sábado, 20 de julho de 2013

A decadência gerencial do Estado

No auge do quebra-quebra e da destruição, o governador do Rio de Janeiro teve a miraculosa ideia de justificar a dificuldade da polícia fluminense em combater o vandalismo atribuindo as ondas de violência a estímulo de organizações internacionais. Ele disse que "Essas manifestações têm um caráter diverso, de enfrentamento com a polícia. Antes não tínhamos as redes sociais no passado. Sabemos que através delas, há organizações internacionais que estimulam  o vandalismo". O governador afirmou também que a presidente da República ofereceu ajuda de policiamento para os eventos da Jornada Mundial da Juventude, a realizar-se no Rio, mas declinou da oferta, tranquilizando-a com a garantia de que o papa vai ser recebido na Cidade Maravilhosa de braços abertos, com amor, respeito e dignidade, por seguidores de todas as religiões. Já virou moda no país tupiniquim o criminoso recurso de se justificar a incompetência dos governantes e políticos com a atribuição da culpa pelos seus erros ou pela sua omissão funcional à oposição, à impressa ou até organismo internacional, como forma simplória e desonesta de não assumir a responsabilidade pelos estragos causados à sociedade e ao país. É a demonstração da falência da dignidade da autoridade pública, que não tem a mínima condição de administrar os destinos do povo, como no caso do governo fluminense. Aliás, os eleitores do Rio estão sendo apenas recompensados negativamente por não terem sabido eleger pessoa com capacidade para enfrentar, com determinação de estadista, as questões que mais atormentam o povo carioca, martirizado com o domínio dos narcotraficantes, que tiveram a audácia de implantar suas regras sobre a população favelada, à exceção das favelas próximas do centro da cidade, em virtude da realização de grandes eventos, em clara demonstração da desmoralização do governo e das autoridades de segurança pública, que concentram o policiamento somente nas localidades ocupadas, deixando as áreas pouco mais afastadas do centro ao deus-dará e à mercê da bandidagem e da violência, embaladas ao ritma das drogas e do desgoverno. Causam indignação às pessoas de bem as asneiras ditas por quem demonstra incapacidade de agir segundo os ditames constitucionais e legais de propiciar proteção e segurança à sociedade, que paga pesados tributos também para essa finalidade. O povo carioca não pode reclamar da incompetência governamental, mas tem o direito de lamentar a bestialidade de ter optado por dirigente tão alheio à realidade dos fatos, que os encara com a fraqueza humana de atribuir a sua incompetência a outrem e de culpá-lo sem provas, quando deveria assumi-la por força do gerenciamento e da responsabilidade inerentes à relevante incumbência de comandar um dos mais importantes Estados do país. A culpa pelo vandalismo no Rio deve ser imputada em maior parte à incompetência da segurança pública, que é incapaz de cercar meia dúzia de vadios e desordeiros e dar-lhes os devidos ensinamentos de cidadania, na forma da lei. Nunca se viu na face da terra policiamento tão sem comando e sem orientação, que chega a admitir ter sido urinado pelos baderneiros, conforme declaração do comandante da Polícia, ao reclamar à imprensa que os manifestantes estavam deitando e rolando e o policiamento não podia fazer nada, porque tinha feito acordo com organismos de direito humano, OAB etc. para não usar armas não letais e gás lacrimogênio. O comandante sabe perfeitamente que ninguém está obrigado a cumprir trato absurdo, principalmente quando se encontram no palco da batalha questões de ordem social, que deve ter primazia sobre quaisquer outros interesses. Urge que os governantes se conscientizem sobre a necessidade não somente de assumir suas incumbências e responsabilidades constitucionais, mas de cumpri-las fielmente, em estrito respeito à dignidade do povo que os elegeu. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 19 de julho de 2013

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