Numa República séria e de gestão responsável, seria
motivo de verdadeiro escândalo se fosse constatado que o embelezamento do
mandatário do país, para aparecer na televisão, custaria, em cada vez, o
expressivo valor de R$ 3.125,00, porém, no país tupiniquim, isso não passa de
prática corriqueira e normal. O mais grave é que serviço semelhante estava
sendo pago, nos nove meses anteriores, pelo valor ainda exagerado de R$ 400,00,
tendo havido absurda majoração de 681%. A explicação da Presidência do país para
essa afrontosa barbaridade com recursos públicos extrapola as raias da
ingenuidade e do desprezo à eficiência da gestão do dinheiro do cidadão, ao ser
declarado que a produção de "uma
autoridade do sexo feminino" é diferente, havendo necessidade de ser
autorizado o ajuste nos custos porque uma mulher precisa de um profissional
específico e não um maquiador padrão, como era o caso do ex-presidente petista.
As agências responsáveis pela contratação das produtoras para as gravações não tiveram
a dignidade de esclarecer os motivos pelos quais houve reajuste do custo
expressivo e escorchante, levando-se em consideração que, na capital federal,
os salões mais sofisticados, que atendem as famosas da corte, cobram preços
honestos e justos para os altos padrões por cerca de R$ 160,00 pela maquiagem e
R$ 210,00 para arrumação de cabelo. O caso em comento poderia ter ficado circunscrito
apenas à vaidade feminina, que tem o preço avaliado sob o critério da
razoabilidade, levando-se em conta o valor de mercado, como forma honesta e
própria de profissional decente, digno de respeito, e não a importância do
cliente, como parece ter sido. No entanto, a situação vai além do ridículo,
porque o montante pago por um embelezamento constitui verdadeiro absurdo e foge
do padrão moral e austero que o dinheiro público deve se destinar, em benefício
da sociedade. O valor cobrado pela
maquiagem e pelo penteado da presidente extrapola não somente o bom sendo e a razoabilidade,
mas afronta a situação socioeconômica brasileira, que não se ajusta à forma
promíscua e exagerada, em evidente desperdício na execução das verbas públicas.
A despesa é plenamente injustificável, por demonstrar visível abuso quando os
mesmos serviços, prestados para celebridades, estariam limitados ao valor de R$
680,00, que corresponde a quase um quinto do valor pago pelos cofres públicos
para cuidar da presidente. Por ser valor considerado estapafúrdio e fugir da
realidade de mercado, convém que os órgãos de controle exerçam a sua
competência constitucional, para apurar a responsabilidade pela falta de
consciência e insensibilidade quanto à realização de despesa pública, que não
pode deixar de se ajustar às exigências e aos rigores da legalidade e da
economicidade, sob pena de responsabilização de quem der causa ao gasto
incompatível com os princípios da administração pública. A despesa em causa
contraria o pensamento da sociedade, que vem protestando contra os abusos e as
incompetências na administração do país, principalmente contra as despesas
injustificáveis como essa do profissional da beleza, que não teve o menor escrúpulo
em cobrar valor nitidamente exagerado e irreal, em razão de se tratar da maior
personalidade pública do país. Trata-se de verdadeiro absurdo e de abuso com
recursos públicos, que devem ser repudiados com relação às partes envolvidas,
pela possível demonstração de oportunismo e aproveitamento das facilidades e do
descontrole do Estado. Assiste plena razão à sociedade, quando vai às ruas para
reclamar dos gastos governamentais imensuráveis e sem o devido critério de
prioridade ao atendimento das necessidades básicas da população, sinal que a
incompetência gerencial pública precisa ser eliminada com urgência deste país, de
modo que até as despesas com o embelezamento das autoridades sejam pagas sob os
rigores da austeridade exigidos pelas normas que regem os gastos públicos. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 16 de julho de 2013
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