terça-feira, 9 de julho de 2013

A visão míope do Planalto

Em reunião com a presidente da República, os líderes do PT na Câmara dos Deputados cobraram mudanças no governo, com destaque para a articulação com o Congresso Nacional, comunicação social e política econômica. A presidente, em resposta, defendeu a política econômica, tendo ressaltado ser erro tomar taxas do ano passado como indicativo de tendência de alta inflacionária e afirmado que os fundamentos da política econômica "serão preservados". Na ocasião, ela defendeu, em ressonância aos movimentos dos protestos do povo nas ruas, a realização do plebiscito, com vistas à reforma política, sublinhando a relevância da participação popular no processo político como reafirmação da dinâmica democrática. Ela teria reconhecido a falha dos ministérios quanto à comunicação do governo às cobranças das manifestações e discorrido, com minúcia, sobre os protestos, admitindo que o governo não foi capaz de identificar os novos desejos dos brasileiros, mas, certamente, não fosse o governo do PT, as reivindicações das massas ainda seriam por emprego e salário. Ainda nessa linha de raciocínio de prepotência e de arrogância política, a presidente saiu-se com essa pérola: "O povo quanto mais tem, mais quer". É lamentável que a presidente aproveite reunião com governistas para subestimar a capacidade do povo brasileiro, porquanto a avaliação destoa por completo da realidade sobre o caos generalizado denunciado pelos protestos do povo, que teve a competência de deixar bastante claro o sentimento da sociedade quanto à incompetência da administração pública, na condução das ações e políticas públicas da sua competência constitucional. Além da falta de programa governamental, é patente a inexistência de prioridades de políticas públicas, que são atropeladas pelas reiteradas concessões de privilégios por meio dos espúrios conchavos políticos, com a exclusiva finalidade de fortalecer as coalizões partidárias, mediante a indigna entrega de órgãos públicos e empresas estatais aos aliados, em troca de apoio político, visando à perpetuação no poder.  Ao afirmar que “O povo quanto mais tem, mais quer”, talvez a presidente queira dizer que ele não passa de um bando de gananciosos e mal-agradecidos, por exigirem e desejarem algo melhor do que já existe no país, a exemplo de sistemas de saúde, com a excelência do atendimento médico-hospitalar em todos os rincões do país, onde ninguém reclama da falta de bons hospitais, nas cidades do país, inclusive no interior, bem equipados e em perfeitas condições de funcionamento, sem falta nem de remédios; educação, em que as instalações escolares fazem inveja ao primeiro mundo, onde não existem sistema de ensino moderno e aperfeiçoado, professores com salários tão elevados e plano de carreira digno como no Brasil; segurança pública com proteção à sociedade de causar inveja, com policiais preparadíssimos e bem remunerados, motivos de temor dos delinquentes, à vista do baixíssimo índice de criminalidade e de violência no país; transporte, a exemplo das excelentes estradas, rodovias e ferrovias, da avançada e ultramoderna operação dos portos e aeroportos, além da existência de metrôs de qualidade nas grandes cidades e transportes públicos eficientíssimos, para facilitar a vida das pessoas; saneamento básico inigualável, com abastecimento de água potável e funcionamento de redes de esgotos nas cidades do país; infraestrutura em perfeita sintonia com a modernidade tecnológica e científica, pondo o país entre os mais avançados do mundo; e, enfim, tudo país funcionando às mil maravilhas em níveis de excelência e de qualidade no serviço público. Voltando à vida real, embora o país esteja submetido à incompetência gerencial, não se pode protestar contra o desgoverno e a má administração dos recursos públicos, porque, na verdade, a visão destorcida do governo somente é capaz de enxergar o tanto que tem feito pelo povo para a nação, especificamente por meio do programa Bolsa Família, como se isso fosse tudo, mas é seu único e principal projeto político para o país, mantido à custa dos bestas dos contribuintes, que não se conformam que esse programa sirva de pretextos eleitoreiros, estimule a malandragem e a ociosidade, em prejuízo da produtividade, e ainda não seja devidamente controlado quanto aos reais beneficiários. As gigantescas manifestações de protestos contra o desgoverno e a incompetência de gestão do país constituem, na visão oficial, verdadeira forma de ingratidão e de menosprezo ao governo que já fez do bom e do melhor para o seu povo, não justificando essas vergonhosas passeatas, que teve por objetivo ofuscar o brilhantismo da Copa das Confederações. Urge que a sociedade demonstre, de forma permanente, sua plena insatisfação contra os governantes que são supereficientes na arrecadação de tributos, com sucessivos recordes, porém completamente incapazes de cumprir, com a eficiência que se exige na administração pública, a competência prevista na Carta Magna de o Estado atender satisfatoriamente as ações e políticas públicas, para o bem-estar da população. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 08 de julho de 2013

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