sexta-feira, 12 de julho de 2013

Urge a reforma dos políticos

A Câmara dos Deputados decidiu sepultar as pretensões da presidente da República sobre a realização de plebiscito, visando à reforma política tão necessária à modernização do sistema político-eleitoral, que seria implantado na eleição de 2014. Em contrapartida, a Câmara decidiu criar grupo de trabalho para elaborar projeto de reforma, cuja proposta poderá ser submetida a referendo. Enfim, o órgão legislativo teve o bom senso de sopesar o altíssimo custo que seria realizado e o risco de o resultado do plebiscito não ser aproveitado na próxima eleição, tornando infrutíferos os esforços, que certamente terão melhor proveito na apreciação de matérias urgentes e imprescindíveis ao interesse público. Houve quem dissesse que o plebiscito, pela exiguidade de tempo, poderia criar frustração na população, ante a possibilidade de não valer para a eleição do ano que vem. Além da convocação não corresponder às expectativas do povo, para decidir sobre fatos que não foram objeto dos últimos protestos, sendo tema inventado pelo governo sabe lá por qual finalidade. A sociedade não foi para as ruas pedir plebiscito e muito menos reforma política, em que pese o anacronismo sistema vigente servir de respaldo às falcatruas dos maus políticos, que aproveitam suas fragilidades para tirar proveito e se beneficiarem politicamente com base nas suas deficiências. Quando o tema em discussão na Câmara ou no Senado envolver reforma política, com a finalidade de corrigir as seríssimas falhas do sistema político-eleitoral mais ultrapassado da face da terra, ninguém acredita que os parlamentares se dignem a mexer nos seus privilégios nem no status quo, porque eles não abrem mão das vantagens, mordomias e dos benefícios, conquistados em abundância e amparados nas normas aprovadas pelos próprios interessados, que a sociedade questiona, mas sem nenhuma valia diante da insensibilidade de quem se julga acima da lei e dos protestos do povo, responsável pela eleição deles e pela manutenção dos seus vencimentos. O certo é que felizmente o pseudoplebiscito da presidente da República felizmente não ganhou fôlego no Congresso, justamente por conter nele temas contrários aos interesses dos parlamentares, que não aceitam perder as cômodas regalias e condições angariadas ao longo da vida pública, construída com tanto “sacrifício” e não seria reforma de surpresa que deveria interromper o tranquilo modelo apropriado aos seus projetos políticos. Os parlamentares sequer admitem discutir alteração no sistema de financiamento de campanha, garantido por empresas e construtoras contratadas por governos, a preços normalmente superfaturados; eliminação na reeleição para cargos executivos, acabando a certeza da permanência no poder; o fim das coligações partidárias, em que as grandes agremiações sempre levam vantagem; o término do coeficiente eleitoral, que possibilita a eleição de outros candidatos por “puxador” de votos; o estabelecimento de cinco anos para todos os cargos, que pode contrariar pretensões de senadores; a implantação do voto majoritário, contrariando interesses dos medíocres;  entre outras essenciais regras eleitorais e políticas indispensáveis ao aperfeiçoamento do sistema político-eleitoral. Os atuais parlamentares não estão preparados para alterações tão profundas e jamais aceitariam que suas cômodas atividades políticas sofressem bruscas modificações, com o risco de serem politicamente prejudicados. Pode-se concluir que a “avançada” mentalidade dos políticos não permite que haja reforma tão cedo nesse vergonhoso e ineficiente sistema político-eleitoral, certamente por representar retrocesso na consolidação dos seus interesses pessoais. Considerando que a reforma política é de suma importância para o aprimoramento da democracia, a sociedade anseia por que os congressistas sejam capazes de abdicar das suas cômodas “ideologias” políticas em nome do interesse nacional e se conscientizem sobre a urgente aprovação de regras capazes de tornar eficiente o sistema político-eleitoral, com a implantação de métodos de vanguarda tão almejados pelos brasileiros. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 11 de julho de 2013

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