quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A agonia da Petrobras


As perdas das ações da Petrobras estão refletindo nas seguidas quedas do Ibovespa, que é o principal índice da Bolsa de Valores do país, certamente em razão do impasse estabelecido sobre a indefinição quanto ao reajuste do preço da gasolina, que depende das negociações em estado permanente de banho-maria no âmbito do governo, que não consegue chegar a denominar comum, ficando o mercado à mercê da falta de definição sobre a matéria. Hoje, as ações da empresa subiam um pouco, na expectativa de que o ministro da Fazenda poderia, enfim, definir, ainda nesta data, com a presidente da República a eterna pendência em torno da pretensão da petroleira de criar nova e definitiva política de reajuste dos preços da gasolina e do diesel. O pior para a empresa e os investidores é que o governo tende a conceder aumento dos preços neste ano, mas deixando para 2014 a decisão sobre a fórmula quanto à possível previsibilidade acerca da geração de caixa da estatal. É evidente que a gravidade da situação patrimonial da Petrobras interfere diretamente na política econômica do país, devido aos prejuízos causados ao Tesouro Nacional e aos acionistas minoritários, fato que justifica a intervenção no caso do Ministério Público, para apurar e investigar com profundidade os motivos pelos quais o governo resiste, de forma inexplicável, a priorizar as questões pertinentes às políticas de reajustes dos preços dos combustíveis. Diante do notório descaso evidenciado pela falta de definição por parte das autoridades públicas, responsáveis pelo gerenciamento da empresa, há indícios de que os administradores da Petrobras incorrem no crime de responsabilidade, ante os danos causados à empresa, à sociedade e aos investidores das suas ações, à vista da notória descapitalização e impossibilidade de novos investimentos, a exemplo dos tempos áureos, em que a petrolífera investia freneticamente na exploração de petróleo e na construção de estaleiros, motivando tanto o crescimento do seu patrimônio como o progresso do país. Esse imbróglio envolvendo o aumento dos preços dos combustíveis e a implantação de fórmula capaz de capitalizar a empresa constitui verdadeiro caso de polícia, tendo em vista que a irresponsabilidade no trato dessa questão vem causando sérios prejuízos à empresa e aos acionistas, com as constantes desvalorizações das ações, inclusive com reflexos nas seguidas quedas no Ibovespa, fato que termina refletindo no mercado internacional - com a desvalorização do patrimônio da estatal -, ante as péssimas repercussões sobre as incertezas e incompetências das autoridades econômicas do país para adotar as providências necessárias à equiparação dos preços dos combustíveis à realidade do mercado petrolífero. O mais lamentável é que a falta de atitude do governo prende-se ao fato de que o reajuste dos combustíveis pode ter reflexo direito na medição da famigerada inflação e, por via de consequência, poder respingar no prestígio da mandatária do país, que não pode ter sua reeleição nem de longe ameaçada, em virtude do desempenho da economia. Em última análise, a quebra da mais importante empresa petrolífera brasileira tem como possível culpada a presidente da República, que administra o país pensando, em primeiro plano e unicamente, na condução dos empreendimentos nacionais que possam prejudicar ou não os projetos políticos inerentes à sua reeleição, mesmo que de forma remota. Enquanto não se chega à solução que já deveria ter sido encontrada há bastante tempo, como forma de parar a sangria nos valores das ações da empresa, a crise perdura por tempo indefinido, aumentando cada vez mais as incertezas e as fragilidades envolvendo o patrimônio da Petrobras, que se dissolve como gelo, ante a patética demonstração de incompetência no gerenciamento dos preços dos combustíveis, que são fatos reais ínsitos da economia do país e jamais poderiam causar tanta incerteza e tamanha complexidade para se chegar ao entendimento sobre a fórmula de reajustá-los. Urge que o governo se conscientize e se sensibilize sobre os elevados interesses nacionais e promova a implantação das medidas que levem à recomposição dos ativos da Petrobras, de modo que essa empresa reconquiste a sua pujança econômica e possa contribuir para o desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
Brasília, em 28 de novembro de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário