terça-feira, 19 de novembro de 2013

A administração da ineficiência e ineficácia

Segundo notícia veiculada pela imprensa, o governo pretende negociar com o Congresso Nacional, “pacto pela responsabilidade fiscal”, tendo por objetivo assegurar compromisso dos parlamentares de não aprovação de proposta que resulte aumento de despesas públicas sem previsão orçamentária. A ministra de Relações Institucionais disse que, “Com isso, vamos ter um final de ano e primeiro semestre (de 2014) de tranquilidade legislativa. Ao firmar esse pacto pela responsabilidade fiscal, para enfrentar a crise financeira internacional, vamos garantir uma maior estabilidade”. É mais do que notória a enorme dificuldade que o governo tem para controlar seus gastos, que são liberados sem o devido critério, em termos de priorização e de economicidade. Basta ligeira vista na mais famosa Esplanada do país, para se vislumbrar a máquina pública mais inchada do mundo, com a mesma proporcionalidade da ineficiência e inutilidade do seu tamanho, mas que poderia muito contribuir para desafogar o tremendo sufoco pelo qual estão passando as contas públicas caso os ministérios não tivessem compromissados, mediante seu loteamento entre os partidos da base de apoio ao governo, com o famigerado projeto político da presidente da República, visando à sua reeleição e, consequentemente, à perenidade no poder. À toda evidência, o governo demonstra completa dificuldade para conter seus gastos, por não ter condições de mexer na estrutura da máquina pública, porquanto as receitas orçamentárias já estão comprometidas com a sustentação da coalizão de governo, formada basicamente por força das inescrupulosas medidas fisiológicas, condenáveis por todas as formas pela sociedade, que as recrimina com veemência, por elas não se harmonizarem com os salutares princípios democráticos e constitucionais, em especial no que diz respeito aos preceitos éticos, morais, legais e do decoro, que devem permear a gestão dos recursos públicos. Enquanto o governo corre em direção ao Congresso, à procura de socorro para frear a aprovação de projetos que aumentem as despesas públicas, engrossa a fila dos políticos da base de apoio dele rumo ao Palácio do Planalto, com a finalidade de assegurar ocupação dos cargos de primeiro escalão, em troca de apoio para a reeleição da presidente da República, em harmonia com o já tradicional e vergonhoso esquema tupiniquim do “toma lá, dá cá”. O certo é que, na atual sistemática de indecente loteamento e distribuição de órgãos públicos, em troca de apoio aos projetos políticos, não tem sequer como o governo pensar na possiblidade de redução de ministérios, porquanto os partidos da indecorosa coaliza já se articulam impondo condições para barganhar maior fatia nas benesses governamentais, em escrachada e indecorosa desmoralização dos princípios republicanos, notadamente no que se refere à dignidade que se impõe no trato da coisa pública. Ao invés de o governo tentar conter gastos públicos com o auxílio do Congresso Nacional, ele teria a obrigação de tomar a iniciativa de cortar as despesas consideradas inúteis e dispensáveis, principalmente com a racionalização da administração pública, enxugando, pelo menos, a metade dos ministérios e das empresas estatais, que pouco ou nada contribuem para a satisfação do interesse público. O povo precisa se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de exigir que o governo federal seja sensibilizado quanto à necessidade de o país ser administrado com as desejáveis eficiência e eficácia, observados os princípios fundamentais da administração pública, notadamente no que tange à legalidade, economicidade e transparência, de modo a possibilitar verdadeira contenção de gastos públicos, independentemente de pedido de socorro ao Congresso Nacional, que não faz o menor esforço para limitar seus absurdos dispêndios. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 18 de novembro de 2013

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