Será por que o
plebiscito é tão importante ao interesse público e ao país, no momento em que a
sociedade se rebela contra o generalizado desgoverno e a cristalina incompetência
dos setores da administração pública? Por qual motivo somente a reforma
política foi privilegiada para ser parcialmente discutida com a sociedade, por
meio de consulta sobre o que já deveria ter sido feito há bastante tempo, mas
não o foi por incontestável negligência dos políticos eleitos para administrar
o país? Ou será se resolvendo, à moda dos políticos, o caos do sistema
político-eleitoral os demais problemas que travam o progresso da nação são automaticamente
solucionados a reboque da tão sonhada reforma para atender o interesse apenas
das classes dominantes? Não há a menor dúvida de que outros procedimentos
semelhantes de reformulação precisam ser promovidos, para aperfeiçoamento e modernização
das questões estruturais de suma importância para a melhoria das condições de
vida do povo brasileiro. O governo precisa justificar à nação a sua evidente
omissão e o indiscutível desprezo para com essas prementes reformas, em virtude
de a sua falta de efetividade contribuir para causar verdadeiro retrocesso ao crescimento
do país. As reformas estruturais podem ser implementadas com o menor esforço se
houver interesse dos políticos e do Estado, porquanto o equacionamento das
graves questões nacionais depende apenas do empenho em solucioná-las. É extremamente
estranho que, no torvelinho dos gigantescos protestos, em que as manifestações
estão causando o maior rebuliço e desorganização, em especial, no governo da
presidente da República, não haver a menor iniciativa de ninguém para levantar
a bandeira reivindicando a promoção das reformas essenciais ao desenvolvimento
do país. Não adiante realizar reforma meia sola apenas na política se não forem
reformulados os demais setores estruturais da nação, a exemplo da administração
pública, totalmente depauperada com o inchaço da máquina pública e emperrada
com a arcaica burocratização; da tributária, que massacra a sociedade com carga
equivalente a quase 40% do Produto Interno Bruto, além de contribuir como
verdadeiro gargalo à expansão da competitividade da produção nacional; da
previdenciária, por ser um sistema ultrapassado que acumula déficits
significativos e sucessivos nas contas públicas; da trabalhista, que carece de
modernização do sistema de empregos; da educacional, que demonstra má qualidade
do ensino público; da saúde, diante do falecimento do SUS, que não consegue
controle eficiente sobre o sistema de atendimento médico-hospitalar, permitindo
que a população adoeça cada vez mais nos corredores dos hospitais, por
deficiência generalizada dos órgãos incumbidos do seu gerenciamento; dos
transportes, à vista da decadência dos sistemas rodoviários, portuários,
aeroportuários, que estão defasados em relação ao gigantismo do Brasil, que não
consegue se desenvolver em razão do desprezo e da falta de investimentos na infraestrutura,
que contribuem para a estagnação do crescimento do país; da segurança pública,
por funcionar completamente sucateada e despreparada com relação ao súbito
crescimento da criminalidade, além da miserabilidade da remuneração dos
policiais militares, que arriscam a vida para proteger a sociedade; do sistema
habitacional, que funciona precariamente, permitindo que a população não tenha
moradia; e de tantas outras reformas em setores essenciais à melhoria das
condições de vida dos brasileiros e ao pleno funcionamento do parque
industrial, que contribui para a manutenção e aumento do emprego e da mão de
obra, como forma de fomentar o crescimento da nação. Urge que o governo federal
e as autoridades públicas se conscientizem sobre a necessidade da realização de
reformas estruturais do país, com abrangência e profundidade, como forma de,
modernizando e aprimorando os mecanismos do Estado, seja possível caminhar na
busca do tão almejado desenvolvimento da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de julho de 2013
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