sábado, 16 de novembro de 2013

Por mais governabilidade

Enquanto a sociedade demonstrou, por meio dos retumbantes movimentos de protestos nas ruas, completa insatisfação com o caos que impera na administração do país, a presidente da República continua com o seu discurso de prepotência, passando por despercebida e dando a entender apenas que a terrível crise gerencial do país passa ao longe do seu governo. Pelo menos é essa a ideia que ela procura passar para a sociedade, ao declarar seu sentimento sobre os fatos. Ela disse, ipsis litteris: "Os que foram às ruas deram mensagem direta ao conjunto da sociedade, sobretudo aos governantes de todas as instâncias. Essa mensagem é por mais cidadania, melhores escolas, melhores hospitais, direito a participação. Essa mensagem direta das ruas mostra a exigência de transporte público de qualidade e a preço justo, essa mensagem direta das ruas é pelo direito de influir nas decisões de todos os governos, do Legislativo e do Judiciário, é de repudio à corrupção e de uso indevido do dinheiro público”. Na verdade, com base nas evidências dos fatos do dia a dia, a administração pública do país tropeça em dificuldades ante o enorme descompasso entre a realidade das mazelas da nação e as realizações do governo, que não consegue mostrar o mínimo de competência para gerenciar as politicas públicas de forma satisfatória. A inépcia tem sido a marca indelével de descaso às prioridades das políticas públicas, que se consolida com a falta de realizações, à míngua de investimentos e de significativos atrasos das obras já iniciadas, a exemplo da transposição do Rio São Francisco, que não conseguem deslanchar, sob a alegação oficial da pendência de procedimentos licitatórios, fato esse a confirmar a exata incapacidade do governo até mesmo de realizar licitação, medida mais do que comum e rotineira no serviço público, que jamais poderia ser objeto de significativos atrasos de obras de expressiva importância para o país, quanto ao seu benefício para a sociedade, como essa, em especial para a população nordestina, castigada ao extremo pelas estiagens causadas pelas secas, que deixam perversos rastros de sofrimento pela falta de tudo, principalmente de água e de alimentos para as pessoas e os animais. O povo esperava piamente que o Brasil, enfim, iria se acordar mais forte e consciente sobre a real necessidade de haver, pelo menos, governabilidade de verdade, depois dos solavancos das manifestações de protestos, que, como nunca, exigiram melhorias do gerenciamento da administração pública, com o descortinar das priorizações das políticas públicas, com destaque para a mudança da gestão dos recursos públicos, mais especificamente na adoção de medidas drásticas com a contenção de despesas supérfluas, a começar pela reformulação dos serviços públicos, em particular quanto à necessidade da redução da monstruosa quantidade de ministérios, completamente dispensáveis e inúteis, que nada fazem em benefício do interesse público, em contraposição aos elevadíssimos custos da sua manutenção por parte dos contribuintes. Na verdade, não houve o despertar de coisa nenhuma por parte do governo e das autoridades públicas, que permanecem inertes e patinando no marasmo da inapetência de sempre, com a única preocupação antenada para os projetos da continuidade do governo e do poder, como se a sociedade tivesse tido pequeno surto de conscientização sobre a falta de governabilidade da nação e, logo depois, conseguisse retornar ao estado anterior de debilidade, que aceita com naturalidade o retrocesso e o subdesenvolvimento dominantes. As manifestações acenaram, com a maior clareza possível, sobre a urgente necessidade de os governos, das esferas federal, estadual e municipal, promoverem abrangentes depurações, cortes e reduções dos ilimitados gastos com viagens, solenidades, propagandas, publicidades e tantos eventos dispensáveis e contrários aos interesses da sociedade, com vistas ao efetivo enxugamento dos dispêndios dos executivos esbanjadores e gastadores, aproveitando para a eliminação da enormidade de cargos em comissão inúteis e injustificáveis e a relocação dos recursos pertinentes para a implementação de obras de desenvolvimento, principalmente de infraestrutura em beneficio da população, que vem sendo privada das melhorias justamente por falta de recursos públicos, que são pulverizados em inutilidades não condizentes com a satisfação do interesse público. Urge que os governantes se conscientizem sobre a necessidade de imprimir competência, eficiência, prioridade e racionalidade à gestão das políticas públicas, objetivando propiciar real contenção e eficácia às despesas públicas, como forma de melhorar o atendimento das carências da sociedade, que não suporta continuar com enormes e supérfluos gastos na administração pública. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 15 de novembro de 2013

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