fazendo com o povo brasileiro”, entre outras manifestações completamente
equivocadas quanto às ilações sobre fato absolutamente normal. Na forma protocolar
da diplomacia, a presidente da República, após os discursos de praxe dos chefes
de Estado, apresenta as autoridades brasileiras ao ilustre visitante. Em
harmonia com rito do cerimonial, no caso, as autoridades brasileiras devem tão
somente cumprimentar o papa e se retirar do local. Situação recíproca se
completa com a apresentação das autoridades eclesiásticas à presidente
brasileira, que têm a obrigação apenas de cumprimentá-la, como de fato ocorreu.
As autoridades brasileiras apresentadas ao papa, que depois disso beijaram a
mão da presidente, cometeram falha protocolar, para não dizer que elas aproveitaram
a ocasião parra bajulá-la diante do sumo pontífice. Não há dúvida de que a
mensagem em referência é tendenciosa e com viés de muita maldade, porque não
reflete a realidade dos fatos e ainda expõe à opinião pública, de forma
negativa e indevida, a imagem do presidente da Suprema Corte de Justiça, como
se ele tivesse sido deselegante e mal educado, quando, na verdade, não houve
deslize algum, sob o aspecto da diplomacia protocolar, ante a falta de saudação
à presidente, visto que isso não se insere no figurino do cerimonial. Na
realidade e a bem da verdade, não houve a menor descortesia no episódio, em que
pese o pouco conhecimento sobre a liturgia do cerimonial diplomático possa ter
induzido muitas pessoas a concluírem diversamente da normalidade quanto ao fato
em comento, o que denota a necessidade de que, por prudência, ninguém tem o
direito de emitir juízo de valor sobre fatos que não tenha pleno conhecimento
sobre eles, para que não se incorra no cometimento de injustiça graciosa e
imerecida. Convém que os fatos possam ser devidamente esclarecidos, com vistas
a pôr extreme de dúvida a atitude corretíssima e incensurável das autoridades
públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de julho de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário