Enquanto a sociedade
demonstrou, por meio dos retumbantes movimentos de protestos nas ruas, completa
insatisfação com o caos que impera na administração do país, a presidente da
República continua com o seu discurso de prepotência, passando por despercebida
e dando a entender apenas que a terrível crise gerencial do país passa ao longe
do seu governo. Pelo menos é essa a ideia que ela procura passar para a
sociedade, ao declarar seu sentimento sobre os fatos. Ela disse, ipsis
litteris: "Os que foram às ruas
deram mensagem direta ao conjunto da sociedade, sobretudo aos governantes de
todas as instâncias. Essa mensagem é por mais cidadania, melhores escolas,
melhores hospitais, direito a participação. Essa mensagem direta das ruas
mostra a exigência de transporte público de qualidade e a preço justo, essa
mensagem direta das ruas é pelo direito de influir nas decisões de todos os
governos, do Legislativo e do Judiciário, é de repudio à corrupção e de uso
indevido do dinheiro público”. Na verdade, com base nas evidências dos
fatos do dia a dia, a administração pública do país tropeça em dificuldades
ante o enorme descompasso entre a realidade das mazelas da nação e as
realizações do governo, que não consegue mostrar o mínimo de competência para
gerenciar as politicas públicas de forma satisfatória. A inépcia tem sido a
marca indelével de descaso às prioridades das políticas públicas, que se
consolida com a falta de realizações, à míngua de investimentos e de
significativos atrasos das obras já iniciadas, a exemplo da transposição do Rio
São Francisco, que não conseguem deslanchar, sob a alegação oficial da
pendência de procedimentos licitatórios, fato esse a confirmar a exata
incapacidade do governo até mesmo de realizar licitação, medida mais do que
comum e rotineira no serviço público, que jamais poderia ser objeto de
significativos atrasos de obras de expressiva importância para o país, quanto
ao seu benefício para a sociedade, como essa, em especial para a população nordestina,
castigada ao extremo pelas estiagens causadas pelas secas, que deixam perversos
rastros de sofrimento pela falta de tudo, principalmente de água e de alimentos
para as pessoas e os animais. O povo esperava piamente que o Brasil, enfim,
iria se acordar mais forte e consciente sobre a real necessidade de haver, pelo
menos, governabilidade de verdade, depois dos solavancos das manifestações de
protestos, que, como nunca, exigiram melhorias do gerenciamento da
administração pública, com o descortinar das priorizações das políticas públicas,
com destaque para a mudança da gestão dos recursos públicos, mais
especificamente na adoção de medidas drásticas com a contenção de despesas supérfluas,
a começar pela reformulação dos serviços públicos, em particular quanto à necessidade
da redução da monstruosa quantidade de ministérios, completamente dispensáveis
e inúteis, que nada fazem em benefício do interesse público, em contraposição
aos elevadíssimos custos da sua manutenção por parte dos contribuintes. Na
verdade, não houve o despertar de coisa nenhuma por parte do governo e das
autoridades públicas, que permanecem inertes e patinando no marasmo da
inapetência de sempre, com a única preocupação antenada para os projetos da
continuidade do governo e do poder, como se a sociedade tivesse tido pequeno
surto de conscientização sobre a falta de governabilidade da nação e, logo
depois, conseguisse retornar ao estado anterior de debilidade, que aceita com
naturalidade o retrocesso e o subdesenvolvimento dominantes. As manifestações
acenaram, com a maior clareza possível, sobre a urgente necessidade de os
governos, das esferas federal, estadual e municipal, promoverem abrangentes
depurações, cortes e reduções dos ilimitados gastos com viagens, solenidades,
propagandas, publicidades e tantos eventos dispensáveis e contrários aos
interesses da sociedade, com vistas ao efetivo enxugamento dos dispêndios dos
executivos esbanjadores e gastadores, aproveitando para a eliminação da
enormidade de cargos em comissão inúteis e injustificáveis e a relocação dos
recursos pertinentes para a implementação de obras de desenvolvimento,
principalmente de infraestrutura em beneficio da população, que vem sendo
privada das melhorias justamente por falta de recursos públicos, que são pulverizados
em inutilidades não condizentes com a satisfação do interesse público. Urge que
os governantes se conscientizem sobre a necessidade de imprimir competência, eficiência, prioridade e racionalidade à gestão das políticas públicas, objetivando propiciar real contenção e eficácia
às despesas públicas, como forma de melhorar o atendimento das carências da
sociedade, que não suporta continuar com enormes e supérfluos gastos na
administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de novembro de 2013
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