quarta-feira, 17 de julho de 2013

O injustificável preço do embelezamento presidencial

Numa República séria e de gestão responsável, seria motivo de verdadeiro escândalo se fosse constatado que o embelezamento do mandatário do país, para aparecer na televisão, custaria, em cada vez, o expressivo valor de R$ 3.125,00, porém, no país tupiniquim, isso não passa de prática corriqueira e normal. O mais grave é que serviço semelhante estava sendo pago, nos nove meses anteriores, pelo valor ainda exagerado de R$ 400,00, tendo havido absurda majoração de 681%. A explicação da Presidência do país para essa afrontosa barbaridade com recursos públicos extrapola as raias da ingenuidade e do desprezo à eficiência da gestão do dinheiro do cidadão, ao ser declarado que a produção de "uma autoridade do sexo feminino" é diferente, havendo necessidade de ser autorizado o ajuste nos custos porque uma mulher precisa de um profissional específico e não um maquiador padrão, como era o caso do ex-presidente petista. As agências responsáveis pela contratação das produtoras para as gravações não tiveram a dignidade de esclarecer os motivos pelos quais houve reajuste do custo expressivo e escorchante, levando-se em consideração que, na capital federal, os salões mais sofisticados, que atendem as famosas da corte, cobram preços honestos e justos para os altos padrões por cerca de R$ 160,00 pela maquiagem e R$ 210,00 para arrumação de cabelo. O caso em comento poderia ter ficado circunscrito apenas à vaidade feminina, que tem o preço avaliado sob o critério da razoabilidade, levando-se em conta o valor de mercado, como forma honesta e própria de profissional decente, digno de respeito, e não a importância do cliente, como parece ter sido. No entanto, a situação vai além do ridículo, porque o montante pago por um embelezamento constitui verdadeiro absurdo e foge do padrão moral e austero que o dinheiro público deve se destinar, em benefício da sociedade. O valor cobrado pela maquiagem e pelo penteado da presidente extrapola não somente o bom sendo e a razoabilidade, mas afronta a situação socioeconômica brasileira, que não se ajusta à forma promíscua e exagerada, em evidente desperdício na execução das verbas públicas. A despesa é plenamente injustificável, por demonstrar visível abuso quando os mesmos serviços, prestados para celebridades, estariam limitados ao valor de R$ 680,00, que corresponde a quase um quinto do valor pago pelos cofres públicos para cuidar da presidente. Por ser valor considerado estapafúrdio e fugir da realidade de mercado, convém que os órgãos de controle exerçam a sua competência constitucional, para apurar a responsabilidade pela falta de consciência e insensibilidade quanto à realização de despesa pública, que não pode deixar de se ajustar às exigências e aos rigores da legalidade e da economicidade, sob pena de responsabilização de quem der causa ao gasto incompatível com os princípios da administração pública. A despesa em causa contraria o pensamento da sociedade, que vem protestando contra os abusos e as incompetências na administração do país, principalmente contra as despesas injustificáveis como essa do profissional da beleza, que não teve o menor escrúpulo em cobrar valor nitidamente exagerado e irreal, em razão de se tratar da maior personalidade pública do país. Trata-se de verdadeiro absurdo e de abuso com recursos públicos, que devem ser repudiados com relação às partes envolvidas, pela possível demonstração de oportunismo e aproveitamento das facilidades e do descontrole do Estado. Assiste plena razão à sociedade, quando vai às ruas para reclamar dos gastos governamentais imensuráveis e sem o devido critério de prioridade ao atendimento das necessidades básicas da população, sinal que a incompetência gerencial pública precisa ser eliminada com urgência deste país, de modo que até as despesas com o embelezamento das autoridades sejam pagas sob os rigores da austeridade exigidos pelas normas que regem os gastos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 16 de julho de 2013

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