No auge do
quebra-quebra e da destruição, o governador do Rio de Janeiro teve a miraculosa
ideia de justificar a dificuldade da polícia fluminense em combater o vandalismo
atribuindo as ondas de violência a estímulo de organizações internacionais. Ele
disse que "Essas manifestações têm
um caráter diverso, de enfrentamento com a polícia. Antes não tínhamos as redes
sociais no passado. Sabemos que através delas, há organizações internacionais
que estimulam o vandalismo". O governador afirmou também que a
presidente da República ofereceu ajuda de policiamento para os eventos
da Jornada Mundial da Juventude, a realizar-se no Rio, mas declinou da oferta, tranquilizando-a
com a garantia de que o papa vai ser recebido na Cidade Maravilhosa de braços
abertos, com amor, respeito e dignidade, por seguidores de todas as religiões. Já
virou moda no país tupiniquim o criminoso recurso de se justificar a incompetência
dos governantes e políticos com a atribuição da culpa pelos seus erros ou pela sua
omissão funcional à oposição, à impressa ou até organismo internacional, como
forma simplória e desonesta de não assumir a responsabilidade pelos estragos
causados à sociedade e ao país. É a demonstração da falência da dignidade da
autoridade pública, que não tem a mínima condição de administrar os destinos do
povo, como no caso do governo fluminense. Aliás, os eleitores do Rio estão
sendo apenas recompensados negativamente por não terem sabido eleger pessoa com
capacidade para enfrentar, com determinação de estadista, as questões que mais
atormentam o povo carioca, martirizado com o domínio dos narcotraficantes, que
tiveram a audácia de implantar suas regras sobre a população favelada, à
exceção das favelas próximas do centro da cidade, em virtude da realização de
grandes eventos, em clara demonstração da desmoralização do governo e das
autoridades de segurança pública, que concentram o policiamento somente nas
localidades ocupadas, deixando as áreas pouco mais afastadas do centro ao
deus-dará e à mercê da bandidagem e da violência, embaladas ao ritma das drogas
e do desgoverno. Causam indignação às pessoas de bem as asneiras ditas por quem
demonstra incapacidade de agir segundo os ditames constitucionais e legais de
propiciar proteção e segurança à sociedade, que paga pesados tributos também
para essa finalidade. O povo carioca não pode reclamar da incompetência governamental,
mas tem o direito de lamentar a bestialidade de ter optado por dirigente tão
alheio à realidade dos fatos, que os encara com a fraqueza humana de atribuir a
sua incompetência a outrem e de culpá-lo sem provas, quando deveria assumi-la
por força do gerenciamento e da responsabilidade inerentes à relevante incumbência
de comandar um dos mais importantes Estados do país. A culpa pelo vandalismo no Rio deve ser imputada em maior parte à
incompetência da segurança pública, que é incapaz de cercar meia dúzia de
vadios e desordeiros e dar-lhes os devidos ensinamentos de cidadania, na forma
da lei. Nunca se viu na face da terra policiamento tão sem comando e sem orientação,
que chega a admitir ter sido urinado pelos baderneiros, conforme declaração do
comandante da Polícia, ao reclamar à imprensa que os manifestantes estavam
deitando e rolando e o policiamento não podia fazer nada, porque tinha feito
acordo com organismos de direito humano, OAB etc. para não usar armas não
letais e gás lacrimogênio. O comandante sabe perfeitamente que ninguém está
obrigado a cumprir trato absurdo, principalmente quando se encontram no palco
da batalha questões de ordem social, que deve ter primazia sobre quaisquer
outros interesses. Urge que os governantes se conscientizem sobre a necessidade
não somente de assumir suas incumbências e responsabilidades constitucionais,
mas de cumpri-las fielmente, em estrito respeito à dignidade do povo que os
elegeu. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de julho de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário