As perdas das ações
da Petrobras estão refletindo nas seguidas quedas do Ibovespa, que é o principal
índice da Bolsa de Valores do país, certamente em razão do impasse estabelecido
sobre a indefinição quanto ao reajuste do preço da gasolina, que depende das
negociações em estado permanente de banho-maria no âmbito do governo, que não
consegue chegar a denominar comum, ficando o mercado à mercê da falta de
definição sobre a matéria. Hoje, as ações da empresa subiam um pouco, na
expectativa de que o ministro da Fazenda poderia, enfim, definir, ainda nesta data, com a presidente da República a eterna
pendência em torno da pretensão da petroleira de criar nova e definitiva política
de reajuste dos preços da gasolina e do diesel. O pior para a empresa e os
investidores é que o governo tende a conceder aumento dos preços neste ano, mas
deixando para 2014 a decisão sobre a fórmula quanto à possível previsibilidade acerca
da geração de caixa da estatal. É evidente que a gravidade da situação
patrimonial da Petrobras interfere diretamente na política econômica do país,
devido aos prejuízos causados ao Tesouro Nacional e aos acionistas
minoritários, fato que justifica a intervenção no caso do Ministério Público,
para apurar e investigar com profundidade os motivos pelos quais o governo
resiste, de forma inexplicável, a priorizar as questões pertinentes às
políticas de reajustes dos preços dos combustíveis. Diante do notório descaso evidenciado
pela falta de definição por parte das autoridades públicas, responsáveis pelo
gerenciamento da empresa, há indícios de que os administradores da Petrobras incorrem
no crime de responsabilidade, ante os danos causados à empresa, à sociedade e
aos investidores das suas ações, à vista da notória descapitalização e
impossibilidade de novos investimentos, a exemplo dos tempos áureos, em que a
petrolífera investia freneticamente na exploração de petróleo e na construção
de estaleiros, motivando tanto o crescimento do seu patrimônio como o progresso
do país. Esse imbróglio envolvendo o aumento dos preços dos combustíveis e a
implantação de fórmula capaz de capitalizar a empresa constitui verdadeiro caso
de polícia, tendo em vista que a irresponsabilidade no trato dessa questão vem
causando sérios prejuízos à empresa e aos acionistas, com as constantes
desvalorizações das ações, inclusive com reflexos nas seguidas quedas no Ibovespa,
fato que termina refletindo no mercado internacional - com a desvalorização do
patrimônio da estatal -, ante as péssimas repercussões sobre as incertezas e
incompetências das autoridades econômicas do país para adotar as providências
necessárias à equiparação dos preços dos combustíveis à realidade do mercado
petrolífero. O mais lamentável é que a falta de atitude do governo prende-se ao
fato de que o reajuste dos combustíveis pode ter reflexo direito na medição da
famigerada inflação e, por via de consequência, poder respingar no prestígio da
mandatária do país, que não pode ter sua reeleição nem de longe ameaçada, em
virtude do desempenho da economia. Em última análise, a quebra da mais
importante empresa petrolífera brasileira tem como possível culpada a
presidente da República, que administra o país pensando, em primeiro plano e
unicamente, na condução dos empreendimentos nacionais que possam prejudicar ou
não os projetos políticos inerentes à sua reeleição, mesmo que de forma remota.
Enquanto não se chega à solução que já deveria ter sido encontrada há bastante
tempo, como forma de parar a sangria nos valores das ações da empresa, a crise
perdura por tempo indefinido, aumentando cada vez mais as incertezas e as
fragilidades envolvendo o patrimônio da Petrobras, que se dissolve como gelo,
ante a patética demonstração de incompetência no gerenciamento dos preços dos
combustíveis, que são fatos reais ínsitos da economia do país e jamais poderiam
causar tanta incerteza e tamanha complexidade para se chegar ao entendimento
sobre a fórmula de reajustá-los. Urge que o governo se conscientize e se
sensibilize sobre os elevados interesses nacionais e promova a implantação das
medidas que levem à recomposição dos ativos da Petrobras, de modo que essa
empresa reconquiste a sua pujança econômica e possa contribuir para o
desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR
FERNANDES
Brasília, em 28 de
novembro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário